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Governo da Indonésia autoriza saques em supermercados após tsunami

Mais de dois dias após o terramoto seguido de tsunami na Indonésia, as equipas de socorro ainda não conseguiram chegar a todas as regiões da ilha de Sulawesi. 

Após o violento terremoto seguido de tsunami que sacudiu a Indonésia e atingiu a cidade de Palu, os sobreviventes enfrentam falta de alimentos e de água potável. Muitos deles começaram a saquear supermercados.

Segundo informações oficiais, mais de 800 pessoas morreram. No entanto, as autoridades afirmam que este balanço é provisório, já que centenas de habitantes continuam desaparecidos e as equipas de socorro não conseguiram chegar a várias partes da ilha.

Perante os estragos provocados pelo terramoto de 7,5 de magnitude desta sexta-feira, é impossível desembarcar no aeroporto de Palu, a cidade mais afectada da região.

“Por enquanto as condições não permitem aterragens. Precisaremos de pelo menos uma semana”, declarou este domingo o presidente da Indonésia, Joko Widodo, durante uma visita à cidade de 350 mil habitantes. As equipas de socorro são obrigadas a usar pistas de aterragem alternativas, como a de Poso, a cerca de 200 km das zonas atingidas.

O trajecto entre as duas cidades, que normalmente dura cinco horas, leva agora dez horas devido ao êxodo em massa dos sobreviventes que tentam abandonar a região. Congestionamentos gigantescos formam-se até mesmo nas estradas de montanha.

Em Palu, o cenário é de destruição, com barcos no meio das ruas, após terem sido arrastados pelo tsunami. Os moradores continuam à espera de ajuda, e com a falta de comida e água potável, tem-se multiplicado o número de saques a supermercados e postos de gasolina.

Perante a situação, as autoridades anunciaram que os saqueadores não serão punidos e que o governo vai reembolsar os comerciantes. “Pedimos aos distribuidores Alfamart e Indomaret que deixem as pessoas levarem as mercadorias“, informou em comunicado o ministro indonésio do Interior, Tjahjo Kumolo.

Eles devem registar tudo e nós pagaremos depois”, prometeu o governante.

Com receio da propagação de doenças, os civis começaram a enterrar os mortos, muitos dos quais antes mesmo da identificação dos corpos. O governo prevê também que possa ser necessário recorrer a sepultamentos colectivos.

Ainda não há notícias das cidades de Sigi e Donggala, cujas estradas de acesso foram cortadas pela destruição. As autoridades temem que o balanço de vítimas fatais aumente quando conseguirem chegar às duas localidades.

“Temos que agir rapidamente, mas as condições actuais tornam tudo mais difícil”, lamentou o presidente indonésio.

Vítimas sob os escombros

O terremoto afectou principalmente a localidade de Palu e a região próxima de Donggala. “Em Palu, edifícios e casas foram destruídos, assim como hotéis e hospitais. Acreditamos que dezenas ou centenas de pessoas que ainda não foram encontradas estão sob os escombros”, disse o porta-voz da Agência de Gestão de Desastres da Indonésia.

Imagens partilhadas nas redes sociais mostram a queda de um andar inteiro num centro comercial de Palu, prédios parcialmente destruídos e fissuras em estradas e calçadas. A cidade continua parcialmente sem energia eléctrica. O aeroporto e várias estradas foram fechados. Alguns aviões enviados pelo governo, porém, conseguiram aterrar.

O forte tremor de terra foi sentido a centenas de quilómetros de distância do epicentro. As autoridades receberam poucas notícias de vítimas em Donggala, região a norte de Palu. “Nesta área vivem mais de 300 mil pessoas. Isto já é uma tragédia, mas pode ficar muito pior”, afirmou Jan Gelfand, membro da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho em Jacarta.

Entre as centenas de desaparecidos, há três franceses, um sul-coreano e um malaio. Em comunicado divulgado neste domingo, o governo francês expressou a sua solidariedade à Indonésia. O presidente francês, Emmanuel Macron, ofereceu ajuda ao país.

Terremoto de intensidade 7,5

De acordo com o Instituto Geológico dos Estados Unidos, USGS, o terremoto de sexta-feira atingiu os 7,5 de magnitude e foi mais forte que a série de tremores que provocaram mais de 500 mortos e 1.500 feridos em agosto na ilha indonésia de Lombok, perto de Bali.

O epicentro do terremoto foi localizado a 78 km a norte de Palu, e o tremor foi sentido até no sul, em Macasar, capital da ilha. A terra tremeu também na ilha vizinha de Kalimantan e em Samarinda, do outro lado do estreito de Macasar.

A Indonésia, arquipélago de 17 mil ilhas, fica no Anel de Fogo do Pacífico e é um dos países mais propensos a sofrer desastres naturais.

Em 26 de dezembro de 2004, o país sofreu uma série de terremotos devastadores, um dos quais de magnitude 9,1 na ilha de Sumatra. Este devastador terramoto provocou um tsunami de grandes dimensões que provocou 220 mil mortos na região do sudeste asiático. Foi o terceiro maior terremoto no mundo desde 1900.

Mais de 1200 presos escaparam de prisões

Segundo anunciou o Governo indonésio esta segunda-feira, mais de 1200 presos escaparam de três prisões diferentes na Indonésia, aproveitando o terramoto de magnitude 7,5 na escala de Richter seguido de tsunami que abalou a ilha de Celebes.

“Tenho a certeza de que eles escaparam porque estavam com medo de serem afectados pelo terramoto, é obviamente uma questão de vida ou morte para os prisioneiros”, disse Puguh Utami, uma porta-voz do Ministério da Justiça indonésio, à agência noticiosa francesa AFP.

ZAP // RFI / Lusa

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