Uma pessoa morre por dia em consequência do acidente nuclear na central de Fukushima, no Japão, especialmente devido aos efeitos psicológicos e físicos, revelou o ex-presidente da Comissão de Investigação do Acidente na Usina de Fukushima, Yotaro Hatamura.
Em março de 2011, um terramoto seguido de tsunami atingiu o Japão, causando explosões e fugas radioactivas na região da central. Áreas inteiras tiveram que ser evacuadas e a comercialização de produtos agro-pecuários da região foi proibida.
Na altura do tsunami e terramoto, o sistema de refrigeração dos reactores foi desligado, fazendo com que três deles fundissem.
Os índices de radiação desse líquido, que fica contaminado ao entrar em contacto com o exterior dos tanques que armazenam a água usada no arrefecimento dos reactores, eram 24 vezes superiores ao limite permitido pelas autoridades japonesas em relação a derrames.
Segundo Yotaro Hatamura, 180 pessoas morreram nos últimos seis meses devido ao acidente de março de 2011. Para o ex-presidente da comissão, também investigador e professor universitário, a crise nuclear no país tem causado stress, ansiedade e perturbações psicológicas, que, em muitos casos, são piores do que o dano físico.
Outro impacto que, de acordo com Hatamura, afecta muito a população, é a saída das famílias de suas casas, que gera mudanças repentinas. Estima-se que mais de 150 mil pessoas tenham sido recolocadas.
“Não se sabe quando parará de morrer gente, nem todos os efeitos que o acidente terá na saúde das pessoas”, disse Hatamura, que acredita que as autoridades japonesas se têm concentrado mais em trabalhar dentro da central do em resolver as consequências que o acidente teve fora da área directamente atingida.
O relatório da Comissão de Investigação, presidido por Hatamura, determinou que a central nuclear não tinha planos de emergência e não estava preparada para reagir a um acidente da magnitude do que ocorreu. De acordo com o ex-presidente da comissão, a má gestão do acidente é uma das causas da contaminação continuada.
Recentemente, a passagem de um tufão pela região, no Nordeste do país, causou fugas nos tanques de contenção de água contaminada. Técnicos da central nuclear de trabalharam em contra-rrelógio para que fosse possível conter a grande quantidade de água da chuva esperada nas instalações com a chegada de um segundo tufão num intervalo de apenas dez dias.
Suspeita-se de que o solo poderá ter sido contaminado.
Actualmente, o maior desafio da empresa Tokyo Electric Power (Tepco) é armazenar a grande quantidade de água usada para refrigerar os reactores, que com frequência vaza e desagua no Oceano Pacífico.
// Lusa