Uma equipa de investigadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, vai começar a testar em humanos dentro de um mês e espera conseguir uma vacina contra a Covid-19 até ao final do ano.
Depois de China e Estados Unidos terem anunciado testes em humanos para uma nova vacina da Covid-19, é a vez do Reino Unido entrar na corrida para encontrar a cura. Investigadores da Universidade de Oxford vão começar a testar em humanos dentro de um mês e esperam ter uma vacina pronta até ao final do ano.
O laboratório Public Health England (PHE) revela que os testes em animais estão previstos para a próxima semana, escreve o Expresso. No caso dos humanos, os cientistas vão começar com um pequeno grupo e, se os resultados forem positivos, vão avançar para um grupo maior.
“Estamos consciente que a vacina é necessária o mais rapidamente possível e certamente em junho-julho que é quando esperamos um pico da mortalidade”, disse Adrian Hill, do Instituto Jenner de Oxford, em declarações ao The Guardian.
“Esta não é uma situação normal. Vamos começar os testes com todos os requisitos de segurança, mas assim que a vacina comece a funcionar posso antecipar que vamos acelerar para salvarmos vidas. Quanto mais cedo conseguirmos disponibilizar mais vacinas, melhor”, acrescentou.
A vacina testada recorre a uma réplica não prejudicial do vírus, que ajuda a produzir imunidade ao novo coronavírus.
Todavia, especialistas advertiram para o risco de uma eventual vacina contra a Covid-19 se revelar ineficaz se não se souber como é que o sistema imunitário pode combater o coronavírus que causa a doença que se tornou uma pandemia.
A observação é feita num artigo publicado na revista científica Nature, que cita virologistas dos Estados Unidos, onde se ensaia, em Seattle, uma vacina em 12 pessoas saudáveis.
“Não sabemos assim tanto sobre a imunidade a este vírus”, assinalou o imunologista da Universidade de Washington Michael Diamond. O virologista Stanley Perlman, da Universidade de Iowa, realçou que as pessoas podem ficar infetadas com o novo coronavírus mesmo se tiverem concentrações elevadas de anticorpos contra este tipo de vírus, que causa infeções respiratórias como pneumonia.
A vacina que está a ser testada em Seattle visa capacitar o sistema imunitário para produzir anticorpos que reconheçam e bloqueiem a proteína que o coronavírus SARS-CoV-2 usa para entrar nas células humanas. Para Michael Diamond, especialista em imunologia viral, uma vacina assim concebida pode não chegar.
Os especialistas sugerem que uma vacina eficaz contra o novo coronavírus poderá ter que estimular o corpo a gerar anticorpos que bloqueiem outras proteínas virais ou fazer com que as células T (células que defendem o organismo contra agentes infecciosos) reconheçam o SARS-CoV-2 e matem as células que foram infetadas.
Num teste com ratos e porquinhos-da-índia, uma vacina desenvolvida pela farmacêutica Inovio induziu a produção de anticorpos e células T contra o novo coronavírus. Face aos resultados obtidos, o laboratório prepara-se para avançar com um ensaio clínico em abril.
O cientista Peter Hotez, da Universidade Baylor, considera que potenciais vacinas devem ser testadas primeiro em animais para se perceber, com segurança, a sua eficácia: por exemplo, se houve uma melhoria dos sintomas associados à infeção pelo novo coronavírus. Por vezes, acontece que pessoas vacinadas desenvolvem uma forma mais severa de uma infeção, depois de infetadas por um vírus, do que as pessoas que não estavam vacinadas.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram. Das pessoas infetadas, mais de 86.600 recuperaram da doença.
ZAP // Lusa