Os comandantes militares russos vão punir os soldados que utilizem telemóveis pessoais na linha da frente na Ucrânia. Uma nova lei proíbe a transmissão de qualquer informação que possa ser utilizada para identificar as tropas russas ou descobrir a sua localização.
O Parlamento russo aprovou uma alteração legislativa que permite aos comandantes militares punir os soldados que usem os seus telefones pessoais e dispositivos de navegação na linha da frente.
A lei estabelece que qualquer posse de um dispositivo que permita aos militares armazenar ou enviar vídeos, fotografias ou dados de geolocalização através da Internet é punível com uma pena de prisão até 15 dias.
A lei proíbe também a transmissão de qualquer informação que possa ser utilizada para identificar as tropas russas ou a sua localização.
“O projeto de lei visa garantir a segurança do pessoal e das unidades militares”, declarou Andrei Kartapolov, presidente da Comissão da Duma, à agência noticiosa russa Interfax.
Segundo o The Independent, muitos políticos russos opuseram-se fortemente ao projeto de lei.
Bloggers e comentadores ultranacionalistas também criticaram a alteração e manifestaram a sua preocupação pelo facto de os oficiais militares poderem usar os castigos para resolver conflitos pessoais e censurar as queixas legítimas dos soldados russos, que usam frequentemente os seus telemóveis para registar as queixas.
De acordo com o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), as forças russas usam frequentemente dispositivos pessoais não seguros para organizar o comando e o controlo, a logística e as operações de combate.
Não é claro até que ponto a lei será observada e aplicada com rigor, dada a dependência de dispositivos pessoais não seguros para muitas tarefas da linha da frente.
O blogger russo Yegor Guzenko, conhecido como “Décimo Terceiro”, realçou num post do Telegram que todo o exército depende de dispositivos de Internet. “Mas como é que os ratos de escritório podem compreender e saber isto? Deixemos que estes escroques da Duma entrem eles próprios na guerra”.
Segundo o almirante Tony Radakin, chefe do Estado-Maior do Reino Unido, o exército russo sofreu cerca de 550.000 baixas desde a invasão da Ucrânia.
“As nossas avaliações indicam que Putin demorará cinco anos a reconstituir o exército russo até ao ponto em que se encontrava em fevereiro de 2022″, afirmou Radakin na conferência sobre guerra terrestre do Royal United Services Institute.
O comandante acrescentou que serão necessários mais cinco anos para “retificar as fraquezas que a guerra revelou” e fazer com que o exército de Moscovo volte à sua força de fevereiro de 2022.