Trabalhos em Alcântara vão demolir um prédio. Moradores têm de sair daqui a um mês e nem todos têm casa nova.
As obras no metro em Lisboa, na linha vermelha, vão originar a demolição de um prédio onde moram seis famílias.
Falta cerca de um mês para a data limite de saída (31 de Dezembro) da Casa de Goa – propriedade da Câmara Municipal de Lisboa.
São pessoas que pagam uma renda abaixo do valor de mercado e nem todas têm casa garantida.
Quem paga a renda directamente à Câmara já sabe que vai morar num prédio em Lisboa. Estão “serenos”. Os outros não.
“Os inquilinos municipais já tiveram a sua resposta. Quanto a nós, recebemos há poucos dias a primeira comunicação por parte da Casa de Goa, dizendo que tentaram de várias maneiras que o edifício não fosse abaixo, mas sem resultados. Temos de sair até ao dia 31 de Dezembro e, no meu caso, não tenho para onde ir“, disse Franz Bur, professor universitário, ao Diário de Notícias.
Miguel, outro morador, fala em “muito transtorno e muita ansiedade” porque, alega, a Metro de Lisboa, a Câmara Municipal de Lisboa e a Casa de Goa nunca falou com os moradores.
“O prazo começa a ficar muito apertado e estamos todos a entrar em pânico porque não temos dinheiro, com os nossos ordenados, para pagar uma casa no mercado de arrendamento normal“, continua Miguel.
André Tomás tem um futuro semelhante: não sabe onde vai morar a partir de Janeiro. “Tenho uma filha com 5 anos, que anda aqui na escola, a minha mulher está desempregada e não temos para onde ir. A minha única alternativa é ir para casa dos meus sogros, mas é uma casa muito pequena, que mal chega para eles”.
“Recebemos uma carta registada da Casa de Goa, há cerca de um mês, a dizer que tínhamos de entregar as chaves no dia 31 de dezembro. E pelo que sei é mesmo o que vai acontecer.”.
Nos casos de André e Miguel, há uma esperança: receberam a visita de uma funcionária do Instituto de Avaliação Imobiliária (INAI), que representa a Metro de Lisboa “Disse para não nos preocuparmos porque ninguém ia ficar na rua”.
A Metro de Lisboa garantiu que está a trabalhar para alcançar um acordo que “minimize os transtornos causados por este empreendimento”.
A Câmara Municipal de Lisboa lembra que estes inquilinos não têm qualquer relação com as autarquia, por isso o caso não é da sua responsabilidade. Mas deixa a sugestão: “Podem candidatar-se aos programas de apoio e acesso à habitação previstos no Regulamento Municipal do Direito à Habitação: Programa Renda Acessível, Subsídio Municipal ao Arrendamento Acessível e Programa Arrendamento Apoiado.”
Um restaurante no local também será demolido. 60 trabalhadores vão ficar sem emprego.