De Faro a Guimarães, enfermeiros denunciam falta de capacidade para atender doentes

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À denúncia dos enfermeiros da Urgência do Hospital de Faro, seguiu-se a dos enfermeiros do Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães, que acusam a falta de capacidade do hospital para atender doentes em pleno pico da gripe.

Depois de uma primeira denúncia dos enfermeiros da Urgência do Hospital de Faro sobre o caos vivido naquele hospital, enfermeiros de vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde estão a denunciar situações semelhantes em todo o país, avança o Observador.

Os enfermeiros do Hospital da Senhora da Oliveira, em Guimarães, queixaram-se agora também da falta de capacidade humana e material para atender doentes em pleno pico da gripe e denunciam que até na receção do hospital já estão a ser colocadas macas.

À denúncia juntam-se fotografias, que terão sido tiradas pelos enfermeiros na altura do ano novo, que mostram macas aglomeradas numa zona de receção e triagem.

O gabinete de comunicação do Hospital de Guimarães respondeu a dizer ter “dificuldade em identificar o local das imagens”, mas “presume-se que seja uma sala de espera (triagem) médica do Serviço de Urgência”.

“Naturalmente os doentes que entram na Urgência vêm, a maior parte, em macas e têm de ser observados nas mesmas, até serem encaminhados para observações, internamento ou alta. Nessas imagens, além dos doentes, é possível ver vários profissionais e acompanhantes de doentes, o que faz parecer que o aglomerado de pessoas é grande, o próprio ângulo das mesmas induz em tal. Não é possível perceber também se estamos numa sala grande ou pequena, os ângulos são muito fechados“, defende-se o gabinete de comunicação daquela unidade de saúde.

O hospital garante ainda que “o Hospital e os seus profissionais fazem o maior esforço para dar a resposta mais adequada aos cidadãos que acorrem aos nossos serviços, dentro de tempos clinicamente aceitáveis e que correspondam à expectativa da população”.

Esta denúncia vem juntar-se à dos enfermeiros de Faro que disseram que o “caos” vivido nas urgências está a colocar a segurança dos utentes e profissionais em risco, e avisam que o número de enfermeiros é insuficiente.

Em missiva enviada na madrugada de sábado à presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), a que a Lusa teve acesso, a equipa avisa que face à situação de “caos” não pode ser responsabilizada por “eventuais ou futuros acontecimentos dos quais resultem consequências nocivas” para os utentes ou familiares.

Segundo os enfermeiros, que querem manter o anonimato, apesar de o número de doentes admitidos ter vindo a aumentar, os recursos humanos e materiais são cada vez mais escassos, um dos fatores que tem conduzido à “diminuição da qualidade assistencial” e “progressiva degradação” da capacidade de resposta às adversidades.

“Ao mesmo tempo, o número de utentes internados em maca no Serviço de Urgência, bem como o seu tempo de permanência no mesmo, tem igualmente sido amplificado“, sublinham, acrescentando que “o número de enfermeiros escalados por turno tem-se mantido igual e, em alguns casos, tem sido inferior ao estipulado como o mínimo”.

Segundo os profissionais, o serviço tem-se revelado “incapaz de dar resposta às necessidades de utentes, familiares e profissionais que nele operam diariamente” e apesar de admitirem que a origem de alguns dos problemas é externa ao Centro Hospitalar, dizem que a administração “não tem sido capaz de defender as necessidades e os interesses da população”.

Na missiva, enviada também para o ministro da Saúde, a equipa refere ainda que o atual plano de contingência é “inadequado”, sendo “quase impossível” a sua operacionalização, pois prevê apenas a sua ativação quando o número de utentes no Serviço de Internamento na Urgência (SO) atingir os 30.

Segundo os profissionais, a ativação do plano de contingência de um serviço de urgência “não deveria nunca estar dependente do número de utentes internados”, uma vez que é um serviço que “não está apto a ser um serviço de internamento”, havendo “violação dos direitos dos utentes”.

Por outro lado, referem, o facto de haver utentes internados em SO “implica o desvio de meios, tanto humanos como materiais, dos balcões onde utentes, em ficha, aguardam cuidados de urgência”.

Por último, acrescentam, o plano de contingência “não faz referência em momento algum a um reforço de pessoal no próprio Serviço de Urgência, o que seria o mais esperado tendo em conta o aumento da afluência ao serviço”.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Falta de camas, falta de lençóis… !!! Um problema muito complicado de se resolver, e envolvendo milhões !!! O ministro da Saúde e o Governo deveriam pintar a cara de negro por não conseguirem resolver um problema tão pueril. Ou serão as cativações fundamentalistas ?!

  2. O Costa tem vindo a dizer com a boca cheia os resultados economicos de fim de ano, mas devia ter vergonha das imagens de tv sobre o que sucede nos hospitais de Faro e de Guimarães assim como outros que ocultam, parecem imagens de 3º mundo.
    Que interessa os resultados se os nossos doentes e velhotes estão abandonados num canto em qualquer hospital.
    O Marcelo que foi tratado como um rei devia agora de lutar para que o povo tivesse um tratamento identico.
    VERGONHOSO , simplesmente VERGONHOSO.

  3. Infelizmente para os profissionais de saúde e utentes, é este o estado vergonhoso em que está a saúde. O desgoverno talvez saiba fazer omelettes sem ovos…. Se o sabe ensine!!!! Quanto a resultados económicos nem merece a pena falar, porque politicamente falando a ” matemática não é uma ciência exacta e muito menos as estatísticas”… Os seus resultados favorecem sempre o político que as anuncia!!!!

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