A audiência de João Rendeiro vai continuar na sexta-feira, uma vez que amanhã é feriado na África do Sul. O ex-banqueiro vai passar mais duas noites na prisão.
Kabelo Derrick Seanego, polícia do Gabinete de Extradição da Interpol, em Pretória, apresentou um documento no tribunal de Verulam no qual defende que é muito provável que João Rendeiro volte a fugir.
Neste sentido, informou o tribunal sul-africano de que se opõe à sua libertação, mesmo sob pagamento de fiança.
“Fugiu quando soube que tinha sido condenado em Portugal e tem um forte incentivo para fugir novamente num momento apropriado e conveniente, se for libertado sob fiança”, lê-se no documento, citado pelo Jornal de Notícias.
O sargento sustenta que o ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) “não tem um endereço residencial fixo na África do Sul”, país onde também “não tem bens imóveis, nem qualquer emprego fixo”. Além disso, parece estar de boa saúde e capaz de viajar.
Seanego acrescenta que Rendeiro “não tem laços familiares que o mantenham dentro das fronteiras da África do Sul”, uma vez que a sua família parece estar em Portugal.
Citando a entrevista que o ex-banqueiro concedeu à CNN Portugal, o polícia salienta que “a conduta e o tom sugerem que o requerente não estará, em circunstância alguma, preparado para regressar a Portugal”.
“Além disso, não se deixa comover pela prisão domiciliária da sua esposa para regressar ao país. Se for libertado sob fiança, irá tentar escapar ao inquérito e processos de extradição, para evitar qualquer possibilidade do regressar a Portugal”, sublinha o responsável pelo processo.
Kabelo Derrick Seanego admite a “probabilidade” de Rendeiro tentar o suicídio, “devido a certos comentários feitos na entrevista da CNN”.
“Com base em todas as informações disponíveis, sou da firme opinião de que existe uma forte probabilidade de ele se furtar à sua audiência de extradição”, rematou.
A defesa do antigo banqueiro propôs esta quarta-feira uma caução de 40.000 rands (2.187 euros) ao defender o pedido de liberdade sob caução. Rendeiro foi ouvido numa audiência que vai prosseguir na sexta-feira, uma vez que esta quinta-feira é feriado na África do Sul.
Segundo o Diário de Notícias, Naveen Sewparsat, procurador da National Prosecuting Authority (NPA), Ministério Público sul-africano, já disse que o pedido de liberdade sob caução deve ser negado.
O Ministério Público arrisca, contudo, ver João Rendeiro sair em liberdade caso não consiga apresentar o pedido formal de extradição dentro do limite de 40 dias.
O atraso neste processo prende-se com dificuldades na tradução das várias decisões judiciais dos três processos em que este foi condenado.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já garantiu que a falta de tradutores não impedirá o cumprimento do prazo para apresentação do pedido de extradição e que, se for necessário, pode recorrer-se a contratação externa.
“Pese embora o limitado quadro de tradutores ao serviço da Procuradoria-Geral da República, essa circunstância não constituirá impedimento a que, no respeito do prazo a que alude o art.º 16.º da Convenção Europeia de Extradição, seja realizada a respetiva tradução”, refere uma nota da PGR.
ZAP // Lusa
Será que não existem no Ministério dos Negócios Estrangeiros, pessoas capacitadas para efetuar essa tradução? Como diziam na peça de teatro, QUERO VOLTAR PARA A ILHA………….
Tudo isto é uma fantasia. Tantos anos para julgar um infrator? E afinal onde pára o dinheiro que a CGD emprestou e que nunca mais teve retorno. O Estado foi obrigado a recapitalizar a CGD devido aos buracos existentes. Esses sujeitos andaram tantos anos encobertos ! A solução dos governantes é a privatização aceitando condições inaceitáveis.E os milhões que se têm posto no Novo Banco? E a saída de dez mil milhões de euros para off shores. Que benefícios nos trouxe a privatização da EDP ? E da Telecom? E dos CTT?