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Estreou-se o primeiro filme escrito por um robô – e ninguém notou

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O novo filme do realizador Oscar Sharp, recentemente apresentado no concurso cinematográfico 48hr Film Challenge, foi completamente escrito por um super-computador. Ninguém notou a diferença.

O papel principal de Sunspring, o mais recente filme do realizador britânico Oscar Sharp, foi interpretado por um actor de carne e osso, o canadiano Thomas Middleditch, protagonista da série Silicon Valley, da HBO.

Mas o argumento da curta-metragem deficção-científica foi totalmente escrito por Benjamin, um super-computador com 32 processadores gráficos Tesla K80.

Mais concretamente, o argumento foi criado por uma rede neural artificial – um modelo computacional inspirado no sistema nervoso humano – que analisou a estrutura dos argumentos de filmes que tinham sido adicionados à sua memória.

As redes neurais artificiais são normalmente constituídas por uma espécie de “neurónios interligados” com capacidade de analisar dados e reconhecer padrões, conferindo a um sistema informático a capacidade de “aprender”.

Para concretizar a ideia de um filme com um argumento exclusivamente escrito por uma inteligência artificial, o realizador Oscar Sharp recorreu a um especialista em IA, Ross Goodwin, investigador da Universidade de Nova Iorque.

Benjamin foi “alimentado” com dezenas de argumentos de filmes de ficção científica: dos clássicos Blade Runner e 2001 às sagas Aliens ou Star Wars, passando por Dark City e Brazil, até à comédia Hitchikers Guide to the Galaxy, uma amostra variada do imaginário de cinema fantástico de Hollywood.

E o resultado foi Sunspring, uma intensa e hilariante curta-metragem de 9 minutos, para a qual Benjamin escreveu até a letra da música.

Benjamin tem um estilo muito próprio, excêntrico, quase estranho, com um ar muito original”, diz Goodwin à ArsTechnica.

“Mas ainda assim, o estilo de Benjamin é baseado em padrões que identificou em argumentos escritos por humanos”, realça o especialista em Inteligência Artificial.

“Muitos dos meus amigos nem sequer suspeitam de que o argumento do filme foi escrito por um robô e não por uma pessoa”, diz Goodwin.

Mas há quem diga que pegar numas dezenas de argumentos de filmes de Hollywood, misturar tudo, e espremer um argumento convincente com ar de novo nem sequer é uma ideia assim tão original.

Apenas nunca tinha sido feito por uma máquina.

AJB, ZAP

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