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Festas privadas no Mosteiro dos Jerónimos investigadas

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fernando garcía redondo / Flickr

Mosteiro dos Jerónimos

Mosteiro dos Jerónimos

A realização de festas privadas no Mosteiro dos Jerónimos, em Belém, Lisboa, está a ser alvo de uma investigação do Ministério Público, após uma auditoria ter detectado alegadas irregularidades no âmbito da gestão da directora Isabel Almeida.

O caso é reportado pelo Diário de Notícias (DN) que avança que algumas empresas que organizaram eventos em espaços do Mosteiro dos Jerónimos pagaram mais à organização internacional World Monuments Fund (WMF), que recupera edifícios históricos, do que à própria Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Isabel Almeida, que em Janeiro passado terminou a comissão de serviço como directora do Mosteiro dos Jerónimos, é vice-presidente da WMF.

O DN realça que entidades como a Compagnie Financière Richemont, a Team Quatro e o Automóvel Clube de Portugal, que organizaram eventos no Mosteiro dos Jerónimos, fizeram donativos à WMF de valores superiores ao que pagaram pelo aluguer do espaço.

A auditoria realizada à gestão de Isabel Almeida ainda apurou que a empresa Troca Descobertas, que se identifica como “associação sem fins lucrativos”, utilizou espaços do Mosteiro dos Jerónimos para realizar actividades e festas privadas pagas, sem compensar a DGPC em qualquer valor.

Estão em causa actividades pedagógicas destinadas a crianças do ensino pré-escolar e do 1.º ano do ensino básico, que eram pagas pelos pais e que terão sido promovidas em sites  ligados ao Governo, embora a empresa não tivesse qualquer protocolo com o Estado.

Além disso, a associação também organizava visitas guiadas e festas de aniversário, aos fins-de-semana, e algumas das pessoas da Troca Descobertas tinham inclusive, um email oficial do Mosteiro dos Jerónimos.

Em nota ao DN, o ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, assume que, “numa auditoria interna da DGPC a vários museus e monumentos, foram detectadas irregularidades que motivaram o envio do respectivo relatório final ao Ministério Público”.

“Este assunto é agora da competência do Ministério Público, não sendo, portanto, oportuno o gabinete do ministro da Cultura pronunciar-se”, acrescenta Castro Mendes.

Isabel Almeida não respondeu, até agora, a perguntas enviadas pelo DN.

Foi também durante a gestão de Isabel Almeida que o Tribunal de Contas detectou irregularidades na venda de bilhetes no Mosteiro dos Jerónimos e na Torre de Belém, suspeitando-se do desvio de mais de 150 mil euros que terão ido para os bolsos de alguns funcionários.

O DN repara que uma das trabalhadoras suspeita do desvio de 3 mil euros das bilheteiras foi “reintegrada, porque o inquérito interno da DGPC não cumpriu um requisito”, designadamente, a “falta de audiência da arguida“.

Assim, o despedimento da funcionária “foi considerado nulo”.

ZAP //

6 Comments

  1. Pena ser mais um inquérito e auditoria que vai ser arquivada. Entretanto a culpa morre solteira e houve uns tantos girls and boys que se encheram à conta dos meus impostos. Enquanto não houver penas a sério, este país não tem hipótese! É a roubar desde o topo até lá abaixo!

    • Pois é Pedro, concordo em absoluto consigo. Mas depois, apanhe-se um desgraçado num supermercado a roubar pão, ou fiambre, ou leite, peixe, um pedaço de carne p/dar de comer à Família e já se sabe. Apareça ou não, é condenado à revelia e ainda lhe vão buscar o pouco que possa ter… se não for inclusivé preso. É óbvio que roubar é roubar, seja em que caso for, mas não pode haver 2 pesos e 2 medidas… enfim.

      • 100% de acordo. Justiça cega. Cega talvez não seja o termo mais correcto. Mas que é fraca com os fortes e muito forte com os mais fracos disso infelizmente tenho a certeza. Enfim.

  2. Pois, mais do mesmo, mais do mesmo, mais do mesmo… todos os dias!
    Tão típico um conjunto de funcionários públicos ou subsídio-dependentes desviarem milhões, em esquemas intrincados, sob uma aparência institucional digna.
    Neste país, ser empresário, querer ganhar a vida do nosso suor e do nosso trabalho e fazer isso abertamente é quase um crime.
    Neste país, (des)governado maioritariamente por um bando de palermas extremamente gananciosos, o que fica bem é IPSS, associações, fundações, institutos, centros daqui e acolá, e outras denominações afins, darem sumidouro a milhões, e fazê-lo com pompa e circunstância, pois certamente que como o objectivo não é o lucro???, então o dinheiro que por aí se escapa terá um destino divino.
    Enquanto isso acontece, os trabalhadores assumidos vão chupando o dedo…
    Eu já aprendi a lição há muito, a pagar alguma coisa faço-o a trabalhadores assumidos, de outro modo já sei que a gestão desse dinheiro seria criminosa ou pelo menos injusta e feita contexto de concorrência desleal…

  3. Começo a temer que dentro de pouco tempo alguém se lembre de começar a vender os nossos monumentos pedrinha a pedrinha e lá vão eles desaparecer na bagagem dos turistas que entretanto desaparecerão também.

  4. Nada disto me admira. O que está a vir à luz do dia é o “fedor” da podridão do Regime Republicano (dito “democrático”):
    – É a prescrição das facturas falsas;
    – É a fuga aos impostos para os bancos Suiços (“Swissliks”). Onde é que pára a Lista?
    – É a fuga os impostos para os bancos do Panamá (“Panamá papers”);
    – É o caso da “operação Marquês”
    – É o caso do BPN, do BES, Etc, Etc…
    – É o caso do BES Angola;
    – É o caso da venda apressada das minas de diamantes a Angola (com oferta do leventamento mineiro…)
    – É o caso da PT, da EDP etc, etc…
    – É o caso dos submarinos…
    – É o caso das “PPP´s”)
    – São os casos das fraudes com Fundos Comunitários…e outros
    – É o caso dos milhões transferidos sem controlo da AT…
    – É o caso dos “Vistos GOLD”…
    – É o caso dos funcionários do BdP a quem lhes foi aplicada (como a todos nós) a sobretaxa de IRS e a CES e que recorreram a Tribunal. Ganharam em 1ª instância com a condenação do Governo portugês e devolução dos impostos cobrados (com retroactivos e Juros de mora). E o Governo portugês não recorreu!!! (Pagámos ainda mais. E depois veem descaradamente dizer que o esforço é de TODOS os portugueses! É preciso ter lata!
    – É o caso da aleração (Sem REFERENDO) do Sistema de CAPITALIZAÇÃO da Seg. Social para sistema de DISTRIBUIÇÃO e agora dizem que não há sustentabilidade! Pudera já “distribuiram” tudo o que descontámos durante 40 anos…e mais…
    – Ah! E ainda aplicaram 9 MIL MILHÕES do Fundo de Estabilização da Seg. Social em Divida Pública!
    – É o caso do lobby do SANGUE (Pessoal sem vergonha!…)
    – São casos e casos e MAIS CASOS….
    – Este das festas dos Jeronimos e da bilhética da torre de Belém vem juntar-se ao caso do Mosteiro dos Templários em Tomar… e OUTROS.
    – É mais UM caso e outros virão…
    – O FEDOR alastra.
    – Já não há pachorra!

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