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Governo já prepara desconfinamento, mas aponta para abril

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José Coelho / Lusa

O primeiro-ministro, António Costa, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O primeiro-ministro, António Costa, já está a recolher informação dos parceiros e especialistas para começar a traçar um plano para o pós-desconfinamento.

De acordo com o Observador, António Costa deu sinais, esta terça-feira, após a reunião de especialistas no Infarmed, de já estar a preparar esta fase, ao pedir aos parceiros sociais que estudem as possibilidades que existem em cima da mesa para o pós-desconfinamento, que aponta para abril.

No final do encontro, o governante pediu que os parceiros reflitam sobre se preferem uma gestão da situação da pandemia “localizada e gradual”, como aquela que aconteceu em setembro e em dezembro, ou confinamentos gerais de 15 dias.

Apesar de ter reconhecido que o confinamento nunca acabaria antes de meados de março, o primeiro-ministro previu que acabe apenas no final desse mês. O Público avança ainda que, como o domingo de Páscoa é a 4 de abril, está em cima da mesa a possibilidade de o confinamento se manter nesse período festivo.

O confinamento geral começou a 15 de janeiro e, esta terça-feira, Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, avisou que as atuais medidas, incluindo as escolas encerradas, têm de se manter “por um período de dois meses para trazer o número de camas ocupadas em cuidados intensivos abaixo das 200 e a incidência acumulada a 14 dias abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes”.

Esta recomendação aponta para o final de março, mas, na gestão política desse calendário, pesará o facto de a Páscoa acontecer no primeiro fim-de-semana de abril e de o Governo não querer que se repita o aumento exponencial de contaminações que ocorreu no período do Natal.

O Público sabe que a necessidade de prolongar o confinamento até ao início de abril estava já a ser ponderada pelo Governo antes desta reunião, mas o Executivo aguardava ouvir o parecer dos especialistas para tomar uma decisão.

A ministra da Saúde, Marta Temido, saiu do encontro a considerar “bastante evidente que o atual confinamento tem de ser prolongado por mais tempo, desde já durante o mês de fevereiro, e depois sujeito a uma avaliação, mas provavelmente por um período que os peritos estimaram em 60 dias a contar do seu início”.

A próxima reunião no Infarmed deve realizar-se dentro de 15 dias, para preparar a fase seguinte ao estado de emergência.

Preparar o desconfinamento

Pedro Simas, virologista do Instituto de Medicina Molecular, afirmou que sempre foi “a favor do desconfinamento, mas com cautela”.

“É importante desconfinar cumprindo as regras. E quais são as duas coisas importantes para controlar um planalto? Chegar a um número de infeções que maximize a proteção dos grupos de risco e que permita à sociedade voltar à sua atividade, porque há muitos efeitos negativos de confinar.”

Em segundo lugar, “a sociedade tem de cumprir as regras e as instituições que nos apoiam fazer testes e rastreios, o que é essencial para controlar uma epidemia. Os rastreios é que vão permitir bloquear as cadeias de transmissão”, explicou.

Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, referiu, citado pelo Diário de Notícias, que é importante começar-se a pensar no desconfinamento, mesmo que seja cedo para abrir as atividades.

É fundamental que seja planeado, faseado e que se possa implementar de forma dinâmica e atendendo à evolução epidemiológica. A expectativa é que os números possam continuar a baixar, mas também temos de fazer por isso”, disse, acrescentando que os moldes em que será efetivado dependem da consolidação da descida dos números.

Ambos concordam que as medidas futuras devem ter como último objetivo evitar a saturação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), tanto em camas nas enfermarias como nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

Na reunião no Infarmed, os especialistas defenderam que uma das medidas mais importantes é a testagem em massa e uma maior capacidade de rastreio dos contactos dos infetados, o que, entretanto, foi prometido pelo primeiro-ministro.

Manuel Carmo Gomes, professor e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi bastante crítico em relação à atuação do Governo e defendeu uma “resposta agressiva guiada por critérios objetivos”. “Têm de ser estabelecidas linhas vermelhas e, se forem ultrapassadas, tem de se reagir de forma agressiva.”

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, sublinhou esta terça-feira que “não se pode desconfinar já”, referindo que não conhece um “número mágico” para apontar data ao desconfinamento, mas isso só pode acontecer quando “diminuírem os internamentos de cuidados intensivos”.

