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Dono do terreno e construtor do poço contradizem-se sobre como estava tapado o buraco onde caiu Julen

EPA / Malaga Fire brigades

O pequeno Julen, de 2 anos, caiu por este poço em Totalán, Málaga.

As versões da família de Julen sobre o que aconteceu a 13 de janeiro são coincidentes. Mas o dono do terreno e o construtor do poço contradizem-se sobre como estava o buraco no dia do acidente.

A Guardia Civil detetou contradições nos relatos feitos pelo dono do terreno e pelo construtor do poço de prospeção de água eonde Julen Jimenez, de dois anos, caiu e morreu.

De acordo com o relatório entregue ao Tribunal de Instrução n.º 9, a que o Diario Sur teve acesso, o dono do terreno diz que colocou dois blocos de cimento na boca do poço onde o bebé de dois anos caiu a 13 de janeiro. Mas o responsável pela construção do buraco diz que foi ele, e não o dono do terreno, a tapar o poço com uma pedra de 15 quilos.

Descobrir de que lado está a verdade pode ser uma tarefa ainda mais complicada porque tanto o dono do terreno como o construtor têm quem ateste a versão que apresentaram à Guardia Civil.

As declarações do dono do terreno, Antonio, coincidem com as dadas pelo pai da criança, que afirmou que o buraco estava tapado por dois “pedregulhos”. A versão do construtor é suportada pelo maquinista, que confirmou que o patrão tinha posto uma pedra no cimo do poço.

De resto, os relatos feitos pelos pais de Julen e por Antonio coincidem no que toca ao que aconteceu naquele domingo. A família diz ter chegado ao terreno às 13h00 para comer uma paella, um petisco oferecido pelo proprietário do terreno com 4.439 metros quadrados onde ele e a namorada, prima de José Rosello, iam construir uma casa. Mais tarde, todos ouviram o pai de Julen gritar pelo filho.

Segundo Antonio, quando ouviu o grito, ainda viu como os dois blocos de cimento que cobriam o poço tinham sido deslocados e o buraco estava à vista. O proprietário não ouviu Julen chorar, mas a mãe da criança sim: não viu a queda do bebé para dentro do poço porque estava ao telefone. No entanto, quando correu para junto do buraco, ouviu o seu filho gemer.

Quem estava responsável por cuidar das crianças — Julen e uma menina da mesma idade — era Vicky e a prima do marido. José Rosello e Antonio estavam encarregados de fazer uma fogueira e cozinhar a paella.

A certa altura, Vicky afastou-se para fazer um telefonema a dizer que não ia trabalhar e pediu a José que ficasse de olho na criança. No entanto, enquanto o pai pegava em galhos para fazer o lume, Julen começou a correr pelo terreno. Quando estava entre dez e 15 metros dele, caiu dentro do poço. José aproximou-se do buraco e, tal como a mulher, ainda ouviu o menino chorar.

Como as versões de todos os familiares batem certo, a polícia concentra-se agora em descobrir em que condições estava o poço para que Julen tenha caído dentro dele.

O proprietário do terreno garante que o funcionário que fez o furo de prospeção de água nunca o tapou. A obra tinha sido feita entre 17 e 18 de dezembro sem contrato escrito.Questionado sobre porque é que essa obra não tinha licença, António respondeu que achava que não sabia de que documentação precisava.

Já o construtor defende-se dizendo que Antonio lhe garantiu que tinha todas as permissões para a obra. Foi contratado a 17 de dezembro e perfurou 150 metros no primeiro dia de obras, com recurso a uma máquina de roto-percussão com 22 centímetros de diâmetro que procurava as partes mais macias do terreno. No segundo dia escavou mais 110 metros. Como não encontrou água, deixou toda a terra que tinha retirado à volta do poço e diz que tapou a entrada com uma pedra de 15 quilos.

Agora é tempo de apurar as responsabilidades, sendo que o proprietário do terreno e o responsável do poço podem ser acusados por homicídio por negligência, sujeitando-se ao cumprimento de uma pena de prisão que poderá ir de um a quatro anos.

ZAP //

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