523 mortes a mais numa semana: “Calor e covid não cobrem tudo. É preciso investigar”

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Contabilidade da Direcção-Geral da Saúde subiu para mais do dobro, ao longo dos últimos dias. Especialistas deixam apelos.

Entre os dias 11 e 17 de Julho, ou seja entre a última segunda-feira e o último domingo, registou-se novo excesso de mortalidade em Portugal.

Depois dos 238 óbitos a mais na contabilidade anterior, os números divulgados pelo jornal Público sobem para mais do dobro: morreram mais 523 pessoas, comparando com os registos habituais nesta altura do ano.

Os números, ainda provisórios, foram recolhidos junto do sistema de vigilância da mortalidade por todas as causas, da Direcção-Geral da Saúde.

O dia com mais mortes em excesso foi na quinta-feira passada, dia 14, quando ao todo faleceram 440 pessoas, só nesse dia. Foi o segundo dia com mais mortes registadas em Portugal, em 2022.

Pedro M. Sousa, meteorologista, admitiu que grande parte destas mortes estará relacionada com a onda de calor, embora não se possa “atribuir tudo” às temperaturas altas.

Gustavo Tato Borges também admitiu que a onda de calor é “bastante forte, é um factor que não podemos negligenciar”, lembrando ainda que os números de mortalidade relacionada com a COVID-19 ainda são “consideráveis”.

“Mas esses dois factores, calor e COVID, não cobrem na totalidade os números – e isso é algo que é preciso investigar um bocadinho mais”, alertou o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, na rádio Observador.

“São afectadas as pessoas com doenças crónicas, tem havido constrangimentos no Serviço Nacional de Saúde, nos cuidados aos doentes… Deve ser avaliado, mas para já não temos dados para debater de forma concreta”, comentou.

Na mesma rádio, Miguel Guimarães recordou que, há uma semana, disse que se tem falado muito sobre os incêndios nas declarações do Governo – o que se justifica – mas “sobre a saúde ninguém disse nada”.

“A saúde é uma área importante, com impacto enorme, e não falamos disso. As guerras ganham-se na prevenção, depois disso é só tentar remediar os estragos”, disse.

O Bastonário da Ordem dos Médicos afirmou ainda que a onda de calor interfere com doenças e as pessoas mais frágeis podem acabar por morrer nesta sequência.

“Tem que se ver bem, perceber bem a que corresponde este excesso de mortalidade, sabendo que a onda de calor afecta. Quando se prevê que vem aí onda de calor, todos os cuidados de saúde são poucos. E há unidades de saúde sem ar condicionado, por exemplo”, lamentou o bastonário, que pediu uma investigação “mais robusta nesta matéria, sabendo que o assunto dos incêndios é fundamental”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

6 Comments

  1. Este é o resultado de todo Portugal.
    Existe também um resultado que municípios têm uma maior taxa de mortalidade?
    idade Média?

  2. Investiguem, investiguem. Mas depois contem a que conclusão chegaram.
    Portugal e o almirante são o exemplo para o mundo inteiro. O país com a maior taxa de vacinação. Foi a torto e a direito. A quem se deixou, claro.

    • Já enviaram mensagem, para ser vacinada com a terceira dose, mas, como é óbvio, não vou, porque a vacina é inútil e o Covid continua aí. Por mais doses que a malta tome, o vírus não desaparecerá assim tão rapidamente das nossas vidas! Cumprimentos.

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