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“Falhámos”. Faltou estratégia clara no desconfinamento, diz o pneumologista Filipe Froes

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Mário Cruz / Lusa

O pneumologista Filipe Froes considerou esta terça-feira que o país teve uma estratégia no confinamento devido à pandemia de covid-19, mas faltou “uma estratégia clara” no desconfinamento.

“Falhámos, desconfinámos com novos casos a rondar os 200 e não valorizamos os assintomáticos”, disse numa cerimónia em Lisboa para apresentação de um manifesto com o tema “Salvar o SNS – estamos do lado da solução”, que foi assinado por duas dezenas de personalidades e que apresenta propostas para “salvar” o Serviço Nacional de Saúde.

O clínico acrescentou: “Ao contrário da mitigação, no desconfinamento não houve uma estratégia clara. Não tivemos a capacidade de transformar dados epidemiológicos em conhecimento de saúde pública. Temos de mudar, ir à procura do vírus e não do doente”.

O documento foi lançado por um grupo de cidadãos, a maioria profissionais de saúde, e propõe medidas como o reforço do investimento em profissionais e equipamentos, com prioridade para as regiões de maior carência.

Presente no final da apresentação do manifesto a ministra da Saúde, Marta Temido, apoiou a iniciativa, considerando que os autores tocam em “preocupações essenciais”, como o investimento ou a valorização dos profissionais da saúde.

Na sua intervenção Filipe Froes já tinha afirmando que a pandemia de covid-19 revelou a importância do conhecimento e do SNS, bem como das suas fragilidades, acrescentando que é importante reformular o SNS, porque uma pandemia como a que agora decorre “vai voltar a acontecer”.

Outros intervenientes, como a médica endocrinologista Isabel do Carmo, a gestora hospitalar Ana Sofia Ferreira, o diretor do Instituto Português de Oncologia, João Oliveira, ou o médico de família João Rodrigues também defenderam mudanças do SNS e propuseram soluções, sempre considerando como indispensável reforçar o investimento público na saúde, remunerar melhor os profissionais, modernizar as áreas de diagnóstico e terapêutica e requalificar instalações e equipamentos.

Marta Temido considerou no final que é “evidente” ser preciso pagar melhor aos profissionais de saúde, mas que esse é um tema “particularmente difícil” num momento económico e financeiro como o atual, decorrente da crise provocada pela pandemia.

Responder positivamente às expectativas só é possível “com outras formas” de trabalho, porque “muitos dos males” do SNS têm a ver com “métodos de trabalho e organização do tempo de trabalho”, disse a ministra, considerando que a pandemia permitiu refletir sobre o papel do SNS. No manifesto os signatários avaliam positivamente a resposta pública à [pandemia de] covid-19, mas estão “preocupados com a situação” do SNS e empenhados em contribuir para “encontrar soluções”, lê-se no documento.

“A resposta do SNS à covid-19 foi completa, não podendo ser ignoradas as medidas de reconfiguração de serviços, desde a saúde pública aos hospitais. Quem apregoava o ‘caos’ que se ia viver no SNS, quem tentou ser alarmista em tempo de ser sereno, perdeu a causa, refere o manifesto.

Portugal registo hoje mais oito mortes causadas pela covid-19 do que na segunda-feira e mais 229 infetados, cerca de 82% dos quais na Região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. Falhámos agora e desde o início de todo o processo COVID19. Essa é que é a realidade. Estamos ao nível da Suécia que nem confinamento fez. E os Ingleses… os Ingleses!!!! só nos aceitam com um teste positivo!!! Os Ingleses!!! Só falta os Brasileiros e os Americanos fazerem-nos o mesmo!!!

  2. Bom! pelo que se vê quem falhou foi Lisboa e arredores ! Os imunes e impunes que destroem todo o sacrificio de quem cumpriu e cumpre com regras rigorosas e dificeis

  3. Quem é o cretino que pode dizer que estamos ao nível da Suécia? Se substituir a letra g de burgo por um r, fica com uma identificação mais consentânea com a qualidade do seu cérebro.
    Pode-se chamar a isto também, mau carácter, só por maldade pode fazer um comentário desses.
    É importante cada vez mais que todos nós cumpramos, e tentemos junto dos nossos mais próximos que eles cumpram também com as determinações, para melhor ultrapassarmos este pesadelo.

