Cortar todo o contacto com outra pessoa, normalmente num contexto amoroso ou de amizade, sem qualquer despedida, aviso ou explicação. A pessoa que faz ghosting simplesmente deixa de responder e “desaparece” — e este fenómeno é cada vez mais frequente.
Vivemos numa era de relações aceleradas e instantâneas. As aplicações de encontros e as redes sociais abriram portas para novas formas de interação, mas também trouxeram novos desafios emocionais.
Um dos fenómenos mais dolorosos e cada vez mais frequentes é o ghosting. Neste artigo, exploramos o que é, porque acontece, as suas consequências psicológicas e como podemos adotar formas mais saudáveis de terminar uma relação.
O que é o ghosting?
O termo ghosting deriva do inglês “ghost” (fantasma) e descreve o ato de alguém cortar todo o contacto com outra pessoa, normalmente num contexto amoroso ou de amizade, sem qualquer despedida, aviso ou explicação. A pessoa que faz ghosting simplesmente deixa de responder e “desaparece”.
Embora esta prática sempre tenha existido, a sua prevalência aumentou com a digitalização das relações. Alguns estudos indicam que entre 13% a 23% dos adultos já experienciaram ghosting em relacionamentos amorosos/românticos.
Quais são as causas do ghosting?
Embora possa parecer um comportamento frio ou impiedoso, as motivações por trás do ghosting são variadas:
- Evitar um Conflito ou Confronto: Muitas pessoas sentem-se desconfortáveis com conversas difíceis. O ghosting é uma forma de evitar o desconforto emocional associado à rejeição direta.
- Desumanização nas Relações Digitais: As interações mediadas por ecrãs facilitam o distanciamento emocional. A ausência de vínculos fortes pode tornar mais fácil desaparecer sem explicação.
- Receio do Compromisso: Algumas pessoas fazem ghosting porque se sentem ameaçadas pela proximidade emocional ou pelo compromisso.
- Narcisismo ou Falta de Empatia: Em certos casos, o ghosting está associado a traços de personalidade narcísica que dificultam a consideração pelas emoções das outras pessoas.
- Convenção Social Não Verbalizada: Infelizmente, em determinados contextos, o ghosting tornou-se uma prática “aceitável” ou esperada como forma de terminar relações efémeras.
Quais as consequências?
O ghosting não é apenas um desaparecimento: é uma quebra abrupta de vínculo que pode causar consequências emocionais significativas:
- Desorientação emocional: A ausência de explicação deixa a pessoa a tentar preencher os vazios com suposições, o que pode gerar ansiedade e ruminação mental.
- Dano à autoestima: Muitas pessoas que são alvo de ghosting questionam o seu próprio valor, sentindo-se descartadas ou invisíveis.
- Sentimento de rejeição e abandono: O ghosting pode ser um gatilho de feridas emocionais antigas, especialmente em pessoas com uma história marcada por situações de rejeição.
- Dificuldades em confiar em futuras relações: Pode surgir medo de abandono e uma desconfiança generalizada em novos vínculos.
Segundo um estudo publicado no Journal of Social and Personal Relationships, pessoas que experienciam ghosting relatam níveis mais altos de solidão, ansiedade e até sintomas depressivos.
Como terminar uma relação de forma saudável?
Embora nem sempre seja fácil rejeitar alguém, há maneiras mais humanas e maduras de o fazer. Aqui estão algumas práticas saudáveis:
- Clareza e Honestidade: Uma mensagem simples e respeitadora pode fazer toda a diferença. Por exemplo: “Gostei de te conhecer, mas não sinto que haja compatibilidade para continuar.”
- Evitar justificações excessivas ou desculpas vagas: Comunique com assertividade sem alimentar falsas esperanças.
- Reconheça a humanidade da outra pessoa: Validar a importância do vínculo, mesmo que breve, demonstra empatia.
- Adapte-se ao contexto da relação: Se a relação foi breve e digital, uma mensagem pode bastar. Se foi uma relação mais profunda, um encontro presencial é mais apropriado.
- Considere os seus limites emocionais: Em casos de relações abusivas ou tóxicas, o afastamento pode ser necessário, e não precisa de explicações.
Em suma, o ghosting é um comportamento que reflete mais sobre quem o pratica do que sobre quem o sofre. No entanto, as suas consequências emocionais são reais e profundas.
Numa sociedade que valoriza a rapidez e a conveniência, é fundamental resgatar a empatia, a compaixão e a responsabilidade afetiva nas nossas relações.
Terminar uma relação nunca é fácil, mas fazê-lo com respeito é um ato de maturidade emocional — e uma forma de cuidar não só da outra pessoa, mas também de si.
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