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Costa já cumpriu a primeira promessa eleitoral num café de Almada (e respondeu a Marcelo)

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Paulo Novais / Lusa

António Costa começou a semana a responder à parábola do vinho de Marcelo Rebelo de Sousa e a cumprir uma promessa feita a duas funcionárias da estação ferroviária de Almada, durante a campanha eleitoral, quando lhes garantiu que se ganhasse, ia lá “tomar um café”. Porque o combinado com os portugueses “é para cumprir”, assegurou o primeiro-ministro.

“Tinha sido a primeira combinação, se ganhasse as eleições vinha cá tomar um café“, salientou António Costa, em declarações aos jornalistas, no “Ponto do Café”, na estação de comboios de Almada, onde se encontrou com as duas funcionárias a quem fez a promessa, a 24 de Setembro passado, em plena campanha eleitoral.

O primeiro-ministro deslocou-se de comboio até Almada e foi por este meio que regressou a Lisboa, mas, se a viagem para a Margem Sul se revelou tranquila, o mesmo não se pôde dizer do regresso.

Quase às 10 da manhã, Costa entrou numa carruagem da Fertagus que se encontrava praticamente lotada, e teve que viajar em pé e próximo da porta de saída.

Antes disso, salientou que a promessa do café é “um bom indício de que aquilo que combinamos com os portugueses é para cumprir”.

“Qualidade do vinho só se sabe depois de provar”

Durante a tomada de posse do Governo, Costa prometeu aumentar o salário mínimo nacional para 750 euros em 2023.

Na mesma cerimónia, o Presidente da República recorreu à parábola que diz que “o segundo vinho é melhor do que o primeiro” para exigir mais do segundo Governo de Costa.

Em resposta a Marcelo Rebelo de Sousa, Costa preferiu, agora, assumir um tom brincalhão, evitando provocações, notando que “a qualidade do vinho só se sabe depois de provar” e realçando que o seu Governo tem “quatro anos para saborear” e “ver se o vinho está em bom estado”.

“Vamos ter quatro anos para poder abrir a garrafa, ver pelo cheiro da rolha se o vinho está em bom estado e deixar o vinho abrir para o podermos devidamente cheirar antes de fazer a prova. É um longo período de prova do vinho. Daqui a quatro anos, os portugueses dirão se o segundo vinho foi ou não melhor do que o primeiro”, acrescentou ainda Costa.

Quanto ao aviso feito pelo Presidente da República de que os recursos não são suficientes para responder a todas as expectativas dos portugueses, o primeiro-ministro disse entender esse recado “não para o Governo”, porque o seu executivo “tem bem consciência dos recursos que há”.

“Foi uma mensagem geral para a sociedade, explicando que, felizmente, hoje, virámos uma página, que o país está numa situação incomparavelmente melhor”, argumentou, concluindo que é preciso “continuar a olhar para o dia-a-dia”.

“Há boas razões para ter confiança e esperança no futuro”, acrescentou Costa, alertando contudo que “é preciso ter a razoabilidade de perceber que não estamos no paraíso“.

O recado ao Bloco: “Amigo, não empata amigo”

Na abertura da Comissão Nacional do PS, em Santarém, no domingo, o primeiro-ministro aproveitou também para deixar recados ao Bloco de Esquerda (BE), frisando que entende que “alguns possam estar cansados de serem meramente forças de protesto” e que possam ter “dúvidas existenciais” sobre “se devem estar mais próximos do poder ou mais longe das soluções de Governo”.

“Não me compete a mim dar-lhes conselhos”, apontou, de seguida, mas deixando logo depois uma recomendação ao Bloco. “Amigo, não empata amigo”, indicou.

Para o primeiro-ministro, este “novo modelo de geringonça” em nada tem de ser diferente do anterior, só por não haver um papel assinado. “Com posições conjuntas ou sem posições conjuntas”, irá manter a “continuidade que os portugueses disseram que desejam ter nesta legislatura”, referiu.

Na comissão nacional do PS, Costa assegurou também ao PSD que não haverá uma “zona de tampão” para eventuais reformas estruturais.

Mas António Costa deixa a garantia de que não vai andar a procurar apoios de um lado ao outro do espectro político. “Estão enganados os que pensam que vamos andar aos ziguezagues”, assumiu, numa resposta directa a Luís Montenegro que acusou o Governo de ser uma continuação do anterior.

“Este Governo será, por isso, tal como ontem nos acusava um candidato a líder do PSD, um Governo de continuidade”, rematou.

ZAP // Lusa

9 Comments

  1. A parábola que o “Celito” usou não é adequada à situação nem ao Dr. Costa.
    A correcta seria :
    Fazendo um chicote com algumas cordas, «…expulsou a todos do templo, as ovelhas bem como os bois, derramou pelo chão o dinheiro dos cambistas, virou as mesas e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai uma casa de negócio. João 2:15-16.

  2. Pode ser que agora cumpra a promessa de baixar o imposto sobre os combustíveis que ficou por cumprir na legislatura anterior. Embora, o café saia mais barato e seja mais fácil de cumprir

    • Se começarmos a enumerar as situações de palavra dada, palavra desonrada, não saímos daqui. Só dois pequenos exemplos: médico de família para todos até ao fim de 2018 e “o INFARMED vai para o Porto. Está claro agora?

  3. Este tipo tem uma, e só uma, característica que eu admiro. Goza a valer com o PCP e BE e estes espumam, mas ficam-se. A seguir vão beijar as mãos para que não os abandonem.

  4. O primeiro vinho é água pé como o primeiro milho é dos pardais, mas entradas de leão tem saídas de sendeiro…Oxalá a orfandade do Costa não acabe em águas de bacalhau…com tantos cabritos atrás de si e presunção abundante, o pobre desconfia. Não prometas o que não tens, paga primeiro a quem deves….

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