Resolução do Conselho de Segurança da ONU exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza. EUA não deixaram que fosse aprovado.
Os Estados Unidos vetaram um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza, apesar do apelo inédito lançado pelo secretário-geral da organização, António Guterres.
A resolução, da autoria dos Emirados Árabes Unidos e que foi apoiada por dezenas de Estados-membros, foi rejeitada com um voto contra dos Estados Unidos (membro permanente, com poder de veto), 13 a favor e uma abstenção (Reino Unido).
O projeto de resolução – agora rejeitado – manifestava “grave preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e com o sofrimento da população civil palestiniana”, sublinhava que “as populações civis palestinianas e israelitas deveriam ser protegidas de acordo com o direito humanitário internacional” e exigia um cessar-fogo humanitário imediato.
Exigia também a libertação imediata e incondicional de todos os reféns e a garantia de acesso humanitário.
A votação ocorreu depois de Guterres ter invocado na quarta-feira, pela primeira vez desde que se tornou secretário-geral, o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas, pedindo ao Conselho de Segurança, o único órgão da ONU cujas decisões têm caráter vinculativo, que “evitasse uma catástrofe humanitária” no enclave e aprovasse um cessar-fogo.
De manhã, numa reunião do Conselho de Segurança, Guterres reiterou esses apelos, mas os Estados Unidos opuseram-se explicitamente a um cessar-fogo.
João Gomes Cravinho lamentou esta decisão dos Estados Unidos e insistiu na via do diálogo.
“Naturalmente que lamentamos. Nós tínhamos precisamente apoiado a resolução que está ser vetada”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros à agência Lusa, à margem da cerimónia de entrega dos prémios `Manuel António da Mota — Uma Vida em Angola`, que decorreu em Luanda.
Cravinho sublinhou que esta é a posição que Portugal tem assumido e insistiu que é urgente haver um cessar-fogo humanitário.
“É preciso que haja acesso da ajuda humanitária à população de Gaza, consideramos também fundamental que haja libertação sem condições dos reféns em Gaza e acreditamos que o cessar-fogo iria nesse sentido”, sublinhou.
O chefe da diplomacia portuguesa afirmou que é preciso continuar a conversar, notando que tem havido evolução nas posições das Nações Unidas e dos próprios Estados Unidos, Israel e Gaza.
“Acreditamos que, continuando o diálogo, encontraremos soluções que serão satisfatórias para todos. É fundamental que haja um cessar-fogo – e repito aqui este apelo – enquanto não for permanente, deve ser temporário, que permita acesso humanitário às populações, que permita começar a falar de um futuro mais estável, nomeadamente através da solução de dois Estados”, sublinhou o ministro.
Questionado pela Lusa sobre o que poderia fazer os EUA mudarem a sua posição face ao conflito, Gomes Cravinho considerou que isso já está a acontecer, embora nem sempre de forma visível.
“Mas quando se fala com os responsáveis políticos americanos, percebemos que a posição deles não é tão distante da nossa, a interpretação que eles fazem do caminho para lá chegar é que pode ser diferente”, notou.
A China expressou “profunda deceção” com o veto dos EUA.
A proposta “reflete o apelo universal da comunidade internacional e representa a direção certa para o restabelecimento da paz”, afirmou o embaixador chinês na ONU, Zhang Jun, citado pela televisão estatal CGTN.
“A China apoia totalmente esta iniciativa e juntou-se à pressão para a elaboração deste projeto de resolução”, acrescentou Zhang, que acusou Washington de empregar “dois pesos e duas medidas” ao falar da proteção das mulheres, das crianças e dos direitos humanos, enquanto “consente” na continuação do conflito.
Zhang apelou ainda a Israel para que ponha fim à “punição coletiva do povo de Gaza”.
ZAP // Lusa
Guerra no Médio Oriente
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E fizeram muito bem. Apoiar um cessar fogo é apoiar terroristas.