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“Eles sabiam que o BES ia desaparecer, queriam que desaparecesse”

BES.pt

Ricardo Salgado, ex-presidente do BES

Ricardo Salgado fala na primeira pessoa sobre a queda do BES e não poupa críticas ao governo de Passos Coelho e ao Banco de Portugal. “Eles queriam que o BES desaparecesse”, acusa o ex-banqueiro.

Esta é uma das ideias que o ex-presidente do BES deixa no livro “Dias do Fim”, que vai ser publicado em Março pela Chiado Editora.

Escrito pela jornalista Alexandra Almeida Ferreira, a obra alberga as confissões de Ricardo Salgado em conversas mantidas durante os 4 meses do período de prisão domiciliária, conforme explica a autora ao Diário de Notícias.

A jornalista nota que Ricardo Salgado conta “como viveu os últimos momentos do seu legado” entre “revelações mais pessoais” e “alguma autocrítica”.

Também não se poupam críticas a Passos Coelho e ao Banco de Portugal, nomeadamente pela forma como optaram pela resolução do BES.

Ricardo Salgado fala ainda do BES Angola, sobre o qual se noticiou recentemente que transferiu milhões de euros para a SAD do Sporting.

Eis alguns excertos do livro publicados pelo DN:

“Eles sabiam que o BES ia desaparecer. Eles queriam que o BES desaparecesse. Resolveram aplicar a resolução. Porque é que recusaram dois investidores a quererem o aumento de capital? Acha normal depois exigirem em 48 horas uma recapitalização que era completamente inviável?”

“A ministra das Finanças [Maria Luís Albuquerque] assistiu! Isso é uma coisa que me choca! Nas reuniões em que ela convocava os banqueiros para apoiar as empresas públicas, dentro e fora do perímetro do Estado – dívida oculta -, quando os bancos estrangeiros estavam a pedir os reembolsos das operações de crédito. E assistiu sempre, e eu fui sempre a várias reuniões, ou iam colegas como o Dr. Amílcar e o Dr. António Souto, à enorme disponibilidade que o banco sempre teve para apoiar as empresas do Estado, a área não financeira do Estado. E eram emergências porque os bancos estrangeiros estavam a exigir os reembolsos. E o governador, na mesma altura, dizia que era melhor que existissem mais bancos estrangeiros em Portugal. Quando eram os bancos estrangeiros que estavam a tirar o tapete ao Estado.”

“As amizades à séria contam-se pelos dedos de uma ou duas mãos. Mas essas valem tudo. Às vezes somos também surpreendidos pela positiva.”

ZAP

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