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Engenheiro que vai liderar prevenção de incêndios tem ligações à indústria do papel

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André Kosters / Lusa

A nomeação de Tiago Martins de Oliveira para a liderança da unidade de Missão que vai reestruturar o sistema nacional de combate aos incêndios está a causar polémica. Isto porque o especialista em gestão de riscos florestais está ligado à indústria do papel.

O engenheiro florestal Tiago Martins de Oliveira, de 48 anos, vai ser esta terça-feira empossado como presidente da Estrutura de Missão para a instalação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais. 

O principal objectivo desta unidade será a preparação e execução das recomendações constantes do relatório da Comissão Técnica Independente, nomeada pelo Parlamento, para analisar as circunstâncias do grande incêndio de Pedrógão Grande.

A escolha de Tiago Martins de Oliveira para esta missão suscita as críticas do Bloco de Esquerda (BE) que lembra que o especialista está ligado, desde 2016, à empresa de fabrico e comercialização de papel The Navigator Company, a antiga Portucel.

“Parece que o Governo não aprendeu nada mesmo nada com o que aconteceu nos últimos quatro meses”, queixa-se no jornal Público o deputado bloquista Pedro Filipe Soares.

“É surpreendente que o Governo indique para presidir a uma estrutura e para um lugar que parece ser o equivalente a secretário de Estado uma pessoa que, independentemente das suas qualidades técnicas, tenha estado ligado à indústria das celuloses, nomeadamente na Portucel e na Navigator Campany, que tem tanta responsabilidade no ponto em que a floresta se encontra”, acrescenta Pedro Filipe Soares no mesmo diário.

“Em nome de um bom começo de trabalho para esta estrutura de missão, talvez fosse bom reponderar esta nomeação e ter alguém que nos garanta à partida independência na sua actuação”, diz também o deputado em declarações à TSF.

Nesta rádio, o deputado do BE refere, ainda, que a indústria da celulose tem tirado especial partido da plantação de eucaliptos, espécie que, actualmente, é a que mais área ocupa na floresta portuguesa e que tem sido apontada como uma das causas dos graves incêndios que têm assolado o país.

“Um técnico que tem credenciais e habilitações”

Nascido no Porto em 1969, Tiago Martins Oliveira é especializado em Gestão de Risco no Âmbito das Florestas e tem um doutoramento em Engenharia Florestal. No currículo, tem experiência no combate a incêndios enquanto sapador operacional, coordenador de combate aéreo e coordenador nacional de defesa da floresta contra incêndios.

Para o presidente da Quercus, João Branco, Tiago Martins de Oliveira tem um perfil adequado para coordenar a unidade de Missão sobre fogos florestais, apesar da sua ligação à indústria das celuloses.

“Há essa questão das ligações à Portucel, mas ele é um técnico que tem credenciais e habilitações para coordenar a Estrutura de Missão, profissionalmente tem perfil adequado, mas o que nós achamos é que esta estrutura deve integrar vários sectores da sociedade, nomeadamente das organizações não-governamentais, como as do ambiente”, destaca João Branco em declarações à Lusa.

O dirigente da Quercus nota que só a integração de vários sectores da sociedade na Estrutura de Missão pode garantir um “equilíbrio de interesses”. Para João Branco, esta unidade deve ser “multidisciplinar” e integrar “as várias correntes: a que aposta mais na conservação, a corrente que aposta mais na biodiversidade, a que aposta na instalação e floresta autóctones e a existência de uma corrente mais produtivista porque também faz parte do sistema”.

ZAP // Lusa

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12 Comments

  1. Só por maldade ou ignorância se pode criticar esta nomeação apenas por ter tido ligações à Navigator. Para que se saiba, nenhuma madeira queimada serve para fabricar papel branco como o produzido nessa fábrica. Nem nessa nem em nenhuma… Madeira queimada serve para a indústria de móveis ou de aglomerados de madeira entre outras coisas, mas nunca para produzir papel. Não conheço a pessoa em causa mas misturar politiquices baratas pondo em causa o profissionalismo e idoneidade de uma pessoa é próprio de demagogos de terceiro mundo.

    • Eu preferiria que não existisse QUALQUER motivo para poder suspeitar.

      TOTAL INDEPENDÊNCIA.

