João Cravinho, ex-ministro das Obras Públicas, acusou o Governo de José Sócrates de travar o combate à corrupção e falou em comportamentos inadmissíveis e execráveis do então primeiro-ministro.
Em entrevista ao Polígrafo SIC esta segunda-feira, o ex-ministro das Obras Públicas João Cravinho, que criou um Plano Anticorrupção em 2006, garantiu que este só não avançou porque o então primeiro-ministro José Sócrates não quis.
“A visão política, a convicção política, os atos políticos de José Sócrates, como primeiro-ministro e como secretário-geral do Partido Socialista, que era a obrigação dele ao Parlamento… A visão política dele era de não combate à corrupção“, assegurou o ex-governante.
“O PS não pode fingir que não houve um período em que o partido com maioria absoluta, [que], com todos os meios, foi um partido combatente, empenhou toda a sua capacidade política, legitimada pelo seu secretário-geral, que também era primeiro-ministro, contra a ideia de se combater sistemicamente a fundo a corrupção. Isso é que faz parte da história do PS”, argumentou João Cravinho.
Questionado sobre a proposta para combater o enriquecimento injustificado, o ex-governante disse que a medida é “boa” e só vê motivos para que avance.
“A minha ideia é que o próximo congresso do Partido Socialista, que é dentro de poucos meses, tem necessariamente de tomar posição sobre o assunto. E deve fazê-lo exatamente como o Presidente da República diz: sem contemplação e sem flagelação”, considerou o ex-ministro na entrevista.
Para João Cravinho, o PS tem a obrigação de assumir a luta contra o enriquecimento ilícito como um tema prioritário e este assunto “não pode, de maneira nenhuma, ser ignorado, ser esquecido ou ser metido debaixo do tapete”.
Questionado sobre o comportamento do antigo primeiro-ministro ao longo do processo de acusação no âmbito da Operação Marquês, o ex-ministro falou de “náusea”.
“O que sei hoje é o que vem na comunicação social. (…) A partir de certa altura há náusea, física até… de uma pessoa estar a ver e a ouvir vídeos inconcebíveis. Tenho juízo que não é definitivo, aguarda com expectativa e preocupação da prova que venha a ser produzida em julgamento. Mas há comportamentos que são completamente inadmissíveis para qualquer cidadão decente, quanto mais um socialista com responsabilidade máxima no partido e com maioria absoluta… Mais do que inadmissível, daqueles casos execravelmente de hostilidade que tem de nascer nas vísceras.”
Ora aqui está um homem sério do PS. São poucos. E geralmente os que o são… são imediatamente afastados e corridos para bem longe. Com este à frente, até eu votaria no PS.