/

Gouveia e Melo passou a ter segurança pessoal. Manifestantes negacionistas insultam jornalistas

12

Tiago Petinga / Lusa

Depois de ter sido vaiado por um grupo de manifestantes negacionistas, no dia 14 de agosto, Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force para a vacinação contra a covid-19 em Portugal, passou a contar com segurança pessoal.

Depois do incidente, que aconteceu no dia 14 num centro de vacinação em Odivelas, a Polícia de Segurança Pública (PSP) reavaliou o grau de risco a que Henrique Gouveia e Melo estava sujeito e atribuiu-lhe uma equipa de segurança à paisana, composta por dois a três elementos.

Nem o coordenador da task force para a vacinação, nem o porta-voz nacional da PSP quiseram prestar declarações ao jornal Público.

Nesse sábado, o vice-almirante foi recebido por cerca de duas dezenas de manifestantes anti-vacinas, que contestavam a ação de vacinação em curso no local. Indiferente aos protestos, Gouveia e Melo não evitou o contacto com os manifestantes e dirigiu-se à entrada do pavilhão.

Gerou-se então um momento de alguma tensão, com os manifestantes a chamar “assassino, assassino” ao vice-almirante. Em resposta aos protestos, o coordenador da task force da vacinação considerou que “o negacionismo e o obscurantismo é que são os verdadeiros assassinos”. “Morreram mais de 18 mil pessoas em resultado desta pandemia.”

O diário refere ainda que, esta quarta-feira, os ativistas anti-vacinas recorreram, uma vez mais, à agressividade para tentarem fazer valer os seus pontos de vista.

Numa manifestação liderada pelo juiz Rui Fonseca e Castro -, que culminou na entrega na Procuradoria-Geral da República (PGR) de uma participação contra o Presidente da República, o primeiro-ministro e o Governo por crimes contra a humanidade -, os jornalistas presentes na cobertura do evento foram insultados.

O Público acrescenta ainda que alguns manifestantes tiveram de ser “refreados”, para as agressões verbais não escalarem para ofensas corporais.

Vestidos com as camisolas pretas pedidas pela organização da manifestação, da responsabilidade da associação Habeas Corpus, os manifestantes entoavam o hino nacional, empunhavam bandeiras de Portugal ou envergavam-nas pelas costas, segurando ainda balões brancos e alguns cartazes.

Uma faixa na frente do grupo, vindo do Parque Eduardo VII, recordava o capitão de Abril Salgueiro Maia, com a citação: “Há alturas em que é preciso desobedecer“.

O incitamento à desobediência civil contra as medidas de confinamento impostas para combater a pandemia de covid-19 está na origem da suspensão de funções do juiz Rui Fonseca e Castro em março, pelo Conselho Superior de Magistratura (CSM).

Enquanto o juiz se preparava para entrar na PGR e entregar a denúncia gritaram-se palavras de ordem como “Liberdade”, “Portugal” e “O povo unido jamais será vencido”, além de se ter voltado a ouvir o hino nacional e incentivos ao juiz, gritando o seu nome.

Depois da entrada de Rui Fonseca e Castro no edifício da PGR, as palavras de ordem dos manifestantes voltaram-se contra a comunicação social presente, com gritos de “jornalixo” e “assassinos“.

Concentrados junto às baias de contenção colocadas pela PSP, sem distanciamento e com poucas máscaras em utilização, alguns manifestantes exibiam cartazes onde expunham algumas teorias negacionistas da pandemia, outros diziam aos agentes que faziam vigilância que estavam ali também para sua proteção.

À saída da PGR, o juiz recusou prestar declarações à comunicação social, voltando para junto dos manifestantes, que rapidamente o rodearam e felicitaram.

A manifestação deveria ter seguido depois, segundo o que estava anunciado no evento público divulgado no Facebook, para a Assembleia da República, onde a intenção era depositar “uma coroa de flores em sinal de luto pela democracia em Portugal”, mas o protesto acabou por regressar ao Parque Eduardo VII, já com uma desmobilização visível, sendo apenas cerca de uma centena o número de pessoas que chegou ao parque lisboeta.

Em março de 2021, o CSM suspendeu preventivamente o juiz Rui Fonseca e Castro, do Tribunal de Odemira, que ficou conhecido por declarações negacionistas sobre o uso de máscaras e o confinamento no âmbito da pandemia de covid-19.

Na decisão do CSM, a que a Lusa teve então acesso, é dito que o juiz, que publicamente tem manifestado posições negacionistas em relação à pandemia, teve uma conduta que “se mostra prejudicial e incompatível com o prestígio e a dignidade da função judicial”. Além da suspensão preventiva, o CSM decidiu abrir um processo disciplinar ao magistrado.

Rui Fonseca e Castro, que exerceu advocacia antes de reentrar para a magistratura, pertenceu ao grupo “Juristas pela verdade” e agora manifesta a suas opiniões numa página de Facebook denominada Habeas Corpus.

Para o CSM, as posições negacionistas sobre a pandemia de covid-19 apresentadas pelo juiz são “sustentadas em teorias de conspiração”.