“Não há dúvida de uma coisa: não podemos desconfinar já. Tivemos uma grande onda, menor no norte do que no sul do país, mas é sensato esperar mais algum tempo e esperar que os números de infetados por dia diminuam de forma substancial, apesar de neste momento estarem em queda significativa”, disse.

Liliana Malainho, ZAP // Lusa

16 Comments

  1. Desconfinamento em período festivo? Só pode ser uma brincadeira. Vamos ter a versão 2 do Natal e Fim de Ano?

    É que por mais regras que “tentem” implementar o resultado é o que estamos a enfrentar. Desconfinar apenas fora de épocas ‘festivas.’ — e mesmo assim, o impacto sentir-se-a eventualmente (impacto negativo; aumento de casos)

    A verificar!

    • O meu amigo está a desconsiderar o numero de pessoas que já foi imunizado via contacto com o virus & vacinação..
      O céu não vai cair.
      Está preocupado com o Covid?
      Se saude o preocupa assim tanto, eu iria antes ao medico para um exame geral e avaliar se não tem nenhum tumor maligno dentro de si – em fase inicial ou final .. (30% das pessoas tem) a probabilidade de morrer de Câncer ou AVC é bem maior que este corona vírus..

    • A verdade dura e crua, é que morreram as pessoas que já estavam a morrer (por fraca saúde).
      Existem casos raros de mortes não explicadas (vulgo pessoas saudáveis), mas você também pode ser atropelado 2 x no mesmo dia..

  2. Hoje alguém dizia e bem na TV que se não morrermos do COVID, morremos à fome.
    Não quer dizer que não esteja preocupada, estou e bastante, mas também me preocupa não ter dinheiro para por comida na mesa a minhas filha, ou nem sequer 1 pão com manteiga, ou até um sitio para dormir no caso de ter uma ordem de despejo, porque ou pago a renda, água, luz, etc ou compro a comida
    E não me venham falar de apoios porque esses não são tão leneares como se ouve nas noticias, e não falo por falar, vivo a situação na 1ª pessoa…

  3. Quem tem a solução para tudo isto é o Jorge Jesus. O gajo é tão à frente que só lá chegaram por TAC.

  4. Sabem qual é o problema?
    É bem velho!
    Casa em que não há pão (neste caso governo competente) toda a gente ralha e ninguém tem (toda) razão.

  5. Bem, esta coisa de querer morrer com outra doença por causa do covid não é bem assim, porque eu conheço alguém que está mesmo mal alguns anos, e o médico de família manda-a trabalhar como se a pessoa não trabalha, agora é que trabalha, e paga impostos, essa pessoa anda cansada a pedir consulta mas dizem-lhe sempre que não há! então quem é que tem medo do covid são os utentes ou os médicos? Essa pessoa anda a tomar remédios caseiros com desespero, alguém me pode dizer de quem é a culpa? há muita coisa esquisita, da qual é proibido falar, há tratamento para alguns, não há para outros, nós somos para pagar impostos, já na hora de receber o que temos direito não é para todos, eu sigo com atenção o que eles dizem todos, e eles não enganam quando dizem que não podem dar tudo a todos, sendo assim! então não deem a ninguém, incluindo a eles. Já os impostos é para pagar aquelas coisas que toda a gente sabe.

  6. Esta coisa do confinamento é muito engraçada e ao mesmo tempo desgraçada. Mas só para alguns, não estamos todos com o mesmo problema, nem somos todos afectados da mesma maneira. O que é que mudou na vida dos funcionários públicos? Aqueles que estão sentados em casa e que não têm a preocupação de ver a conta bancária sem um depósito (do ordenado), sem uma transferência (do ordenado) e que não sabem o que é ter que deixar a luz por pagar, a água, a internet, a renda porque o pouco dinheiro que lhe resta na conta ou no bolso mal dá para pôr comer na mesa, não sabem o que é a covid. Talvez sintam a falta de ir passear no fim de semana de 2 dias ou 3 …. talvez sintam falta daqueles 10 dias de férias na Páscoa, etc. É pah…. aproveitem o dinheiro que lhes sobra todos os meses porque não o conseguem gastar para pagarem o resto da casa….. Assim podem trocar por outra melhor quando forem vendidas as que eram de quem teve COVID nos rendimentos, coisa que eles não sabem o que é…….

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