O mundo atingiu esta segunda-feira a marca de 5 milhões de mortes confirmadas por covid-19, menos de dois anos após o início de uma pandemia que devastou países pobres, mas também abateu nações ricas com sistemas de saúde de primeira linha.
Em menos de dois anos, 5 milhões de mortos — algo como metade da população portuguesa. “Uma vergonha global”, considera o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, “uma marca arrasadora que nos recorda que estamos a fracassar em grande parte do mundo”.
Esta segunda-feira, Guterres realçou que enquanto os países ricos avançam para terceiras doses da vacina, apenas cerca de 5% de pessoas em África estão totalmente inoculadas.
Mas apesar da escassa vacinação nos países em desenvolvimento, é nos países mais ricos que se regista maior número de mortes por covid-19.
Juntos, os Estados Unidos, a União Europeia (UE), o Reino Unido e o Brasil – países com rendimento médio-alto ou alto – representam um oitavo da população mundial, mas somam quase metade de todas as mortes oficialmente notificadas.
Os Estados Unidos, sozinhos, registaram mais de 745 mil óbitos — número superior ao de qualquer outra nação, em números absolutos.
Segue-se o Brasil, com mais de 607 mil vidas perdidas. Os dois países juntos somam quase 25% do total de mortes, embora representem menos de 7% da população mundial.
O total de mortes oficialmente notificadas no mundo, calculado pela Universidade Johns Hopkins, nos EUA, é, à hora desta edição, de 5.004.153, com 247.000.948 casos confirmados em todo o mundo.
O número é semelhante ao total de pessoas mortas em batalhas entre nações desde 1950, segundo estimativas do Peace Research Institute Oslo, instituição privada de pesquisa em estudos de paz e conflitos, com sede na Noruega.
A covid-19 é agora a terceira principal causa de morte em todo o mundo, depois das doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.
Apenas a Gripe Espanhola de 1918, que vitimou 50 milhões de pessoas (3% da população mundial) e a SIDA, que levou a vida a 36,3 milhões de pessoas, provocaram mais mortos do que a covid-19.
Diversas autoridades e instituições de saúde alertam, contudo, que os números reais de mortes na pandemia devem ser ainda maiores, devido à falta de testes em larga escala e de pessoas que morrem em casa sem atenção médica, especialmente em regiões mais pobres.
Situação atual é pior na Europa
Os países em situação mais grave doenças cardíacas e derrame desde que o primeiro caso foi detetado, na cidade de Wuhan, na China, transformando diferentes lugares no mapa mundo em “zonas vermelhas”.
Atualmente, o vírus afeta principalmente a Rússia, a Ucrânia e outros países do Leste Europeu, especialmente onde as teorias da conspiração, a desinformação e a desconfiança no governo têm prejudicado os esforços de vacinação.
Na Ucrânia, apenas 17% da população adulta está completamente vacinada. Na Arménia, apenas 7%.
Entre os continentes, a situação é pior na Europa, cujos óbitos aumentaram 14% na semana passada em relação à semana anterior, e na Ásia, com uma subida de 13%.
Em África, por outro lado, as mortes caíram 21%, apesar do lento ritmo de vacinação. Ao todo, as mortes globais subiram 5% na última semana, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Desigualdade
“O que é singularmente diferente sobre esta pandemia é que ela atingiu com mais força os países com mais recursos“, observou a epidemiologista Wafaa El-Sadr, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos. “Essa é a ironia da covid-19“.
Nações mais ricas com expectativas de vida mais longas têm proporções maiores de idosos, de residentes em lares e de sobreviventes de cancro, que são especialmente vulneráveis à doença causada pelo coronavírus, aponta El-Sadr.
Já países mais pobres tendem a ter mais crianças, adolescentes e jovens adultos, que são menos propensos a adoecer gravemente.
Mas o padrão que ressalta em grande escala, ao comparar países, é diferente quando são examinados de perto. Em cada nação desenvolvida, quando as infecções são rastreadas, as regiões e bairros mais pobres são os mais atingidos.
Nos EUA, por exemplo, a covid-19 teve um impacto muito maior nas populações negra e hispânica, que são mais propensas a viver em regiões mais pobres e têm menos acesso a cuidados de saúde.
A economia também desempenhou um papel importante na campanha global de vacinação, com os países ricos a ser acusados de bloquear a distribuição de vacinas.
Enquanto os EUA e outros países desenvolvidos já estão a administrar doses de reforço das vacinas, milhões de pessoas em África não receberam sequer a primeira dose.
África continua a ser a região menos vacinada do mundo, com apenas 5% de sua população de 1,3 mil milhões de pessoas totalmente vacinada.
ZAP // Deutsche Welle / ONU
Pinta-se muito a realidade do Covid, sobretudo no nosso país. Chega de mentiras, carvalho!
Vamos começar a pagar às pessoas, para elas mudarem os seus comportamentos face ao maldito COVID.