No final de julho o CSM admitiu abrir novo processo disciplinar ao juiz Rui Fonseca e Castro, depois de este ter publicado um vídeo com declarações sobre o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, que este considerou “atentatório da sua honra”.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

12 Comments

  1. Se são NEGACIONISTAS, ora em caso de infeção e/ou doença sequencial do vírus, NEGUE-SE-LHES então tratamento!!!
    É tão, mas tão simples!!! Não podem ficar infetados ou doentes c/algo que não existe, pois não????

    • Cara amiga, Covid não é uma sentença de morte, (já tive e nem dei por isso) se é uma pessoa saudável as hipóteses de vencer o vírus são iguais a uma gripe regular (quase 100%) ,agora se come em excesso, não cuida do corpo ou tem má genética, então ai tem de se proteger, (e que sirva de aviso para cuidar melhor da sua saúde e o que mete na boca) mas forçar 100% da população a agir como se fossem doentes de risco é simplesmente ridículo.
      As pessoas saudáveis não vão deixar de viver porque existem 0,3% da população que pode falecer.

      • Caro Miguel, bom dia.
        Já nos cruzámos por aqui algumas vezes, sempre cordialmente, como agora.
        Sou saudável, não tenho problemas de saúde.
        Mas lembra-se da jovem americana, super fit, q/tomava suplementos e até só bebia água engarrafada? Morreu de COVID, SIM! Como ela, muitos outros. As pessoas saudáveis, como refere, já deviam era estar a trabalhar fisicamente em todo o lado e não a perderem tempo com estas manifestações… Cada um tem direito à sua opinião, vivemos em democracia! Agora, chamar ASSASSINO a uma pessoa por estar a fazer o seu trabalho?! Excelente dia para si!

    • Outro potencial facto, é que, tendo em conta que 70% da população se encontra vacinada, usa mascara e pratica distanciamento social, o mais plausível é que as novas infeções são feitas de pessoas vacinas para pessoas vacinadas, e que as mortes mantem o mesmo padrão antes da vacina (maioritariamente pessoas >70 anos – vacinadas)
      Por isso quando a pessoa/entidade que lhe dá conselhos, falha na sua sabedoria/previsão, até quando vai seguir cegamente as suas indicações?
      Ter cuidado sim, deixar de viver é seguir cegamente ordens que mudam constantemente.. não
      Consuma mais noticias e leia menos títulos.

      • Caro Miguel, apenas para terminar: o cerne do meu comentário referia-se apenas e só aos “negacionistas” e a quem não quer tomar a vacina. Diga-me p.f.: porque existe o plano de vacinação? Mas há pais que escolhem não vacinar os filhos, porque há teorias da conspiração que as mesmas provocam autismo e outros disparates. Uma coisa é exercer a sua opinião e o seu direito de escolha. Outra coisa é como todos vimos na televisão, uma horda inflamada a chamar assassino a esta pessoa. E uma criatura a tentar agredi-lo! Mas onde chegámos nós?! Viu a entrevista do H.G. e Melo na SIC? Se não viu, veja. Educado e cordial, não ofende ninguém. Não se trata de seguir cegamente ninguém, trata-se de bom senso: cada um pode fazer o que bem entender, mas também lhes fica bem assumir as consequências dos seus actos.
        Excelente fim de semana para si, sempre um gosto 🙂

  2. Qualquer pessoa se pode enganar, mas aqueles (como a Maria João) que apesar de estarem protegidos pelas vacinas contra contágio, que em principio só terão sintomas leves, e que não transmitem a infeção aos outros, só a podem apanhar por desleixo grave e/ou negligência criminosa,
    A estes “NEGUE-SE-LHES então tratamento!!!”

    • Acha mesmo Sr. ou Srª. Memória? Chamar ASSASSINO a uma pessoa q/está a fazer o seu trabalho em Portugal, como tantos outros no mundo?
      Sim, tenho as duas doses da vacina e ainda assim faço testes todas as semanas! Porque há tanto ainda que se desconhece sobre a COVID… Venho trabalhar desde sempre, para os meus queridos colegas estarem em casa no bem-bom e eu faço o trabalho de 10 ou mais! Estão vacinados, porque não vêm trabalhar?! Se tudo isto é uma treta….
      Excelente dia para si!

  3. Estão revoltados com este homem, mas não se lembram do outro parvalhão, formado em Medicina, que andava a distribuir vacinas por amigos padeiros e pasteleiros. Cambada de hipócritas.

  4. Negar o direito de ser tratado, não é solução e seria considerado crime. Mas exigir a Identificação desta meia dúzia de iluminados, para caso necessario arcarem com as despesas terapêuticas, isso sim !.. Eu sou livre de aceitar ou não aceitar a Vacina, mas não me reconheço nestes grupos extremistas !

    • Paguem-me o custo *Total* das vacinas + *as despesas totais da vacinação*, mais uma parte proporcional das despesas feitas com os vacinados que são infectados e morrem (entretanto a esmagadora maioria) e eu próprio cuido das despesas necessárias para a minha eventual terapia
      Idem dito com os impostos que pago para o tabaco (inclusive renda) e as eventuais despesas com as eventuais terapias

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.