A organização terrorista luso-espanhola DRIL foi responsável, em 1960, pelo assassínio de uma criança de 20 meses em San Sebastián, no País Basco, inicialmente atribuído à ETA, segundo um documento inédito revelado esta quarta-feira pelo El País.
“É o fim da polémica”. Segundo o El-País, foi a organização terrorista portuguesa “Diretório Revolucionário Ibérico de Libertação” que há 60 anos matou a menina Begoña Urroz, num ataque terrorista então atribuído à organização separatista basca ETA.
De acordo com o diário espanhol, o DRIL, apoiado pelo ditador cubano Fidel Castro, atuou entre 1959 e 1964 com o objetivo de derrubar as ditaduras de António Salazar, em Portugal, e Francisco Franco, em Espanha.
A organização revolucionária era liderada pelos portugueses Humberto Delgado, o “General sem medo” que deu corpo à principal tentativa de derrube de Salazar, derrotado nas eleições de 1958, e Henrique Galvão, famoso por ter desviado o paquete português Santa Maria, cheio de passageiros, em 1961.
Segundo a investigação do El País, a três dias de se cumprirem 60 anos do crime, um “documento policial inédito” confirma que o “grupo terrorista português” foi o autor do assassínio ocorrido em 27 de junho de 1960, inicialmente atribuído à ETA, organização terrorista que lutou pela independência do País Basco, que só iniciou atividade em 1961.
O documento da polícia esclarece que, quando o ataque foi cometido, as suspeitas sobre a sua autoria caíram logo sobre o DRIL, que em 18 de fevereiro de 1960, poucos meses antes, tinha feito explodir quatro bombas em diferentes locais de Madrid.
“A polícia não atribuiu a operação à ETA, que não existia até à sua tentativa fracassada de fazer descarrilar um comboio com ex-combatentes, em julho de 1961″, escreve o jornalista do jornal espanhol.
Uma outra investigação do Memorial das Vítimas do Terrorismo já tinha concluído que foi Guillermo Santoro, militante do DRIL, quem colocou a bomba na estação de comboios de Amara, em San Sebastián, cuja detonação assassinou Begona Urroz, de 20 meses, em 27 de junho de 1960.
O autor ou os autores desta operação nunca foram presos ou julgados e acabaram por beneficiar de uma amnistia em 1977. O El País conclui que o documento do Memorial das Vítimas do Terrorismo, agora ratificado pela polícia, “encerra a controvérsia” sobre a autoria da morte.
A data do assassinato de 27 de junho, tem força simbólica em Espanha, pois foi escolhida pelo parlamento do país, em 2010, como o Dia das Vítimas do Terrorismo.
Na altura, a assembleia votou esta proposta por unanimidade, tendo Begona Urroz sido considerada como a “primeira vítima da ETA“, facto que, segundo os dados agora revelados, deve afinal ser atribuído ao DRIL.
ZAP // Lusa
-Título: “Afinal foi grupo terrorista português…”
-Subtítulo: “A organização terrorista luso-espanhola DRIL foi responsável…”
Afinal o grupo era português ou luso-espanhol??
É que são coisas muito diferentes!…
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ZAP, deixei (novamente) de receber notificações via email das respostas aos meus comentários; é possível voltar a activar essas notificações?
É que assim deixo muitos “fãs” sem resposta…
Caro leitor,
O grupo era liderado por Humberto Delgado e Henrique Galvão. Era uma organização portuguesa. Também tinha militantes espanhóis. Era portanto também, se quiser, luso-espanhola. E o ZAP assim decidiu tratá-la, das duas formas, sem complexos e sem ver razão para que sejam “coisas muito distintas”.
O grupo era basicamente galego-português e era liderado por Humberto Delgado e pelo galego Xosé Velo Mosquera, mas ok…
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Relativamente às notificações; deixaram de funcionar?
Obrigado
As notificações estão novamente em greve. Estamos a tratar de lhes dar uma solução definitiva; obrigado pela paciência.
Ok.
Agradeço também pela vossa paciência.
Pelo que pesquisei, o DRIL teria dois “secretários gerais”… sendo uma organização no âmbito ibérico, pelo lado português era o General Humberto Delgado e, pelo lado espanhol, Xosé Velo Mosquera.
Se isto é mesmo assim então só podemos atribuir uma designação: uma organização luso-espanhola,
Sim, o Henrique Galvão era membro. Sendo um membro destacado, não era dirigente. Em Portugal só se conhece a ação do assalto ao Santa Maria.
Opa! O aeroporto de Lisboa tem o nome de um terrorista?!!!
Se pensarmos bem, o Afonso Henriques era um grande terrorista.
Além disso, andou a bater na mãe por esse Portugal fora.
Está na altura de lhe deitar as estátuas abaixo.
Aceitando que o El País está dentro da verdade, os líderes do tal DRIL podem ter sido os dois portugueses referidos mas os comandos de Madrid que colocaram as bombas foram fundados e dirigidos por espanhóis: Santiago Martínez Donoso e Guillermo Santoro e Reyes Marín.
Também é curioso este artigo do El País se referir a uma investigação publicada em 2019 (25 de junho): https://gaizkafernandez.com/2019/06/25/muerte-en-amara-la-violencia-del-dril-a-la-luz-de-begona-urroz/?fbclid=IwAR0rYXNCjlCmrUvWJM5Z3Kvvu3jY10jFp5ZeerfMbSC2uyIGXR7L6rl_eFY