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Esta noite a hora muda (e pode ser a última vez)

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Na madrugada deste domingo, o relógio atrasa uma hora. E esta poderá vir a ser a última vez que a Hora Legal muda do regime de Verão para o regime de Inverno em Portugal.

Às 2:00 horas da manhã deste domingo, dia 28 de Outubro de 2018, os relógios dos residentes em Portugal Continental e na Madeira serão atrasados em 60 minutos, passando para a 1:00 hora da manhã. Nos Açores, a mudança terá lugar à 1:00h, passando os relógios a marcar 0.00h.

Se Portugal seguir as orientações da União Europeia, esta poderá ser última vez que a Hora Legal muda do regime de Verão para o regime de Inverno em Portugal.

Após uma consulta pública online sobre a mudança de hora, lançada em julho e concluída a 16 de agosto, a Comissão Europeia decidiu propor o fim da mudança de hora, seguindo a  vontade expressa por uma maioria “muito clara” de 84% dos cidadãos que participaram na consulta.

Mas este resultado é falacioso, segundo diz Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, ao Observador.

Os resultados foram mal interpretados. O assunto não foi debatido na globalidade para as pessoas saberem os prós e contras do que estavam a votar. Os resultados não representam a opinião dos europeus, mas a das pessoas que tinham conhecimento do inquérito e votaram”, salienta.

As disposições atuais relativas à hora de verão na UE exigem que os relógios sejam alterados duas vezes por ano, para ter em conta a evolução dos padrões de luz do dia e tirar partido da luz do dia disponível num dado período.

Rui Agostinho explica que acabar com a mudança de hora vai tornar o inverno mais difícil para os portugueses. “O sol vai nascer por volta das 09h00. Esse é o preço que vamos pagar”.

Não é no entanto certo que o fim da mudança da hora venha a ser aplicada no nosso país. No início do mês, António Costa defendeu que Portugal deveria manter o regime bi-horário actual. “Não vejo razão para se contrariar a ciência”, considerou o primeiro-ministro.

Costa salientou não ser “nem contra, nem a favor” do fim da mudança da hora, mas considerou que “há matérias sobre as quais não vale a pena ter doutrinas políticas”. “Vale a pena seguir o que é a informação da ciência. Se a ciência entende que o regime horário mais adequado é este, quem sou eu para dizer o contrário?”, afirmou.

No entanto, Portugal pode mesmo ter de acabar com a mudança de hora. “Está na decisão de cada país escolher a hora legal regular que o País tem. Mas a escolha do país de ter ou não hora de verão não está na sua própria determinação”, diz Rui Agostinho ao DN.

De acordo com um estudo elaborado, a pedido do Governo, pelo diretor do Observatório Astronómico de Lisboa, em Portugal a situação ideal é manter a mudança da hora, e vai ser essa posição que o nosso país vai defender perante os Estados-Membros.

“Desaparecendo o horário de verão, escolhe-se um regime para o país, que será constante durante o ano inteiro”, explica Rui Agostinho. Ao longo dos últimos anos, Portugal já teve períodos em que experimentou com a hora UTC e outros com UTC+1. “O ideal é o país ter uma hora que seja próxima da solar“.

Para ser mais adequada, refere o diretor do OAL, deveria ser UTC-30 minutos. “Mas nunca tivemos nenhum Governo que tomasse essa decisão”, até porque, como refere Rui Agostinho, é mais prático para os cidadãos contar horas inteiras quando querem comparar as horas entre países.

ZAP //

5 Comments

  1. A verdadeira “Democracia” é as pessoas poderem votar num assunto, sem se darem ao mínimo trabalho de entenderem sobre aquilo que estão a votar, e depois culpar o “governo” pelas suas decisões. O melhor exemplo é o Brexit, mas a mudança de hora também ilustra muito bem

  2. A hora natural em Portugal é UTC -30 min, a de Verão, é UTC +60 min, há 1:30 de diferença, não seria bom para a juventude se fosse adotada a hora de verão, pela outra pesquisa que foi feita quase em paralelo.

  3. Mas este Agostinho do OAL quer impor a sua vontade por via da ofensa?
    Então, quem votou, tal como eu, é estupido e não sabe no que está a votar ou as consequências. Só lhe posso agradecer pelo atestado de estupidez que me passou, deve valer tanto como o conhecimento de democracia que demonstra ao ignorar o resultado de uma pesquisa internacional.

    Agora vem dizer que o assunto não foi debatido na globalidade para as pessoas saberem os prós e contras do que estavam a votar, mas não me recordo em Julho de o ver a tentar informar as pessoas, ou ele era uma dessas pessoas que não vê noticias, redes sociais ou jornais e não tinha conhecimento do inquérito?

    Com todo o respeito que ele possa merecer pelos estudos e inteligência que tenha, quanto mais abre a boca, mais me leva a crer que não esta capacitado para dirigir o OAL, e explico por quê:
    1 – O OAL deviria ter sido o órgão responsável pela divulgação do inquérito e promoção do debate, o director do OAL vem agora insinuar que havia falta de informação e que só uma parte dos cidadãos sabia do inquérito. Assim que falhou na sua missão

    2 – Continua a estrebuchar a sua opinião enquanto especialista e director do OAL, tentando impor a sua vontade ou crença, algumas vezes com factos estupidos como “o inverno vai ser mais difícil” e “o sol vai nascer por volta das 9:00”, aqui volta a falhar, o sol não nasce mas aparece, e se realmente não voltarmos a mudar de hora e ficamos com a nossa hora natural sem aplicar o DST o sol no inverno vai aparecer exactamente “por volta da mesma hora”. Já agora a natureza não se preocupa com a nossa hora, o inverno não vai ser mais frio, ou longo, ou difícil por alterarmos ou não a hora.
    Mais uma vez falha porque em vez de estrebuchar, deviria estar, juntamente com o governo, a promover o debate em vez de promover as suas ideias.

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