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Festejos do título do Sporting estarão na origem do aumento de novos casos em Lisboa

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Patricia De Melo Moreira / AFP

Lisboa é, neste momento, a única região com o R(t) acima de 1,1 e os especialistas atiram a culpa do aumento de novos casos aos festejos dos leões.

De acordo com Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que está a acompanhar a evolução epidemiológica da covid-19 em Portugal, as celebrações dos adeptos do Sporting pela conquista do título já está a ter impacto, embora ligeiro, no número de novos casos de infeção por covid-19, escreve o Observador.

“É legítimo pensar que há uma associação [do aumento de casos] com os festejos” porque, “em rigor, não é fácil explicá-lo de outra forma”, disse Óscar Felgueiras, epidemiologista da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e conselheiro do Governo.

Em Lisboa e Vale do Tejo, onde o R(t) tinha estabilizado a 11 de maio, disparou nos últimos dias, estando, esta sexta-feira, em 1,11, o valor mais alto desde o calculado pelas autoridades de saúde entre 20 e 24 de janeiro (1,13) – e a única região em Portugal Continental que tem um R(t) acima de 1.

Isto, aliado à aceleração no aumento do número de casos nas faixas etárias entre os 20 e 39 anos desde 16 de maio, denuncia um “sinal” do impacto dos festejos futebolísticos do título sportinguista, consideraram os dois especialistas.

Além disso, o período em que se assiste a um aumento de novos casos acontece dez dias depois das celebrações – o que coincide com o da incubação do vírus.

Os dois especialistas concordam nesta análise, embora a ministra Mariana Vieira da Silva, no final do Conselho de Ministros desta quinta-feira tenha rejeitado fazer associação entre a subida de casos e a festa do título.

Segundo Carlos Antunes, neste momento a incidência está a aumentar a um ritmo de 3,2% e a duplicação de casos acontece a cada 22 dias, o que pode indicar que podemos estar perante um “crescimento exponencial”.

No entanto, o engenheiro considera que este não será o único fator a pesar no aumento da incidência e no R(t) nacional – que nos seus cálculos já está em 1,09, acima dos 1,03 apontados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Os efeitos do desconfinamento, com um aumento da mobilidade e dos contactos entre as pessoas (principalmente os mais jovens), também está a exercer um maior peso sobre o controlo epidemiológico.

O boletim do INSA aponta um R(t) de 0,98 no Norte e no Centro, 0,95 no Algarve e 0,92 no Alentejo, sendo Lisboa e Vale do Tejo (1,11) a única região a empurrar o país para a zona amarela da matriz de risco.

Apesar da incidência em Lisboa e Vale do Tejo rondar os 50 casos por 100 mil habitantes em duas semanas, no concelho de Lisboa é já de 118 – duas a três vezes mais que nos concelhos vizinhos: Amadora (39), Odivelas (40), Oeiras (48) e Loures (37).

Em Lisboa, “um ou dois surtos não bastam para justificar esta incidência”. “Teve de ser um fenómeno maior que fez disparar os números na última semana. E o único fenómeno que nos ocorre são os festejos” do Sporting, sublinha Óscar Felgueiras.

As celebrações desmedidas dos leões estiveram envoltos em polémica devido ao planeamento que não evitou ajuntamentos.

Sofia Teixeira Santos, ZAP //

6 Comments

  1. Pelo que li os culpados são os adeptos do SCP porque, e passo a citar “porque não é fácil explicá-lo de outra forma”. Sr. Investigador; faça um esforço para trabalhar e investigue um bocadinho, porque para opiniões de taberna já temos que chegue.

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