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“Fui eu que organizei a minha partida”. Ghosn nega que família tenha planeado a sua fuga

Procurado pela Interpol, o ex-presidente da Renault-Nissan diz ter organizado “sozinho” a sua fuga do Japão para o Líbano, negando qualquer implicação da sua família. Jornais dizem que fuga foi “preparada durante meses” por colaboradores próximos.

“As alegações feitas na comunicação social de que a minha mulher, Carole, e outros membros da minha família tiveram um papel importante na minha saída do Japão são falsas”, afirmou Ghosn, em comunicado enviado à agência francesa de notícias AFP. “Fui eu que organizou a minha saída [do Japão]. A minha família não teve nenhum papel” nesta decisão, acrescentou.

Segundo o Financial Times, a fuga foi preparada por colaboradores de Ghosn durante meses. Citando fontes não identificadas, o jornal diz que foram contratados elementos de segurança privada que trabalharam em vários países para auxiliar na operação.

De acordo com o Wall Street Journal, Ghosn terá usado um avião particular com destino à Turquia e depois ao Líbano. Ghosn ter-se-á escondido numa caixa destinada a equipamentos musicais para não ser detetado. A mulher, Carole Ghosn, reagiu, dizendo tratar-se de “uma ficção”, sem detalhar mais sobre a fuga do marido.

Ghosn terá entrado no Líbano com um passaporte francês. O objetivo da fuga seria encontrar um ambiente jurídico mais favorável para Ghosn. O Líbano tinha iniciado contactos com o governo japonês para que o gestor fosse julgado em Beirute.

Na quinta-feira, o Líbano recebeu um mandado internacional da Interpol para a detenção do ex-presidente da Renault-Nissan. As autoridades turcas já detiveram e colocaram sob custódia sete pessoas, incluindo quatro pilotos, todos suspeitos de ajudar Ghosn a fugir do Japão para o Líbano.

Alguns media locais noticiam, segundo o Diário de Notícias, que Ghosn deverá falar publicamente sobre a sua fuga na próxima quarta-feira, 8 de janeiro, em Beirute, capital do Líbano.

Carlos Ghosn, ex-presidente do conselho de administração e ex-presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, foi detido em Tóquio em 19 de novembro de 2018 por suspeita de abuso de confiança e evasão fiscal.

Detido vários meses no Japão, o empresário foi libertado em março de 2019, após o pagamento de uma caução. No início de abril passado, foi novamente detido e outra vez libertado sob caução. O Ministério Público (MP) de Tóquio informou que a última detenção do ex-presidente da Nissan justifica-se pela suspeita de que Carlos Ghosn desviou cinco milhões de dólares, cerca de 4,4 milhões de euros.

No final desse mesmo mês, Ghosn ficou sob detenção domiciliária, a aguardar julgamento por evasão fiscal, entre outros crimes.

Os advogados e a família de Carlos Ghosn têm criticado fortemente as condições da detenção do empresário, bem como a forma como a justiça nipónica tem gerido os procedimentos deste caso.

Ghosn chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, nos arredores de Tóquio, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

A notícia da fuga de Carlos Ghosn apanhou de surpresa as autoridades nipónicas. Os serviços de estrangeiros e fronteiras não tinham qualquer informação sobre a saída de Ghosn.  Neste momento, Ghosn está em Beirute, numa casa de família, na companhia da sua mulher, Carole, de origem libanesa.

ZAP //

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