Digi: nem tudo é um mar de rosas

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ZAP // DIGI

Não é só o preço que conta. “Loucura Digi” já se faz refletir nas queixas.

A chegada da Digi na semana passada, com ofertas que podem reduzir a fatura dos clientes em mais de metade e, em alguns casos, trazer poupanças de centenas e até milhares de euros por ano em relação ao que as operadoras da concorrência cobram, abalou completamente o mercado das telecomunicações.

Os preços altamente acessíveis e a ausência de fidelização são um grande chamariz que se fez refletir nas adesões ao novo serviço — mas a loucura das adesões à operadora romena já está a refletir-se, também, nas queixas.

Net “lenta”

A qualidade da rede é um dos maiores alvos das queixas dos consumidores, com um cliente a relatar um colapso da rede 5G em Lisboa desde segunda-feira, dia 4  — o dia em que a Digi se estreou em Portugal.

“Até segunda-feira estava impecável e agora a net é perdida com frequência”, escreve no Portal da Queixa, segundo o 4GNews.

“Na zona da Ericeira a Digi está sem serviço de voz há 3 dias”, escreve outro queixoso.

Num teste realizado pela Compara.Já, a velocidade da Internet móvel da Digi foi limitada a 22 Mbps, muito inferior aos 320 Mbps da Vodafone, 600 Mbps da Nos e 700 Mbps da Meo.

Instalações falham (e Digi nega responsabilidade)

Entre as queixas mais recorrentes estão dificuldades na instalação de serviços de televisão e Internet, com alguns clientes a relatarem falta de ativação do sinal de fibra após a instalação dos equipamentos.

Houve ainda queixas sobre a instalação de equipamentos, como caixas e cabos de fibra ótica, sem a devida autorização dos condomínios.

Um caso de interrupção de serviços num condomínio, após uma intervenção da Digi sem autorização, deixou todos os moradores sem acesso a qualquer operador durante cinco dias.

“Dia 6 à tarde vieram passar cabos de fibra, mexeram na caixa de comunicações e deixaram todo o condomínio sem serviço. Mesmo interpelados, negaram que foram eles. Disseram para ligar para o apoio técnico dos nossos operadores e foram embora!”, escreveu um dos moradores no Portal.

Outra queixa envolveu uma instalação que deixou um rolo de 20 metros de fibra ótica suspenso por dois meses e causou danos nas portas e fechaduras de um edifício. A solução foi instalar o equipamento num painel decorativo de madeira, algo que não foi aceite pelos moradores.

Cartões móveis sem funcionar e “morada incorreta”

Outra reclamação frequente está relacionada com a lentidão na ativação dos cartões SIM, com clientes a notar longos períodos de espera para obter o serviço móvel em pleno funcionamento.

Entre as situações mais bizarras está a história de um cliente que, ao tentar aderir ao serviço, foi informado de que a sua morada estava incorreta, devido a um “bug” que estava a ser resolvido pela DIGI.

Outro cliente recebeu um cartão SIM supostamente pré-ativado, mas que não funcionava. Ao contactar o apoio ao cliente, recebeu uma resposta vaga e pouco útil: “Quando for possível…”.

“Foi-me dado um cartão SIM no quiosque dia 31 de outubro”, começa por explicar outra queixosa: “foram tiradas fotos ao CC de telemóvel pessoal, o que só aí já acho estranho“, relata. “Seria contactada até 72h, estamos no dia 9 e nada, nem contacto, nem email, nada (…) sinto que nem privacidade de dados existe”.

Apoio ao cliente “inexistente”

Entre as reclamações mais recentes e ainda por resolver estão as relacionadas com o apoio ao cliente.

“Já não estou fidelizado em nenhuma operadora, no entanto estou um pouco ‘apavorado’ ao considerar ir para uma operadora sem apoio ao cliente”, confessa um cliente: “neste momento não atendem os telefonemas nem respondem às  mensagens”.

“Tentei contactar várias vezes durante o dia, mas sem sucesso”, explica outro cliente que aderiu à Digi no passado dia 5.

Falta de cobertura: “discriminação?”

A cobertura — ou falta dela — é outra questão que preocupa.

Um cliente de Espinho, por exemplo, mostrou-se indignado pela falta de cobertura de fibra ótica na sua zona, questionando se essa “discriminação” iria continuar. Em Gondomar, um cliente ficou surpreendido ao descobrir que a DIGI não ativaria o serviço no seu prédio, pois considerava que não havia “interessados suficientes”.

A Digi ainda não opera em todo o território português, e a sua cobertura de rede 5G está limitada às principais cidades, abrangendo apenas 40% do país.

Pouca oferta televisiva

A oferta televisiva da Digi também apresenta restrições. O portefólio de canais inclui apenas 60 canais por enquanto e exclui canais desportivos “premium” como a SportTV, a BTV e a DAZN.

A SIC, a CMTV e o Now também não estão disponíveis.

É preciso “ter em conta o risco”

É necessário “ter em conta o risco de optar por uma oferta sem histórico de qualidade de serviço no mercado”, alerta José Trovão, da plataforma Compara ao Jornal de Negócios.

