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Doze candidatos pró-democracia impedidos de concorrer às eleições em Hong Kong

Doze candidatos pró-democracia de Hong Kong, entre os quais Joshua Wong, foram desqualificados para concorrer às eleições de setembro, indicou esta quinta-feira o executivo da região administrativa especial.

“O governo defende a decisão de invalidar as 12 candidaturas às eleições do Conselho Legislativo”, anunciou o governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong através de um comunicado.

Os partidos pró-democracia em Hong Kong realizaram em julho primárias para nomearem os seus candidatos para as eleições parlamentares previstas para setembro, apesar dos avisos das autoridades de que corriam o risco de violar a nova lei de segurança.

A votação, que contou com a participação de 600 mil pessoas, foi considerada ilegal pelas autoridades da República Popular da China.

Já no ano passado, a candidatura de Joshua Wong às eleições foi considerada inválida.

Em 2014, Wong foi o principal rosto do movimento conhecido como “revolução dos guarda-chuvas”, movimento de desobediência civil que durou mais de dois meses e na qual se exigia o sufrágio universal na região administrativa especial chinesa.

Quando anunciou que iria concorrer às eleições em novembro, Wong advertiu que qualquer tentativa de desqualificação apenas resultaria em mais apoio aos protestos pró-democracia. Também descreveu a votação como crucial para enviar uma mensagem a Pequim de que a população está mais determinada do que nunca para vencer a batalha por mais direitos.

Hong Kong vive, desde o início de junho de 2019, a pior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 1997, com manifestações e ações violentas quase diárias contra o que os manifestantes consideram ser a erosão das liberdades no território.

Os protestos em Hong Kong, região administrativa especial chinesa, começaram em junho por causa da polémica lei da extradição, que permitiria extraditar suspeitos de crimes para território e países sem acordos prévios, como a China.

Entretanto, as emendas à legislação foram retiradas formalmente pelo Governo, mas os protestantes têm ainda outras quatro reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos; que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins; um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe de Governo, Carrie Lam, e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo.

Num endurecimento da posição do Governo, Lam invocou uma lei de emergência da era colonial para criminalizar o uso de máscaras em manifestações, mas a decisão parece só ter aumentado ainda mais a violência dos protestos.

Em julho deste ano, Hong Kong aprovou a lei de segurança nacional, ao abrigo da qual os poderes da Polícia de foram significativamente alargados, passando a incluir a possibilidade de fazer buscas sem mandado.

A transferência da soberania de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”. Tal como acontece com Macau, foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.

ZAP // Lusa

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