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“O Governo que vier será de salvação nacional”

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João Relvas / Lusa

O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio

Apesar de reconhecer que há falhas na resposta do Governo, Rui Rio assume que é tempo de “unidade nacional” e que não faz sentido fazer críticas ao Executivo socialista neste momento. 

Este domingo à noite, em entrevista à RTP, o presidente do PSD reconheceu que tem havido “falhas”, nomeadamente ao nível da proteção dos profissionais de saúde, mas afirmou que apontar falhas não é a estratégia que quer manter neste período. No futuro, será diferente.

É o próprio país que cairá em cima do Governo pelas falhas que o Governo tiver. Lá a frente vai haver um balanço quando estivermos em paz. Nós lá estaremos. Agora não”, declarou Rui Rio, acrescentando que , “neste momento, fragilizar o Governo é fragilizar o nosso combate”.

O líder social-democrata considerou ainda que, quando a questão da recuperação económica se tornar a prioridade, com a melhoria da situação de saúde, vai ter de se debater a composição de um Governo de salvação nacional.

“Quando vier a economia para o primeiro lugar, então estou convencido de que a sociedade portuguesa vai ter de debater efetivamente a composição de um Governo de salvação nacional. O Governo que vier – pode ser o mesmo, como é lógico – vai ser sempre de salvação nacional”, sublinhou.

No entanto, de acordo com o líder do PSD, “neste momento a prioridade não é pensar sobre isto”, porque se coloca “a parte sanitária em primeiro lugar”.

Na parte final da entrevista, conduzida pelo jornalista Carlos Daniel, Rui Rio foi questionado se coloca um cenário de Bloco Central, com PS e PSD no Governo, ou a formação de um Governo de salvação nacional para responder à crise económica do país. “A isso não lhe vou responder sim, não lhe vou responder não, não lhe vou responder talvez. Não penso nada sobre isso, porque neste momento a prioridade não é pensar sobre isto.”

Para o presidente do PSD, atualmente, “é a parte sanitária em primeiro lugar e a parte económica em segundo”.

Em relação à evolução da economia portuguesa no pós-crise sanitária, o líder social-democrata advertiu que Portugal vai viver “tempos muito pesados”.

“Portanto, vai fazer sentido pensar nisso [um Governo de salvação nacional]. Agora estar a mandar, desculpe-me o termo, umas bocas sobre isso – o que possa pensar, ou o que não pensei -, nem vou pensar nisso tão cedo, com prós e contras e seja o que for, porque não deve estar nenhum português lá em casa, dos dez milhões de portugueses, a pensar minimamente nisso. E eu acho que nós também não nos devemos preocupar minimamente com isso. Lá chegará o tempo”, reforçou o presidente do PSD.

Rio defendeu ainda o prolongamento do estado de emergência e apontou o dedo à Europa. “A Europa enfrenta a maior crise económica desde que foi criada. Se neste cenário não conseguirmos ser solidários, então a Europa terá a médio prazo problemas muito sérios.”

Orçamento suplementar

Rio afirmou ser sua vontade viabilizar ao Governo uma proposta de Orçamento suplementar para este ano, dizendo mesmo que politicamente terá grande latitude para a aceitar. “Não vai haver orçamentos retificativos de certeza absoluta, garanto-lhe que não vai haver orçamentos retificativos. Vai haver orçamentos suplementares.”

O líder do PSD justificou depois que a apresentação de um Orçamento retificativo, “como o nome indica, é para retificar qualquer coisa” e um Orçamento suplementar “é para acrescentar, e forte”. “Portanto, vai haver Orçamento suplementar. É absolutamente inevitável. Eu não vou passar um cheque em branco [ao Governo]. Apesar de toda esta solidariedade, não vou passar cheques em branco ao Governo. Mas eu quero viabilizar.”

Neste ponto, o presidente do PSD foi ainda mais longe, dizendo que pretende viabilizar essa eventual proposta do executivo. “Quero que o Governo apresente um Orçamento suplementar que seja viabilizável, porque tem de ser. E vamos ter uma latitude muito grande para aceitar o Orçamento suplementar”, declarou.

Deixou, no entanto, uma ressalva: “Não vamos aceitar tudo e mais alguma coisa – aí, também, calma”. “Vamos manter o rigor agora, sabendo nós que o rigor é um rigor de dar muito dinheiro a muita gente, mas tem de ser”, acrescentou.

ZAP // Lusa

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