Carneiro prefere perder câmaras a fazer alianças com o Chega

Miguel A. Lopes / EPA

José Luís Carneiro eleito secretário-geral do PS

O líder socialista garante que retirará a confiança política a qualquer candidato autárquico que faça um acordo pós-eleitoral com o partido de André Ventura.

A um mês das eleições autárquicas de 12 de outubro, o Partido Socialista (PS) prepara-se para formalizar um compromisso interno: nenhum dos seus candidatos poderá estabelecer acordos pós-eleitorais com o Chega. Quem desrespeitar a orientação perderá de imediato a confiança política da direção.

A garantia foi dada pelo secretário-geral do PS numa entrevista ao Público. José Luís Carneiro sublinha tratar-se de um princípio “para salvaguardar enquanto tiver responsabilidades políticas no partido”. A determinação será formalizada na convenção autárquica, onde os candidatos socialistas assinarão o compromisso.

Questionado sobre a possibilidade de situações em que um acordo com o Chega fosse necessário para garantir a governabilidade local, o líder socialista foi categórico: “A câmara continuará a ser governada, mas não por autarcas que tenham perdido a confiança do PS.” Assim, os eleitos manteriam os mandatos, mas deixariam de representar o partido.

A estratégia socialista surge num momento em que o Chega aposta forte nas autárquicas, com dezenas de deputados da Assembleia da República agora candidatos a câmaras municipais. Para o secretário-geral do PS, esta opção revela fragilidades: “Ou estão a ofender a confiança dos cidadãos que os elegeram há três meses, ou não acreditam na vitória nas autárquicas.”

Confrontado com as vezes no passado em que o PS fez o mesmo, o líder socialista distingue os casos: “Uma coisa são três ou quatro deputados com ligação ao território. Outra é mais de metade de uma bancada parlamentar lançada como pára-quedistas.”

Sobre as presidenciais, Carneiro recusou antecipar estratégias ou dar garantias sobre um apoio a António José Seguro, remetendo decisões para a Comissão Nacional após as autárquicas. Admitiu, no entanto, que a candidatura de Seguro no espaço do centro-esquerda é “cada vez mais natural” e que o seu histórico como ex-secretário-geral do PS “contará”.

Quanto ao futuro da liderança interna, garantiu estar focado exclusivamente nas autárquicas e no serviço ao país: “Assuntos de 2026 deixo para 2026.”

ZAP //

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