Apesar de tudo, o Portal da Queixa da Digi segue com uma classificação “Boa”, de 64,8/100, no momento em que este artigo foi publicado. A classificação atual coloca a Digi acima da Vodafone — — mas não acima da MEO (“Ótimo”, com 86,3/100) nem da NOS (Ótimo”, com 87,1/100).

E não é por ser mais barato que tem qualidade inferior, reforça António Alves da Deco Proteste.

“Este operador já tem operações montadas em alguns países europeus (Espanha, Itália e Roménia), sem que tenhamos conhecimento de um volume anormal de reclamações”, afirma o especialista.

Os pacotes da Digi vão desde os 4 euros para o serviço móvel até aos 34 euros para um pacote combinado que inclui internet fixa, telemóvel, telefone fixo e televisão. Em comparação, um pacote semelhante nas operadoras tradicionais pode custar até 74 euros.

A principal estratégia da Digi é permitir que o cliente configure o pacote consoante as suas necessidades, com alternativas que excluem a obrigatoriedade do telefone fixo, ao contrário dos pacotes convencionais “triple play” das concorrentes.

Além dos preços mais baixos, a Digi permite a acumulação dos dados móveis não utilizados para o mês seguinte. 

Tomás Guimarães, ZAP //

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20 Comments

  1. Bom, lendo este artigo/notícia do Tomás, penso que nenhum operador incumbente se possa demarcar destas queixas, sem excepção.
    Lembro de desligarem-me no prédio a Internet sempre que vinha a Vodafone ou Nos ao prédio fazer instalações. Muito mau e a prática continua. Fotografar e apresentar queixa na ANACOM. Faz milagres, acreditem.
    Net lenta? Ainda não consigo ir e voltar de Lisboa ao Algarve sem quebras relevantes e significativas no sinal 4 e 5G, ficando apenas com EDGE (verão de 2024). 5G a velocidades 4G? Basta fazer um SpeedTest com qualquer operador… para perceber a velocidade. Aliás, parte da infraestrutura da Digi é partilhada com as instalações de fibra dos outros operadores… lol
    Fotografar o CC? Creio que todos os operadores ainda o fazem, apesar de ser ilegal.
    Pouca oferta televisiva? Isso depende do lixo que cada um consome. Para mim, serve e responde à TV que ainda vejo.
    Não defendo a Digi, defendo apenas que o Jornalista que redigiu esta notícia devia ser mais idóneo e consultar o Portal da Queixa. Qual vai ser melhor ou pior? A seu tempo veremos, há clientes para todo o tipo de gostos e preço. Eu já experimentei todos os operadores. Os melhores na minha zona? Vodafone e MEO. O pior: NOS e CaboVisão (atual NOWO).

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    • Caro leitor,
      O ZAP deu nos últimos meses inúmeras notícias sobre a DIGI, nomeadamente sobre as diversas vantagens que o seu aparecimento em Portugal vem trazer aos consumidores.
      E deu nos 11 anos que leva de vida dezenas de notícias, boas e más, sobre as operadoras de telecomunicações em Portugal.
      É nossa responsabilidade e dever jornalístico noticiar também, em relação à Digi, e como diz o título da notícia, que “nem tudo é um mar de rosas”.

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      • Bom dia.
        É interessante ler todas estas notícias sobre a entrada da DIGI no mercado e a difamação gerada em prol das operadoras existentes.
        Nunca é demais recordar a quantidade de ilegalidades cometidas pelas mesmas quanto a refidelizacões de 24 meses sem que o cliente se aperceba.
        Basta haver uma pequena necessidade de alterar o plano para que o operador obrigue o cliente a recomeçar um contrato de fidelização., muitas das vezes não explicitamente.
        Sou comercial no ramo há 26 anos e sou testemunha de tantas irregularidades cometidas pelos operadores atuais.
        Como podem falar de um novo operador que está a arrancar agora com o seu produto, completamente revolucionário no mercado português?
        Lembro-me bem quando a Meo começou com instalações de fibra ótica, os problemas que deu e as milhares de reclamações que originou. Cheguei a ouvir um cliente a dizer “meu belo ADSL”.
        Já nem quero abordar o tema sobre preços, os quais neste momento parecem uma anedota face ao que surgiu apresentado pela DIGI.
        Chegam a cobrar quase 20€/mês por tarifários móveis com 3Gb de dados móveis e 40€ de serviço fixo com uma pacote de TV onde repetem constantemente a programação e uma internet que muitas vezes não chega nem perto do contratado.
        Sobre o serviço de apoio ao cliente, estes operadores que estão há anos no mercado continuam a falhar imenso quando se trata de resolver constrangimentos nos serviços contratados.
        Mete dó a forma como os clientes são por vezes atendidos.
        Nunca poderão apontar o dedo a outro operador enquanto não tiverem um atendimento de excelência, algo que o cliente merece,visto pagar 24 mensalidades de um serviço.
        A DIGI veio mexer com toda essa filosofia criada pelos três gigantes das telecomunicações, e não duvido que em 5 anos atinja uma quota de mercado considerável.
        Se tem falhas? Tem, tal como todos os outros quando começaram.
        Tudo isto me faz pensar sobre o lucro que os operadores tinham com este negócio, cerca de 14 vezes a mensalidade que pagam.
        Se pensarmos no seu parque de clientes vezes esse valor, são muitos, mas mesmo muitos milhões!
        Para um país que perdeu o seu poder de compra, se calhar estava na hora de aparecer alguém que trouxesse alguma luz a esta escuridão.

