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Enfermeiros do Hospital de Faro denunciam caos nas urgências

Mário Cruz / Lusa

A incapacidade de resposta do serviço que está a colocar a segurança dos utentes e profissionais em risco, foi denunciada pelos enfermeiros da Urgência do Hospital de Faro. Além disso, avisam que o número de enfermeiros é insuficiente.

Em missiva enviada na madrugada de sábado à presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA), a equipa avisa que face à situação de “caos” não pode ser responsabilizada por “eventuais ou futuros acontecimentos dos quais resultem consequências nocivas” para os utentes ou familiares.

Segundo os enfermeiros, que querem manter o anonimato, apesar de o número de doentes admitidos ter vindo a aumentar, os recursos humanos e materiais são cada vez mais escassos, um dos fatores que tem conduzido à “diminuição da qualidade assistencial” e “progressiva degradação” da capacidade de resposta às adversidades.

Também o número de utentes internado em maca no Serviço de Urgência e o seu tempo de permanência “tem igualmente sido amplificado”, sublinham os enfermeiros acrescentando que “o número de enfermeiros escalados por turno tem-se mantido igual e, em alguns casos, tem sido inferior ao estipulado como o mínimo“.

O serviço tem-se revelado “incapaz de dar resposta” e, apesar de admitirem que a origem de alguns dos problemas é externa ao Centro Hospitalar, dizem que a administração “não tem sido capaz de defender as necessidades e os interesses da população”.

Na missiva, enviada também para o ministro da Saúde, a equipa refere ainda que o atual plano de contingência é “inadequado”, sendo “quase impossível” a sua operacionalização, pois prevê apenas a sua ativação quando o número de utentes no Serviço de Internamento na Urgência (SO) atingir os 30.

Segundo os profissionais, a ativação do plano de contingência de um serviço de urgência “não deveria nunca estar dependente do número de utentes internados”, uma vez que é um serviço que “não está apto a ser um serviço de internamento”, havendo “violação dos direitos dos utentes”.

Por outro lado, o facto de haver utentes internados em SO “implica o desvio de meios, tanto humanos como materiais, dos balcões onde utentes, em ficha, aguardam cuidados de urgência”.

Por último, acrescentam, o plano de contingência “não faz referência em momento algum a um reforço de pessoal no próprio Serviço de Urgência, o que seria o mais esperado tendo em conta o aumento da afluência ao serviço”.

Esta situação está a colocar em causa não só a qualidade e segurança dos cuidados de enfermagem, mas também a saúde da população em geral e dos profissionais deste serviço de urgência.

A equipa já tinha enviado, em agosto passado, uma outra missiva à administração do hospital em que enumerava diversos problemas no funcionamento da urgência, nomeadamente, sobrelotação do serviço, macas sem condições para posicionamentos e conforto do utente ou condições da sala de triagem deficitárias.

Contactada pela Lusa, a administração do CHUA afirmou não ter recebido “formalmente o referido documento”, do qual diz apenas ter tido conhecimento através da comunicação social.

O Conselho de Administração diz ainda estranhar o momento escolhido para enviar o comunicado para a imprensa, na qual o enfermeiro-chefe do serviço de urgência “não se revê”, numa altura em que o hospital “tem conseguido dar resposta de forma positiva ao pico de afluência”.

ZAP // Lusa

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