Mas a sucessora de Biden no partido sentiu que não estava em posição de lhe dizer para não se recandidatar à Casa Branca.
Kamala Harris considera que foi “um ato de imprudência” ter permitido que Joe Biden decidisse concorrer à reeleição da presidência dos EUA em 2024, segundo excertos do seu novo livro 107 Days, divulgados esta quarta-feira pela revista The Atlantic.
Harris, que então ocupava o cargo de vice-presidente, admite que se sentia na “pior posição” para aconselhar o presidente de 81 anos a não avançar.
“Saberia que soaria como um gesto profundamente interesseiro se lhe dissesse para desistir”, escreve. “Todos repetíamos o mesmo: ‘É uma decisão de Joe e da sua esposa’. Era quase um mantra. Mas, olhando para trás, foi imprudência.”
Biden anunciou a desistência da sua campanha a 21 de julho de 2024, após um debate desastroso frente a Donald Trump, que levantou dúvidas públicas sobre a sua capacidade para resistir a uma campanha prolongada ou cumprir um segundo mandato.
Harris acabou por assumir a candidatura democrata com apenas 107 dias para conquistar o eleitorado, mas perdeu para Trump em novembro. Desde então, manteve um perfil discreto e anunciou em julho passado que não disputará o cargo de governadora da Califórnia.
A decisão inesperada de Biden gerou suspeitas sobre se a Casa Branca ocultara informações relativas ao seu estado cognitivo. No livro, Harris rejeita qualquer conspiração, mas reconhece que os sinais de cansaço do presidente se tornaram mais visíveis durante a campanha.
“No seu pior dia, Joe era mais informado, mais capaz de julgar e mais compassivo do que Donald Trump no seu melhor. Mas aos 81 anos, Joe ficou cansado”, escreve.
Atualmente com 82 anos, Biden, o presidente mais velho da história dos Estados Unidos enfrenta um diagnóstico de cancro da próstata em estado avançado, com metástases ósseas.