/

Boris sofre derrota parlamentar. “Estão à beira de destruir tudo”

5

Neil Hall / EPA

A Câmara dos Comuns do Parlamento britânico aprovou, por 328 votos contra 301,​ uma moção para assumir a iniciativa legislativa sobre o processo do Brexit.

Foram 21 os deputados do Partido Conservador, de Boris Johnson, que votaram a favor da moção, apresentada pelo tory Oliver Letwin.​ O resultado da votação levou o primeiro-ministro a ameaçar com eleições antecipadas.

Os deputados conservadores que apoiaram a moção foram Guto Bebb, Richard Benyon, Steve Brine, Alistair Burt, Greg Clark, Ken Clark, David Gauke, Justine Greening, Dominic Grieve, Sam Gyimah, Philip Hammond, Stephen Hammond, Richard Harrington, Margot James, Oliver Letwin, Anne Milton, Caroline Nokes, Antoinette Sandbach, Nicholas Soames, Rory Stewart e Ed Vaizey.

O grupo de 21 deputados inclui não só ex-ministros do Governo anterior (Hammond e Gauke), mas também o deputado mais antigo da Câmara e um tory histórico (Ken Clark), bem como o neto do próprio Winston Churchill (Nicholas Soames). Segundo a BBC, os 21 rebeldes conservadores vão ser expulsos do grupo parlamentar.

Para lá dos ferozes ataques ao primeiro-ministro, o deputado conservador Philip Lee foi o protagonista do dia: levantou-se da bancada tory, atravessou a sala e sentou-se na do Partido Liberal Democrata (lib-dem), enquanto Johnson tentava, num discurso igual a si próprio, defender a sua gestão do Brexit.

Lee saiu pelo seu próprio pé, acusando o Partido Conservador de não ser aquele a que se juntou em 1992 e o Governo de Johnson de pretender um Brexit “agressivo” e lesivo para a economia e a unidade do Reino Unido.

Com a aprovação desta moção, por uma maioria de diferentes partidos, a Câmara dos Comuns vai debater e votar esta quarta-feira uma proposta de lei para tornar ilegal a hipótese de um Brexit sem acordo.

Depois da votação, Boris Johnson afirmou que se a moção for aprovada na quarta-feira vai avançar com um pedido de eleições. “O Parlamento está à beira de destruir tudo o que fizemos”, começa por reagir Boris. “Não quero eleições, mas se os deputados votarem amanhã a favor de um novo adiamento sem sentido do Brexit, essa será a única forma de resolver isto”, disse.

“Que não haja dúvidas das consequências do voto desta noite. Significa que o Parlamento está à beira de destruir qualquer acordo que podemos conseguir em Bruxelas. Porque a lei de amanhã entregaria o controlo das negociações à União Europeia. E isso significaria mais hesitações, mais atrasos, mais confusão. E significaria que a União Europeia poderia decidir quanto tempo quer manter este país na União Europeia”, disse o primeiro-ministro.

“E como recuso participar nesse plano vamos ter que fazer uma escolha. Não quero eleições. O público não quer eleições. Mas se a Câmara aprovar esta lei amanhã, o público terá que escolher quem vai a Bruxelas a 17 de outubro para resolver isto e fazer o país avançar”, acrescenta.

Na Câmara dos Comuns, depois do voto, o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, aplaudiu a decisão da maioria dos deputados. “Vivemos numa democracia parlamentar, não temos uma presidência, mas um primeiro-ministro. Os primeiros-ministros governam com o consentimento da Câmara dos Comuns, que representam o povo soberano. Não há consentimento nesta casa para deixar a União Europeia sem acordo. Não há uma maioria favorável a um não acordo no país”, disse Corbyn.

O líder do Labour defende que eventuais eleições só deverão acontecer depois de a lei que proíbe o Brexit sem acordo ser aprovada. Para conseguir convocar eleições antecipadas, o primeiro-ministro precisa do voto favorável de dois terços dos deputados.

Se forem marcadas eleições, elas deverão acontecer a 15 de outubro, segundo o jornal britânico The Guardian. A data anteriormente apontada – 14 de outubro – coincidiria com a celebração judaica do Sucot.

O cenário de eleições antecipadas ganhou força esta semana no Reino Unido. Numa declaração ao país na segunda-feira, Boris Johnson acenou com essa possibilidade se o Parlamento travar a hipótese de um Brexit sem acordo. Se forem marcadas eleições antecipadas, as sondagens indicam que o Partido Conservador manteria a maioria no Parlamento, ainda que com menos deputados do que atualmente.

Esta manhã, uma porta-voz da Comissão Europeia anunciou que, nesta quarta-feira, naquela que será a primeira reunião do colégio depois das férias de verão, o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, vai informar os comissários “sobre os seus recentes contactos com o primeiro-ministro” britânico, Boris Johnson, tendo também convidado o negociador-chefe da União Europeia, Michel Barnier, para fazer um ponto da situação “sobre os desenvolvimentos em Londres e as últimas negociações técnicas”.

No quadro do trabalho de preparação e contingência para o cenário de uma saída do Reino Unido do bloco europeu em 31 de outubro sem acordo, a Comissão irá adotar uma nova comunicação, a sexta, sobre os preparativos da UE a 27 para uma saída desordenada dos britânicos, “incluindo uma série de ajustamentos a medidas de contingência já existentes”, prosseguiu a porta-voz, Mina Andreeva.

“O objetivo desta comunicação será reiterar o apelo da Comissão Europeia aos cidadãos e empresas da UE para se prepararem para a saída do Reino Unido em 31 de outubro”, disse.

ZAP //

5 Comments

  1. Tal e qual como eu previ à meses ao ler as linhas destas mãos que estão levantadas. Ascenção e queda! Como se pode ver nas mãos deste homem a linha do sucesso em ambas as mãos é travada pela linha da cabeça, o que indica decisões erradas que o levam à queda e suicidio politico. De notar também uma linha da vida invertida que denota uma pessoa extremamente egoísta.

  2. Vai-te pentear ó Boris.
    Felizmente os primeiros ministro no UK não são deuses, e como todos os outros primeiros ministros, têm tendência a esquecer que devem representar a vontade do povo e não a sua própria, não sei qual o receio que têm em referendar de novo o Brexit, pois se estão tão convictos que é essa a vontade dos britânicos, só ganhariam em clarificar esta trapalhada, pois de por algum motivo essa já não seja a vontade da maioria, ela deve ser respeitada.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.