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Empresa soube dos problemas na barragem de Brumadinho dois dias antes da ruptura

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Paulo Fonseca / EPA

Mensagens trocadas entre funcionários da Vale e de duas empresas ligadas à segurança da barragem de Brumadinho revelam que os problemas nos sensores de monitorização da barragem tinham sido identificados.

Mensagens eletrónicas trocadas entre funcionários da Vale e de duas empresas ligadas à segurança da barragem brasileira de Brumadinho, cuja rutura provocou já 150 mortos, revelam que os problemas nos sensores de monitorização da barragem tinham sido identificados.

Segundo o canal Globo, as mensagens, que foram identificadas pela Polícia Federal, começaram a ser trocadas no dia 23 de janeiro, às 14h38 (16h38 em Lisboa) e prolongaram-se até as 15h05 (17h05 em Lisboa) do dia seguinte. A barragem de Brumadinho colapsou no dia 25 de janeiro.

A Globo teve acesso aos depoimentos prestados à Polícia Federal por dois engenheiros da empresa TÜV SÜD, Andre Jum Yassuda e Makoto Namba, responsáveis pelos pareceres técnicos que davam como estável a estrutura da barragem.

No interrogatório efetuado a Makoto Namba, o chefe da polícia Luiz Augusto Nogueira referiu a existência de e-mails trocados entre dirigentes da Vale, da TÜV SÜD e de uma terceira empresa. No entanto, o engenheiro afirmou que só ficou a saber das alterações dos dados fornecidos pelos sensores após a rutura da barragem.

Makoto Namba disse ainda à Polícia Federal que se sentiu pressionado por um funcionário da Vale a assinar os pareceres técnicos. O engenheiro garantiu, igualmente, ter respondido que a empresa TÜV SÜD assinaria o parecer técnico apenas se a Vale adotasse as recomendações indicadas na revisão periódica de junho de 2018, mas acabou por assinar o documento.

Os dois engenheiros, assim como três funcionários da Vale, foram presos pela Polícia Federal na semana passada e soltos na terça-feira por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A barragem, na qual a Vale armazenava resíduos, localizada na cidade de Brumadinho, no Estado brasileiro de Minas Gerais, rebentou e gerou uma avalanche de lama que soterrou as instalações da própria empresa mineira e centenas de propriedades rurais.

O número de mortos na sequência da rutura desta barragem aumentou para 150, havendo ainda 182 pessoas desaparecidas, segundo um novo balanço feito hoje pelas autoridades locais.

Após o desastre, a Vale anunciou que vai fechar todas as barragens construídas com o mesmo método da de Brumadinho, ou seja, erguidas a partir do próprio lixo e da terra na área.

A empresa brasileira já esteve envolvida num outro acidente semelhante ocorrido numa das minas da sua subsidiária Samarco no Estado de Minas Gerais há três anos, na cidade de Mariana, no qual morreram 19 pessoas após a rutura de uma outra barragem.

ZAP // Lusa

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