Em primeiro lugar, é importante desmistificar esta ideia do “amor verdadeiro”. O amor é complexo e a ideia de amor verdadeiro varia consoante a abordagem cultural, filosófica e psicológica. O que queremos dizer com “verdadeiro”? Duradouro? Intenso? Profundo? Todas as opções anteriores?
Uma relação que termine terá sido verdadeira, mesmo que não duradoura? E não existirão relações duradouras, mas que não são verdadeiras? Referimo-nos ao amor romântico? Ao amor companheiro?
Vou considerar o amor verdadeiro aquele que, enquanto dura, é comprometido, há partilha de intimidade e confiança, é respeitador, altruísta e promove o crescimento pessoal, com ternura e plenitude.
Nesta perspetiva, sim, é possível encontrar o amor verdadeiro online, mas irá depender de diversos fatores, nomeadamente, a abordagem, o empenho e as intenções de cada pessoa.
As plataformas de dating evoluíram bastante, tornaram-se mais sofisticadas desenvolvendo algoritmos que permitem conectar pessoas com interesses e valores comuns.
Isto cria oportunidades valedouras para quem procura encontrar alguém com afinidades específicas, algo que nem sempre é fácil de ser obtido em círculos sociais mais restritos ou no mundo offline.
Contudo, a construção de um relacionamento genuíno vai além de uma simples conexão inicial. Para que o amor se desenvolva de forma sólida, é necessário um grande esforço, e intencionalidade, em aspetos como a paciência, honestidade, vulnerabilidade e, claro, uma comunicação eficaz.
A interação online, muitas vezes, pode ser uma forma de criar uma base sólida de confiança e intimidade, mas, à medida que as pessoas se conhecem, é essencial que essa conexão se mantenha genuína e que as parcerias se sintam confortáveis para compartilhar as suas realidades de forma transparente.
Existem estudos que analisam o impacto da tecnologia e das plataformas de namoro na formação de vínculos emocionais, na qualidade das relações e nas dinâmicas de interação entre as pessoas.
Um desses estudos, desenvolvido em 2012 pela Universidade de Stanford e publicado na American Sociological Review, refere que os casais que se encontraram em plataformas de namoro têm uma taxa de casamento mais alta do que aqueles que se conheceram em outros meios (como festas ou no local de trabalho).
Este estudo conclui que as pessoas que se conhecem em plataformas de dating tendem a ter expectativas mais claras em relação ao que procuram numa parceria, o que pode levar a um relacionamento mais sério e comprometido, e que, através de algoritmos de “matching”, as plataformas de dating ajudam a conectar pessoas com interesses e valores semelhantes, o que pode aumentar as hipóteses de um relacionamento bem-sucedido a longo prazo.
Um outro estudo, desenvolvido pela Universidade de Essex em 2018 e publicado na Journal of Social and Personal Relationship conclui que, nas interações virtuais, as pessoas tendem a comunicar de maneira mais aberta e honesta em comparação com os encontros tradicionais, onde, muitas vezes, há uma tendência maior à reserva ou à construção de uma imagem idealizada.
Ou seja, a distância física e a falta de interação cara a cara criam um espaço mais seguro para que as pessoas compartilhem aspetos de si mesmas que, num encontro pessoal, poderiam ser mais difíceis de expressar.
Esta comunicação permite criar a oportunidade de uma conexão mais profunda emocionalmente. Muitas vezes, a comunicação escrita ou mediada por mensagens oferece o tempo necessário para pensar antes de responder, o que pode reduzir a impulsividade e aumentar a reflexão.
Portanto, sim, o amor online é um fenómeno amplamente estudado e não é apenas uma tendência recente, sendo um campo em constante exploração à medida que as tecnologias e as formas de comunicação evoluem.
O importante é estar ciente de que, assim como qualquer tipo de relação, ela exige dedicação, comunicação eficaz, vulnerabilidade, autenticidade e paciência.
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