A geringonça “suicidou” a esquerda

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Jorge Ferreira / PS

Catarina Martins (BE) e António Costa (PS) assinam “acordo à esquerda”

Um olhar para o Parlamento: já comparou o primeiro dia da “era António Costa” com o primeiro dia pós-Costa?

A análise à composição da Assembleia da República na nova legislatura quase nem foi assunto nesta última semana – porque o assunto foi outro.

Mas um primeiro olhar, uma visão global ao panorama do Parlamento, dá para tirar conclusões óbvias ao que aconteceu nesta XVI Legislatura. E o que mudou ao longo dos últimos oito anos.

Vamos recuar a 23 de Outubro de 2015.

As eleições legislativas tinham sido três semanas antes, com vitória da coligação PSD/CDS, mas António Costa é que foi o primeiro-ministro, aproveitando o facto de haver mais deputados de partidos de esquerda.

Logo na primeira reunião plenária, verificou-se o que estava a acontecer: essa maioria à esquerda, com 86 deputados do PS, 19 do BE e 17 da CDU. Eram 122 deputados à esquerda.

Vamo-nos centrar nos dois partidos mais à esquerda do PS: BE e PCP (ou CDU, em coligação com o PEV). Juntos, tinham 36 deputados, essenciais para a “geringonça”.

Mas, como já se foi dito ao longo dos últimos anos, na altura não se sabia que esse acordo com o PS foi uma espécie de “suicídio” para Bloco de Esquerda e Partido Comunista.

Em 2024

A tomada de posse dos deputados da actual legislatura, na terça-feira passada, deu uma ideia visual da mudança: BE e PCP só têm 9 deputados. São 5 do BE, 4 do PCP, zero do PEV.

Ou seja, BE e PCP passaram de 36 deputados para 9 deputados. Em apenas oito anos. É 25% do que tinham em 2015.

9 deputados é também o menor número de sempre de partidos mais à esquerda.

Pelo meio, tinham conseguido 31 deputados em 2019 e 11 deputados em 2022 – aqui, podem ter perdido muitos votos para a maioria absoluta do PS.

Os socialistas tinham 86 deputados em 2015, agora têm 78. Perderam, mas pouco.

Voltando às eleições legislativas 2024, também é evidente a nova maioria de direita: 138 deputados para AD, Chega e IL.

Em 2015 eram 107 deputados à direita, todos de PSD/CDS (nem havia IL ou Chega, partidos criados mais tarde).

Já agora, uma curiosidade: em 2015 também se assistiu a um desfecho invulgar em relação ao presidente da Assembleia da República: Ferro Rodrigues (PS) foi o primeiro no cargo que não foi proposto pelo partido ou coligação que venceu as eleições dias antes – exceptuando o acordo de 1983 entre PS e PSD, mas aí o representante do PSD só assumiu o cargo no ano seguinte.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

6 Comments

  1. Os partidos da canhota têm 9 deputados e já são muito. Só num país atrasado como Portugal, é que essa “tropa” vive à minha custa. Espero bem que para a próxima desapareçam de vez do Parlamento

  2. Infelizmente está enganado: em Espanha é pior pois o PSOE não chegaria ao poder sem os «esquerdistóides« e os «independentistas»!

  3. Quando à «absorção» dos «esquerdistas (PCP e BE sobretudo), foi a manhosa geringonça do futuro 1.ºministro finalmente demitid0. É provável que esses «esquerdistas» irão desaparecendo ao mesmo tempo que o CHEGA aumentará. Neste momento, pode-se dizer que Portugal tem governo mas este não só não manda como, mesmo que mandasse, não tem competência para mudar de política! Se a situação internacional se mantiver, a UE estará sob pressão e Portugal pior ainda!

  4. Em qualquer parte do mundo, um parlamento sem canhotos e destros e os respetivos ‘satélites’, fica reduzido a quê ? Religiosos ? amorfos ? salvadores da Pátria ? Pensem, com a cabeça, de preferência.

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  5. Partidos como PCP, CDS etc… poderão desaparecer, mas outros partidos mais modernos nascerão, a isto se chama evolução. As ideologias de direita e de esquerda sempre existirão, com pessoas a defender um lado e outras a defender o outro e assim continuará a democracia. Os perigos desta transição é de deixar de haver alternativas ou haver partidos jurássicos com medo de perder o seu poder e influencia, criarem campanhas de ostracização ou manipulação desses novos partidos.

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