A União de Agricultores do Distrito de Leiria distribuiu hoje fruta e leite em Porto de Mós, num protesto contra a situação do setor que enfrenta dificuldades para escoar a produção.
Junto ao mercado municipal, três agricultores entregaram vários sacos com peças de fruta e embalagens de leite, a populares que recebiam também uma folha com as razões do protesto.
“Os nossos agricultores regionais vivem cada vez com maiores dificuldades para escoar a sua produção e a que vendem é a preços que não dão para pagar os custos de produção”, lê-se no documento, apontando os custos “exorbitantes” dos adubos, rações, pesticidas ou eletricidade.
O responsável da União de Agricultores do Distrito de Leiria, António Ferraria, criticou a obrigatoriedade dos produtores de terem de se coletar para passarem fatura de “meia dúzia de ovos, um quilo de batatas ou uma couve” ou para “receberem os magros subsídios do IFAP [Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas]”.
António Ferraria salientou que a iniciativa, que demorou menos de 30 minutos, pretendeu também “chamar a atenção para os problemas, cada vez maiores”, do mundo rural e o “empobrecimento dos agricultores da região”, exortando para a necessidade de ser “feito algo” para salvar a agricultura.
Apelando aos consumidores para que optem pelos produtos agrícolas nacionais, o dirigente salientou que “a agricultura de subsistência está cada vez mais difícil”, culpando “a grande distribuição por arruinar isto tudo”.
Confrontado com a diminuta adesão à iniciativa por parte de produtores, António Ferraria justificou que esta “é a primeira” de outras que estão a ser equacionadas.
António Ferraria informou que, após a distribuição dos alimentos, iria entregar, ao presidente da Câmara Municipal de Porto de Mós, um documento no qual alerta para os problemas da agricultura e pecuária.
No documento, a união refere que o setor pecuário foi, noutros tempos, uma atividade importante no concelho, “com a produção de leite e carne com um peso impressionante”.
“Há cerca de 12 anos havia no concelho de Porto de Mós aproximadamente 500 vacarias”, refere a moção que aborda, ainda, o estado da fruticultura, o eventual monopólio do mercado das sementes ou a privatização da água, o que, neste caso, vai desencadear a aplicação de preços ao consumidor “incomportáveis”.
/Lusa