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FT afirma que Portugal está a provocar os investidores estrangeiros

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Stuart Isett / Fortune Brainstorm Green

David Neeleman, dono da Azul Linhas Aéreas Brasileiras

David Neeleman, dono da Azul Linhas Aéreas Brasileiras

O Financial Times publicou esta sexta-feira uma análise onde afirma que Portugal está a ser acusado de provocar investidores estrangeiros. Entre as razões enumeradas conta-se a reversão da privatização da TAP e das concessões nos transportes, assim como as decisões relacionadas com o Novo Banco.

“Portugal chocou de frente com os investidores internacionais depois da controversa decisão de reestruturar um dos maiores bancos” do país enquanto procura, ao mesmo tempo, equilibrar um ambiente propício ao investimento com a promessa de acabar com anos de austeridade, escreve esta sexta-feira Peter Wise, correspondente do Financial Times em Lisboa.

“Alguns dos maiores investidores de obrigações mundiais ameaçaram com ações legais depois de o Banco de Portugal impor perdas de quase dois mil milhões de euros à dívida sénior do Novo Banco”, afirma, referindo-se  à decisão do Banco de Portugal de transmitir 1.985 milhões de euros de dívida do Novo Banco para o “banco mau” BES.

A despertar a ira dos investidores estão também “as tentativas para alterar ou anular os contratos [de concessão] do setor dos transportes, incluindo a privatização da companhia aérea nacional”.

No que toca à TAP, apesar das indicações de uma aproximação entre o Executivo e o consórcio formado por David Neeleman e Humberto Pedrosa, o artigo critica a decisão do Governo de considerar inválido o contrato de venda de 61% do capital da empresa assinado em novembro.

“Os investidores estão furiosos com os esforços de Costa para restabelecer o controlo público da TAP, que o anterior governo vendeu”, diz o FT, lembrando que os socialistas questionam a validade do contrato e querem reaver a maioria da companhia “seja como for”.

Em relação à reversão das subconcessões de empresas dos transportes – todas já com um comprador definido, todos de fora do país -, o FT refere que estas já mereceram “a demonstração pública de preocupação das embaixadas britânica e mexicana em Lisboa”, lembrando que os contratos de subconcessão estão incluídos em entendimentos de maior dimensão.

Um dos analistas consultados pelo FT afirma que Costa “enfrenta a tarefa impossível de conciliar as exigências contraditórias entre os seus parceiros de esquerda e a comunidade de investidores internacionais“. Mujtaba Rahman, da consultora de risco Eurasia Group, afirma mesmo que tudo isto “deverá ter um impacto negativo no ambiente empresarial português durante anos”.

O jornal lembra ainda que António Costa está no governo graças a uma aliança com os partidos à sua esquerda e está a ser acusado por Pedro Passos Coelho, ex-primeiro-ministro, de “reverter e destruir” o que o anterior Executivo fez, alertando também que esse tipo de ações “mina a confiança dos investidores internacionais”.

Estas são, na perspectiva do FT, questões que colocam em causa a imagem do país. Os investidores internacionais atingidos pela decisão já avisaram que podem pressionar os custos dos empréstimos e ter efeito nos juros.

ZAP

2 Comments

  1. Certamente os senhores do “Tempo Novo” irão ter estas notícias em consideração pois ainda há bem pouco tempo o senhor Costa baseava-se muito nas raras notícias que lhe agradavam deste ou outros jornais estrangeiros para apontar o dedo ao anterior governo e agora não quererá ficar nos cornos do touro.

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