A guerra na Ucrânia já mudou por causa dos EUA. Situação “extremamente complexa”

Sergey Dolzhenko / EPA

O secretário-geral da NATO Jens Stoltenberg e o presidente da Ucrânia Volodymyr Zelenskyy

Avisos diferentes de Jens Stoltenberg e de Oleksandr Syrsky, mas que apontam no mesmo sentido: os ucranianos estão apertados.

O secretário-geral da NATO advertiu que o bloqueio do Congresso dos Estados Unidos ao próximo pacote de apoio à Ucrânia tem consequências para o progresso do país em conflito com a Rússia.

Já conseguimos ver as consequências da incapacidade de os Estados Unidos decidirem“, disse Jens Stoltenberg, à entrada para uma reunião ministerial no quartel-general da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), em Bruxelas.

Nesta semana os EUA o Senado dos EUA aprovou um pacote de ajuda de 60 mil milhões à Ucrânia – mas a proposta deve ser rejeitada na Câmara dos Representantes, que tem uma maioria republicana.

O antigo primeiro-ministro norueguês defendeu que os Estados Unidos têm de acompanhar a União Europeia, que no dia 1 de fevereiro chegou a acordo sobre um pacote de apoio para a Ucrânia no valor de 50.000 milhões de euros.

Não é caridade, apoiar a Ucrânia é um investimento na nossa própria segurança“, completou Stoltenberg, acrescentando que o investimento feito ao nível da UE “não substitui a NATO, reforça-a”.

O secretário-geral da Aliança Atlântica insistiu que durante a reunião com os ministros da Defesa vai insistir na necessidade de todos os países da NATO concretizarem a promessa de investir pelo menos 2% do produto interno bruto (PIB) nas capacidades militares.

Na quarta-feira, Jens Stoltenberg anunciou que este ano 18 dos 31 países da Aliança Atlântica deverão concretizar o objetivo de investimento (um número mais alto do que os 11 Estados-membros em 2023 que tinham investido pelo menos 2% do PIB em Defesa).

Situação “extremamente complexa”

O novo comandante das Forças Armadas ucranianas, Oleksandr Syrsky, considerou hoje a situação no campo de batalha “extremamente complexa”, admitindo que Kiev tem falta de homens e armas, enquanto um novo pacote de ajuda norte-americana está bloqueado no Congresso.

Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do Presidente norte-americano, Joe Biden, confirmou “ouvir com cada vez mais frequência que o Exército ucraniano está a racionar munições ou mesmo a ficar sem elas na linha da frente”, pelo que apelou ao Congresso para pôr fim à “inação dos Estados Unidos”.

Apesar de tudo, Kiev continua a infligir danos à frota russa no mar Negro, tendo reivindicado a responsabilidade pela destruição de mais um navio.

A NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) saudou as “pesadas perdas” infligidas à Rússia no mar, classificando-as como “um grande êxito” das forças ucranianas.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, congratulou-se com o ataque, afirmando: “Reforçou a segurança no mar Negro e a motivação do nosso povo”.

Contudo, no terreno, a tarefa de recuperar os quase 20% de território ucraniano ocupados por Moscovo continua a ser gigantesca.

“Os ocupantes russos continuam a aumentar os seus esforços e ultrapassam em número” as forças ucranianas, declarou o general Syrsky na plataforma digital Telegram, numa altura em que a Ucrânia se esforça por conseguir preencher as fileiras do seu Exército.

“Estamos a fazer tudo o que é possível para impedir que o inimigo avance no nosso território e para manter as nossas posições”, sublinhou o novo comandante-supremo, reconhecendo que as suas forças estão com dificuldade em conter os múltiplos ataques russos no leste do país.

Syrsky, que durante muito tempo comandou as operações militares de Kiev no leste, foi na semana passada promovido a chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, depois de Zelensky ter apelado para “mudanças”, na sequência do fracasso da contraofensiva ucraniana do verão de 2023.

Na sua primeira visita à frente de batalha enquanto comandante-supremo, o general deslocou-se com o ministro da Defesa, Rustem Umerov, às zonas de Avdiivka e de Kupiansk, dois dos pontos mais críticos da frente oriental.

// Lusa

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