Pelo menos sete pessoas morreram e cerca de 200 estão desaparecidas após a ruptura de uma barragem no município de Brumadinho, na zona metropolitana de Belo Horizonte.
O governo do estado de Minas Gerais, no sudeste do Brasil, confirmou esta sexta-feira que pelo menos sete pessoas morreram e cerca de 200 estão desaparecidas, após a ruptura de uma barragem no município de Brumadinho, na zona metropolitana de Belo Horizonte.
Em comunicado, o governo mineiro adianta que cerca de 100 pessoas que se encontravam isoladas foram resgatadas. Segundo os responsáveis estaduais, a empresa mineradora Vale, responsável pela barragem, informou que no momento do acidente se encontravam 427 pessoas no local, das quais 279 foram resgatadas vivas.
Em conferência de imprensa, o presidente da Vale, Fabio Schartzman, adiantou que a maioria dos atingidos pela ruptura da barragem é composta por funcionários da empresa.
Em nota divulgada logo após a ruptura, a Vale adiantou que os detritos libertados pela barragem atingiram a área administrativa da mineradora no local, conhecido como Mina Córrego do Feijão. A lama atingiu também parte de Vila Ferteco, nas proximidades. Ambos os locais encontram-se a 18 km do centro de Brumadinho.
“O resgate e os apoio aos feridos estão a ser realizados no local pelo Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Ainda não há confirmação sobre a causa do acidente“, disse a empresa.
“A Vale accionou o Corpo de Bombeiros e activou o seu Plano de Atendimento a Emergências para Barragens. A prioridade total da Vale, neste momento, é preservar e proteger a vida de empregados e integrantes da comunidade“, acrescentou o comunicado.
Schartzman salientou que o caso de hoje é uma “tragédia humana maior do que aquela que ocorreu em Mariana”, mas que os impactos ambientais devem ser menores.
Imagens captadas no local do acidente pela TV Record mostram pessoas a ser resgatadas na lama, com a ajuda de um helicóptero. Segundo a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, quatro vítimas, três mulheres e um homem, estariam a ser socorridas no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte.
À BBC, o secretário adjunto de Saúde de Brumadinho, Geraldo Rodrigues do Carmo, disse que funcionários da mineradora relataram, por telefone, ter visto a lama atingir a portaria e o refeitório da empresa, à hora do almoço.
A autarquia de Brumadinho aconselhou os habitantes locais a não se aproximarem do leito do Rio Paraopeba, junto à área atingida pelo desastre. Moradores da cidade relataram à BBC que as pessoas que vivem perto do rio foram aconselhadas pela Defesa Civil a deixar as suas casas. O Paraopeba atravessa o centro de Brumadinho.
O museu privado a céu aberto de Inhotim, que também fica na região, anunciou que evacuou suas dependências como medida preventiva.
Hipóteses de encontrar sobreviventes “são mínimas”
O governador do Estado de Minas Gerais, no Brasil, afirmou que as hipóteses de encontrar sobreviventes entre as cerca de 200 pessoas desaparecidas após a rutura da barragem em Brumadinho “são mínimas”.
“A polícia, o corpo de bombeiros e os militares fizeram tudo para salvar os possíveis sobreviventes, mas sabemos que as hipóteses são mínimas e muito provavelmente apenas encontraremos os corpos”, disse o governador Romeu Zema, que se deslocou para o local.
“Segundo informações confirmadas pelos bombeiros, sete corpos já foram localizados. Ainda não há a identificação das pessoas que morreram”, referiu o Governo do Estado de Minas Gerais em comunicado.
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou que vai sobrevoar a área afetada pela rutura da barragem. Bolsonaro garantiu que o Governo vai “tomar todas as medidas ao seu alcance” para minimizar o sofrimento “dos familiares das possíveis vítimas” e também das questões ambientais.
O Governo já anunciou a criação de um gabinete de crise para ajudar os afetados que envolve vários ministérios, estando vários meios no local a trabalhar.
Há três anos, outra tragédia
A ruptura esta sexta-feira da barragem de Brumadinho apresenta várias semelhanças com a tragédia que se abateu há 3 anos sobre a vila de Mariana, também em Minas Gerais, quando uma barragem da mineradora Samarco se rompeu, matando 19 pessoas e lançando a destruição na região.
A rutura da barragem de Mariana destruiu totalmente três localidades – Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira, esta última a 60 km de Mariana – e deixou milhares de pessoas desalojadas.
Administrada pela Samarco, a barragem de Fundão libertou 34 milhões de metros cúbicos de restos de minério, que desceram 55 km pelo rio Gualaxo do Norte até ao Rio do Carmo, e mais 22km até ao Rio Doce.
A avalanche de lama percorreu 663 km de cursos de água e atingiu 39 municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo, tornando-se o maior desastre ambiental do Brasil — pelo menos, até esta sexta-feira.