        Ricardo Fernandes

    • Além de que, eu sou (ainda) cliente de uma das “antigas” e há poucos anos quis comparar preços das concorrentes e foi-me dito precisamente que a fibra de uma das outras operados que não a minha não estava instalada no meu bloco e não o fariam até que houvesse clientes que o justificassem… Pelos visto este problema não é exclusivo da DIGI.

      • Caro leitor,
        Permita-nos um reparo. A notícia não é um pouco tendenciosa. É totalmente tendenciosa. É uma notícia, especificamente, sobre as queixas que há sobre a Digi, em que, como diz o título, “nem tudo é um mar de rosas”.
        Também são totalmente tendenciosas as diversas notícias que demos anteriormente sobre a Digi.
        Quando revelámos que era possível esperar pela Digi sem renovar a fidelização e não subir o preço, a notícia era tendenciosa.
        Quando relatámos o desespero da NOS, a notícia era tendenciosa.
        Quando noticiámos que a Digi já mexe com o mercado, a notícia era tendenciosa.
        Quando demos a conhecer os tarifários a 4 euros sem fidelização, a notícia era tendenciosa.
        Quando explicámos como funciona a Digi em Espanha com internet mais rápida e fidelização de 3 meses, a notícia era tendenciosa.
        É muito estranho todas essas “notícias tendenciosas” todas terem escapado a comentários acerca das intenções com que o ZAP as publicou.
        Como explicámos num comentário anterior, o ZAP não pode ser tendencioso. Tem é que fazer as notícias tendenciosas TODAS — as que dizem bem e as que dizem mal, de quem quer que seja.
        O que é na verdade tendencioso é o estado de espírito das pessoas no mundo zangado em que vivemos, em que qualquer coisa com que não concordemos é alvo de reação cega e intestina — normalmente com insulto e calúnia à mistura (que, note por favor, nem sequer foi o caso do seu comentário).

  2. Então é uma série de casos pontuais apresentados aqui como facto generalizado. Este artigo le-se como conversa de café. “Tenho um amigo que diz que”

    AEIOU ainda é da NOS? Se não é, parece.

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  3. “É necessário “ter em conta o risco de optar por uma oferta sem histórico de qualidade de serviço no mercado”, alerta José Trovão, da plataforma Compara ao Jornal de Negócios.”
    Como é que esta pessoa faz uma declaração destas? Evidentemente, se chegou agora ao mercado nacional não possui histórico em Portugal. Dentro de 1 ano, se os problemas persistirem, aí sim, pode fazer estas declarações. Até lá, é para lançar a confusão e dar uma “mãozinha” aos 3 operadores instalados e abusadores.

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  4. O meu serviço arrancou no dia de lançamento e nada falhou. Mais canais de TV? para o que vejo normalmente, ofereço mais de 55 canais de tv a quem quiser aproveitar. Preço? Vou poupar em 12 meses, sem contar até 31dez de borla 408€. É obra para quem ganha(recebe) o salário médio em Portugal. Para mim basta! Viva a DIGI! Só peca por vir tarde e não saber defender-se dos ataques da concorrência através de interpostas pessoas, a soldo. penso eu

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  5. Estou a testar desde há 15 dias e ainda não consegui fazer uma chamada nem usar a net. Liguei, no sentido de dar feedback, e a resposta foi para não me preocupar em informar.
    Para já, em castelo branco, não aconselho a digi

  6. A concorrência irá fazer de tudo para quebrar a imagem do novo operador quando este traz um quebra significativa aos seus lucros e atenta contra o concluiu e os preços acordados há anos pelas operadoras que nos “sugam” mais do que o justo.

  7. Nao penso aderir à DIGI nos tempos mais próximos, mas já fui cliente, em diversas fases, das 3 operadoras, e lembro-me bem das avarias que “por coincidencia” surgiam nas ligações da concorrência sempre que algum deles intervinha no prédio.
    E todas de tempos a tempos têm falhas para as quais vão apresentando desculpas, umas melhores outras “coladas com cuspe”.

    Quando a Eleven iniciou as transmissoes também surgiram logo noticias, obviamente “isentas”, dando conta de crash/congelamento das transmissoes, por excesso de trafego ou falha de rede.

    Agora está tudo bem, e ja se devem ter entendido com a SPORT TV, pois partilham transmissoes e ambos aumentam os preços.

    E dentro de 1 ou 2 anitos, quando a DIGI atinmgir a sua quota de mercado, em vez de 3 serão 4 operadoras a combinar estratégias comerciais. Quanto a isso não haja ilusoes.

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