Guerra na Ucrânia pode durar 50 anos

Aviso surge no ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia – mas a “previsão” vem da Ucrânia.

A guerra na Ucrânia começou no dia 24 de Fevereiro de 2022 e, nos planos de Vladimir Putin, estava a alínea que previa um conflito que iria durar apenas alguns dias, ou algumas semanas.

Porque “estávamos todos distraídos”, a guerra afinal prolongou-se. Semanas, meses. Agora já completou um ano.

As previsões para o fim da guerra continuam a surgir. Da NATO e dos EUA já chegaram avisos de que vai demorar anos. Na Ucrânia prevê-se que vai terminar no final da próxima Primavera.

Mas agora surge um aviso oficial, por parte do ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia: a guerra – ou a “operação militar especial” – pode terminar só daqui a 50 anos.

Em comunicado, o ministério liderado por Sergey Lavrov começa por “condenar veemente” o alegado “ataque terrorista” por parte de soldados ucranianos na região de Bryansk, na Rússia. E acrescentam que morreram dois civis.

Depois, repetem a ligação Ucrânia-EUA-NATO: “Os assassinatos na região de Bryansk foram cometidos com armas da NATO. Isso levanta uma questão legítima sobre classificar esses Estados como cúmplices de tais crimes e como patrocinadores do terrorismo”.

Depois, a Crimeia. No domingo passado assinalaram-se 9 anos desde o início da “Primavera da Crimeia”, utilizando a designação russa.

O ministério da Rússia escreve que o Governo ucraniano continua a “planear uma tomada militar da Crimeia”, que quer manter-se ligada à Rússia, e “não está preocupado com a vida dos civis russos”, continua o comunicado.

Os EUA voltam a ser referidos quando se escreve sobre a sub-secretária de Estado, Victoria Nuland, que avisou que as instalações militares na Crimeia russa são “alvos legítimos” para a Ucrânia. “Parece que Washington está a tentar ganhar votos nas próximas eleições através desta campanha na Crimeia”.

Alegadamente, as autoridades de Kiev só deixam duas opções aos cidadãos russos e bielorrussos que moram na Ucrânia: ou lutam ao lado das Forças Armadas da Ucrânia, ou são deportados.

O Governo liderado por Volodymyr Zelenskyy anunciou novas sanções a cidadãos e empresas russas, no domingo passado.

O ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia reagiu: “Parece que Kiev está a competir com os Estados Unidos e com outros países ocidentais para ver quem vai sancionar mais cidadãos russos”.

E as previsões em tom de aviso. O Kremlin refere que “curiosamente” o Governo da Ucrânia está a introduzir “medidas restritivas por um período de 50 anos cada vez com mais frequência – isso provavelmente reflecte as suas avaliações de quanto tempo o conflito vai durar”.

O primeiro-ministro da Ucrânia, Denis Shmygal, tinha dito que Ucrânia e Rússia não voltarão a ter boas relações nos próximos 100 anos.

O ministério russo insiste que os EUA e a NATO estão a transformar a Ucrânia “no seu laboratório pessoal e num campo de testes”, ao fornecer armas de alta tecnologia ao país vizinho.

“Eles são indiferentes ao facto de que esta política vai custar milhares de vidas inocentes”, lê-se no comunicado, que encerra com novo aviso: “É claro que a operação militar especial continuará até alcançar a completa desnazificação e desmilitarização da Ucrânia e eliminar todas as ameaças à segurança provenientes do seu território”.