A Solar Parker Probe, sonda da NASA que na véspera de Natal conseguiu efetuar a maior aproximação de sempre de um objeto humano ao Sol, “está segura”, anunciou a agência espacial norte-americana esta sexta-feira.
“All clear“. A Parker Solar Probe está bem, e esta quinta-feira mandou cumprimentos à NASA, revelou hoje a agência espacial.
Às 11.53h da véspera de Natal, a intrépida nave espacial fez história: esteve à mais pequena distância a que um objeto construído pela Humanidade já esteve da nossa estrela — apenas 6,1 milhões de km de distância. No ponto mais próximo da nossa estrela, suportou temperaturas de 982°C.
Neste ponto, a intrépida nave espacial esteve dentro da atmosfera superior do Sol, “literalmente a tocar a estrela“, disse à ABC News a diretora-adjunta de heliofísica da NASA, Nicki Rayl.
Esta incrível façanha de velocidade foi alcançada graças à ajuda de sete “impulsos” gravitacionais de passagens por Vénus, a última das quais ocorreu em novembro de 2024.
Após a passagem histórica pelo Sol, dois dias de suspense: durante o sobrevoo a NASA teve de perder o contacto com a nave espacial, e teve que esperar durante dois dias por notícias da sonda.
Esta foi a 22ª vez que a Parker fez uma passagem próxima do sol, e deverá fazer pelo menos mais duas passagens, mas esta foi a mais próxima que alguma vez esteve e estará da estrela.
A Solar Parker Probe é a nave espacial mais rápida construída pelo homem, tendo atingido uma velocidade de 690.000 km/h na sua maior aproximação.
Está equipada com um escudo térmico que mantém os seus instrumentos sensíveis um pouco acima da temperatura ambiente, a cerca de 30°C. Esta camada protetora de 4,5 centímetros de espessura foi construída após mais de uma década de investigação.
O sistema de arrefecimento a água, com camadas de espuma de carbono isolante e um revestimento de tinta cerâmica branca brilhante para refletir o pior do calor conferem à sonda a sua invulnerabilidade face ao brilho do sol.
Lançada em 2018 para explorar o Sol, a Parker esteve desde então a voar diretamente na sua atmosfera exterior, semelhante a uma coroa, enquanto recolhe dados sobre a nossa estrela.
Os cientistas esperam que estes dados possam ajudar a resolver um mistério de longa data sobre a atmosfera exterior do Sol, que os tem perturbado durante décadas: o chamado “problema do aquecimento coronal“: apesar de estar mais afastada da principal fonte de energia do Sol (o seu núcleo), a coroa solar é muito mais quente do que a superfície do Sol, a fotosfera.
O nosso modelo padrão das estrelas sugere que quanto mais nos aproximamos do núcleo estelar, onde as estrelas de sequência principal como o Sol realizam a fusão nuclear para transformar o hidrogénio em hélio e libertar energia, mais quente fica.
Todas as camadas do Sol parecem obedecer rigorosamente a esta regra — com exceção da coroa, que pode atingir temperaturas superiores 1,1 milhões de graus Celsius; cerca de 1.600 km mais perto da fonte de calor do Sol, a fotosfera atinge uns relativamente agradáveis 4.100°C.
A Parker irá continuar a sua missão, fazendo sobrevoos ao Sol a 22 de março de 2025. Depois, o seu último sobrevoo terá lugar a 19 de junho de 2025.