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Na despedida da CGTP, Arménio Carlos acusa Governo de ser “sementeira do populismo”

Mário Cruz / Lusa

Arménio Carlos

No discurso de despedida enquanto líder da CGTP, Arménio lançou duras críticas ao Governo de António Costa. Ao dar prioridade ao saldo orçamental, o Governo promove “o ressurgimento da extrema-direita”.

O secretário-geral da CGTP abriu esta sexta-feira o seu congresso com críticas à política do Governo de António Costa e defendendo que a Intersindical estará melhor sozinha na defesa dos trabalhadores na Concertação Social, do que acompanhada, em acordos que lhes retiram direitos.

“A assinatura de um acordo pela CGTP é um selo de garantia de que não há direitos roubados, de que não há condições de trabalho ou de vida pioradas”, afirmou Arménio Carlos na sua intervenção de abertura do XIV congresso da CGTP.

Para o sindicalista, esta é a razão pela qual os trabalhadores confiam na sua central. “É por este motivo que, mesmo sendo os únicos a não participar da destruição e venda de direitos, nunca estamos isolados, porque é com os trabalhadores que estamos e perante eles que respondemos”, disse.

As afirmações de Arménio Carlos referiam-se ao último acordo tripartido de Concertação Social, de 2019, que levou à revisão de algumas normas do Código do Trabalho.

“Recusando encontrar uma solução com os partidos à sua esquerda na Assembleia da República, o Governo optou por um acordo com as confederações patronais e a UGT para manter o país amarrado à política de baixos salários, com a caducidade das convenções coletivas e a negação do princípio do tratamento mais favorável a permanecerem”, criticou Arménio Carlos.

Segundo o sindicalista, este acordo deixou os trabalhadores em geral, e os jovens em particular, “sequestrados pela precariedade, a instabilidade, a insegurança e a angústia de um presente que condiciona e dificulta a planificação da sua vida pessoal e familiar”.

“Mas se o acordo se transformou em lei, deixamos aqui bem claro, neste congresso, que nada nem ninguém nos demoverá de prosseguir a luta pela eliminação de uma legislação que quer condenar as novas gerações ao empobrecimento”, prometeu.

Referiu ainda, a propósito, que “a CGTP prefere estar sozinha na defesa dos trabalhadores na Concertação, do que acompanhada a assinar acordos que fragilizam e reduzem os direitos dos trabalhadores“.

No discurso de despedida, Arménio Carlos avisou para as consequências de apenas se dar preferência aos números das contas públicas: “Um governo que prioriza o saldo orçamental em detrimento da justiça social é a sementeira para a evolução do populismo e o ressurgimento da extrema-direita, que se alimenta destas contradições, que as usa como elemento de atração, que procura dividir e criar falsos antagonismos entre os explorados, para que prossiga a acumulação dos exploradores”.

O XIV Congresso da CGTP definirá as linhas gerais de orientação para o quadriénio 2020-2024, expressas no Programa de Ação, que será discutido até sábado.

ZAP // Lusa

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