    • Ó iluminado. Vá ver o número de casos diário em Portugal e na Suécia e já agora aproveite para ver o tratamento que os diferentes países dão aos cidadãos portugueses e suecos e verá que é exatamente o mesmo. Metem-nos no grupo da Suécia. É assim tão grunho ou é apenas mais um distraído? E não se esqueça que os suecos nem em casa ficaram… E por este caminho é muito normal que venha a chegar à triste conclusão que afinal o número de mortos no final será o mesmo, eles apenas as anteciparam.

    • Andas distraído. Olha que aquele a quem tu rapidamente chamaste de burro tem mais razão do que tu. O número de casos diário em Portugal e Suécia é praticamente o mesmo. E o tratamento que é dado aos cidadãos dos dois países (e penso que seria isso que ele estaria a referir-se) é o mesmo. Logo quando refere que estamos ao nível da Suécia (na forma como encaram os nossos cidadãos) tem razão.
      Evita comentar, ou pelo menos insultar, se não vês regularmente notícias. Depois, acontece isto.

  4. Falhamos todos, a OMS, DGS, Especialistas e uma grande parte dos cidadãos que em vez de seguirem as recomendações preferiam fazer- se heróis como a eles nada iria acontecer, os cidadãos que foram diagnosticados e deram residências falsas e outros que mudaram de residência sem terem comunicado aos responsáveis da Saúde no terreno, a saberem que nem Portugal nem País algum tem capacidade de responder rapidamente a todos os casos que aparece, esqueceram-se que os profissionais de Saúde são seres humanos que também se cansam que precisam de descansar e de estar com as suas famílias, seria um Milagre que Portugal tivesse Médicos, Médicos Especialistas e Enfermeiros para acudir rapidamente em todos os pontos do País,Países muito mais ricos e desenvolvidos que Portugal não conseguiram e nem conseguem isso a 1ª coisa que deveriam todos sejam especialistas, médicos, enfermeiros e políticos era arrumarem as bandeirinhas e dizer aos cidadãos que para conseguimos vencer a Epidemia era todos nos protegermos dizer as vezes que fossem precisas, dizer que nenhum SNS só por si não consegue dar resposta e que mesmo com mais Hospitais era impossível vencer a epidemia sem a colaboração de todos nós, mas muitos preferiram agitar as suas bandeirinhas em vez de se preocuparem com as populações, as epidemias não têm bandeiras partidárias nem ricos nem pobres ataca todos sem distinção. mas à boa moda portuguesa a culpa é dos outros.

  5. O país não falhou todo da mesma maneira.
    Esta doença “vence-se” com prudência, humildade, paciência e decisão.
    Mas vimos e ouvimos mensagens vitoriosas, apressadas em desconfinar e aparentar normalidade. Contraproducentes.
    Vimos ajuntamentos serem autorizados, por razões politicas ou culturais, exactamente nas zonas que agora são as mais afectadas.
    Vimos os primeiros sinais de que a coisa estava a correr mal, serem desvalorizados, desviados para canto, tentar arranjar nichos culpados. Mas não deixa de ser curioso a discrepância a nível territorial. Que deveria ter obrigado a medidas que diminuissem o risco de propagação para o resto do território nacional.

  6. O problema agrava-se a cada dia.
    Ele não reside tanto no S. N. S., como tentam fazer crer, mas sim e sobretudo na icapacidade cognitiva da população, no seu estádio mental, na falta de interesse em estar informada, no “espertismo” de uma parte muito significativa dos seus membros e na atitude terrorista de outra parte.
    O que se vai vendo por aí corresponde à certeza de que não haverá S.N.S., por melhor apetrechado que esteja, que nos valha.

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