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“Mais um presente” para Netanyahu. EUA deixam de considerar ilegais os colonatos israelitas na Cisjordânia

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Os Estados Unidos deixaram de considerar ilegais os colonatos israelitas na Cisjordânia. O anúncio foi feito esta segunda-feira pelo secretário de Estado, Mike Pompeo, revertendo uma política com 41 anos.

“Depois de estudar todos os lados do debate legal, esta administração decidiu concordar com o Presidente Reagan: o estabelecimento de colonatos civis na Cisjordânia não é, per se, inconsistente com a lei internacional”, declarou Pompeo no Departamento do Estado, referindo-se à posição tomada por Ronald Reagan em 1981, quando disse que os colonatos não eram “inerentemente ilegais”.

O anúncio resulta de um ano de trabalho, feito pelo Departamento do Estado em estreita coordenação com a equipa de paz da Casa Branca, liderada pelo genro de Donald Trump, Jared Krushner, segundo avançou uma fonte oficial à CNN, salientando que o governo norte-americano continua a defender que os colonatos israelitas não contribuem para a manutenção da paz entre Israel e a Palestina.

Mike Pompeo garantiu que a decisão “foi baseada unicamente em factos, na História e nas circunstâncias apresentadas” e que o governo norte-americano não pretende expressar assim “qualquer posição em relação ao estado legal de nenhum colonato” ou “abordar ou prejudicar o estado final da Cisjordânia”.

Benjamin Netanyahu reagiu à decisão, considerando que corrige um “erro histórico”.

Em 2017, Trump reconheceu oficialmente Jerusalém como a capital de Israel e, um ano depois, abriu uma embaixada nessa cidade. Aliás, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, inaugurou um novo colonato nos Montes Golã, território sírio anexado por Israel em 1981, batizado “Colina Trump” em honra do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Atef Safadi / EPA

Um colonato nos Montes Golã foi batizado de “Colina Trump” em honra do presidente dos EUA

“Mais um presente” para Netanyahu

O anúncio levantou um coro de críticas. Um porta-voz do presidente palestiniano, Nabil Abu Rudeineh, disse que a decisão dos norte-americanos “contradiz totalmente a lei internacional”, de acordo com a Reuters.

Segundo a Al Jazeera, o ministro jordano dos Negócios Estrangeiros, Ayman Safadi, alertou que a mudança de posição dos EUA terá “consequências perigosas” nas perspetivas de revitalização do processo de paz no Médio Oriente. O governante reiterou que os colonatos são ilegais e atentatórios contra uma solução de dois Estados em que um Estado palestiniano existiria ao lado de Israel.

Também a União Europeia reagiu à decisão pela voz de Federica Mogherini, alta representante da UE para a política externa e a segurança. “A União Europeia (UE) apela a Israel para que acabe com todas as atividades de assentamento, em linha com as suas obrigações como potência ocupante”, disse.

O diretor executivo da US Campaign for Palestinian Rights, uma organização não-governamental americana que luta pelos direitos dos palestinianos, também se mostrou crítico do anúncio de Pompeo. Segundo Yousef Munayyer, foi “mais um presente” para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e “uma luz verde para os líderes israelitas construírem mais colonatos e promoverem a anexação formal”.

O senador norte-americano Bernie Sanders, candidato à nomeação democrata para as eleições do próximo ano, juntou-se à condenação do anúncio, sublinhando que “os colonatos israelitas em território ocupado são ilegais”. “Isto está claro no direito internacional e em várias resoluções das Nações Unidas. Mais uma vez, Trump está a isolar os EUA e a minar a diplomacia ao ceder à sua base extremista”, acusou.

ZAP //

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