      O senhor em causa parece muito competente. É dado como “tendo”, no presente, e não como “tendo tido”, no passado, ligações à indústria do papel.
      Pode ser o mais honesto do mundo. Não o conheço, não tenho nada nem sei de nada a apontar-lhe.
      Mas está (e mesmo que a notícia não seja exacta, pelo menos, esteve) ligado à indústria do papel, numa empresa importante.
      É portanto normal que seja visto como o “interlocutor de eleição” para todos quantos queiram “meter garfada” e vai ser assediado por tais pedidos e tentativas de ‘pilotagem’.

      Seria de facto muito melhor que fosse tudo gente INDEPENDENTE, no presente e no respectivo passado.

      • Afinal um engenheiro florestal, onde é que podia ter trabalhado até agora, para não ser suspeito e poder assumir o cargo? A plantar nabos?

  2. Infelizmente, desta vez tenho que concordar com o BE.

    Já diz o ditado, “à mulher de César, não basta ser séria, é preciso parecê-lo!”

    Este senhor poderá ser o mais honesto do mundo, mas vistas as suas ligações, é imediato e normal que surjam suspeitas.

    Tudo poderia e DEVERIA ser evitado se as pessoas envolvidas fossem INDEPENDENTES, de todo e qualquer sector envolvido.

    • Para mim seria muito pior que ele no futuro, quando deixar de ter estas funções, vá “trabalhar” para uma empresa relacionada com o trabalho que vai agora começar. Isto faz lembrar muitos nomes, não faz?
      Honestamente não vejo qualquer incompatibilidade destas funções com outras que tenha tido. Obviamente a noticia tem sentido “incendiário” – É o que paga os salários dos jornalistas, não é?
      Nós, o povo, é que temos que mudar de atitude. Não temos que desconfiar antes do trabalho começar, temos que desconfiar do trabalho à medida que ele é feito e andar em cima. O nosso mal, é que confiamos a gestão a alguns e voltamos as costas. Facebook, jogos de futebol, visitas do papa etc.. é que nos interessa. Depois, ficamos fulos quando vemos as consequências deste verão. Achamos que o nosso problema é só o poder atual. Raciocínio e memória limitados o nosso…

  3. Qual o problema de alguém trabalhou na ex-Portucel vir a tomar posse de um cargo para a prevenção de incêndios, se essa pessoa tem conhecimentos técnicos. Este senhor tem um doutoramento que não lhe foi oferecido. Não se esqueçam é dos pseudo-“engenheiros” que já assumiram altos cargos na Nação e agora estão a braços com a justiça e entretanto destruíram a economia de Portugal.

  4. Isto chama-se tapar o sol com a peneira! Ou eu sou burro, ou todos os inteligentes estão a esquecer de um detalhe: maioritariamente, quem coloca o fogo na floresta são os seres humanos! Já agora, não convém punir os criminosos? Acham normal, incendiários atearem fogo mais de dez vezes e nunca terem colocado um pé numa prisão!? Colocam-nos em liberdade?!?!?!Mas que treta é esta!? Temos que ter um melhor ordenamento das florestas sim, mas por amor da santa paciência, punem a porcaria dos criminosos! Cadeia com eles crlho! Custa assim tanto punir quem comete crimes!?!? Já começo a ficar farto desta idiotice! Só falam da porcaria do ordenamento e punir severamente os criminosos nada?!?!Mas que porra!

  5. Este é o pais que temos e as mentalidades também, o homem ainda mal assentou os pés no chão e estamos a ver o que já se diz…Tenham dó, nem toda a gente é igual, quem é quem para criticar o profissionalismo de uma pessoa…Calma e paciência para analizar-mos o trabalho a ser feito.

  6. Também não acho correcta a nomeação, nada a apontar ao profissional mas sim à ligação empresarial.
    Deixo uma ideia, talvez muito estúpida.
    Porque não envolver as universidades, nas suas diversas valências, neste tipo de actividades, ou seja, na reestruturação do sistema nacional de protecção a incêndios florestais e, já agora, no reordenamento do território florestal.
    Penso que é aí que são formados os técnicos e será aí que se encontram as maiores capacidades e, quem sabe, independência.
    É apenas uma opinião…

  7. a ligação que esse sr engenheiro tem a industria do papel chama-se experiencia profissional e é algo benéfico
    ou preferem algum boy caído do céu como o tal advogado que foi chefiar a protecção civil?

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