Quem é Kamala Harris? Candidata a presidente recebe apoios (a conta-gotas)

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Gace Skidmore / Flickr

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris

Apanhada de surpresa pelo anúncio da desistência de Joe Biden, Kamala Harris confirma que é candidata a substituir o presidente na corrida contra Trump. Conta já com alguns apoios entre os democratas, que vão surgindo a conta-gostas — ou com reservas, como é o caso do ex-presidente Barack Obama.

A vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, confirmou hoje ser candidata a presidente dos Estados Unidos, na sequência da desistência de Joe Biden da corrida às eleições de novembro.

A vice-presidente em exercício disse pretender “merecer e ganhar” a nomeação do Partido Democrata às eleições presidenciais e derrotar Donald Trump, após ter recebido o apoio do desistente Joe Biden.

Após anunciar a desistência, Biden adiantou que apoia Kamala Harris como possível sucessora depois de semanas de pressão interna para desistir da corrida.

“É uma honra receber a recomendação do Presidente e a minha intenção é merecer e ganhar esta nomeação”, disse Harris, numa declaração em que qualifica a decisão de Joe Biden abandonar a corrida de um “ato abnegado e patriótico”.

A desistência do presidente Joe Biden a uma reeleição no cargo, hoje anunciada, acontece um mês antes da convenção dos Democratas, na qual deverá ser escolhido novo candidato.

A convenção está marcada de 19 a 22 de agosto, em Chicago, e o que deveria ser uma confirmação de Joe Biden na corrida à Casa Branca transformou-se num “concurso aberto”, como escreveu a Associated Press, no qual 4.700 delegados vão votar num candidato para defrontar o republicano Donald Trump.

Quem é Kamala Harris

Com um currículo na área judicial, a política, nascida em Oakland há 59 anos, perfila-se como o nome mais forte do Partido Democrata para defrontar Donald Trump em novembro, depois de ter recebido o apoio de Joe Biden, uma declaração que poderá ser decisiva na convenção do partido, já que a esmagadora maioria dos delegados apoia a ‘ticket’ Biden/Kamala.

Antes de ter sido senadora, entre 2017 e 2021, Kamala Harris serviu como procuradora-geral da Califórnia (2011 a 2017), um papel elogiado pelos moderados pelo seu pulso forte na gestão do crime e justiça, mas também criticado pela ala esquerda do partido por ter levado ao encarceramento de afrodescendentes em grande número, acima da média nacional.

Foi a segunda negra eleita para o Senado dos Estados Unidos e, caso seja a escolhida pelos democratas, Kamala será a primeira mulher afrodescendente e de origem indiana como candidata presidencial.

Filha de uma indiana e de um jamaicano, Harris opôs-se sempre às políticas de Trump e propôs-se como candidata do partido em 2020, com críticas ao atual Presidente, Joe Biden, então também candidato.

Na sua campanha interna, Harris propôs o controlo mais forte das armas de fogo, a legalização da marijuana, aumento do salário mínimo, a redução de impostos para a classe média e o combate às alterações climáticas.

Depois da vitória interna de Biden, Kamala foi escolhida como vice-presidente e, após eleita, ficou responsável pela política migratória da administração norte-americana, fortemente criticada pelos republicanos.

“Tudo o que é importante para nós – a nossa economia, a nossa saúde, os nossos filhos, o tipo de país em que vivemos – tudo isto está em jogo”, afirmou, na campanha eleitoral de há quatro anos, um quadro que se parece repetir para os democratas em 2024.

Obama deixa em aberto apoio a Kamala

O ex-presidente norte-americano Barack Obama defendeu que Joe Biden mostrou “amor pelo país” ao abandonar a corrida presidencial, num elogio público sem expressar apoio para que a atual vice-Presidente, Kamala Harris, seja candidata pelo Partido Democrata.

“Joe Biden tem sido um dos presidentes mais consequentes dos Estados Unidos, bem como um querido amigo e parceiro para mim. Hoje, também nos recordamos — mais uma vez — que ele é um patriota da mais alta ordem“, refere Obama numa nota hoje divulgada.

“Sei que o Joe nunca desistiu de uma luta. Para ele olhar para o cenário político e decidir que deve passar o testemunho a um novo candidato é certamente das maiores adversidades da sua vida”, comentou o ex-líder norte-americano.

No entanto, Obama afirma que Biden “não tomaria essa decisão se não acreditasse que era o melhor para o país”.

Para o ex-presidente norte-americano, a carta pública em que anuncia a sua desistência às presidenciais de 5 de novembro “é um testemunho do amor de Joe Biden pelo país — e um exemplo histórico de um verdadeiro servidor público que, mais uma vez, coloca os interesses do povo americano acima dos seus próprios interesses”.

Na sua mensagem, o antigo líder da Casa Branca adverte que o Partido Democrata vai “navegar em águas desconhecidas nos próximos dias”.

Ao mesmo tempo, expressa “uma confiança extraordinária” de que os dirigentes democratas “serão capazes de criar um processo do qual emerja um candidato notável” para defrontar o republicano Donald Trump nas próximas presidenciais.

“Acredito que a visão de Joe Biden de uma América generosa, próspera e unida, que ofereça oportunidades para todos, estará plenamente exposta na Convenção Democrata, em agosto. E espero que cada um de nós esteja preparado para levar esta mensagem de esperança e progresso até novembro e mais além”, declara Obama.

Por agora, Barack Obama transmite, em nome também da sua mulher, Michelle, “amor e gratidão” ao casal Biden pela sua liderança “com tanta habilidade e coragem durante estes tempos perigosos”, bem como pelo seu “compromisso com os ideais de liberdade e igualdade” em que os Estados Unidos foram fundados.

Apoios a conta-gotas

A vice-presidente  Kamala Harris, está a receber a ‘conta-gotas’ apoios democratas à nomeação para a corrida presidencial em substituição de Joe Biden, com algumas figuras-chave do partido a não se comprometerem para já.

Depois de Joe Biden, também o casal Bill e Hillary Clinton deram o seu apoio público à candidatura de Kamala a Presidente pelo Partido Democrata, enquanto o partido ainda digere o anúncio da desistência do atual chefe de Estado e inicia um processo sem precedentes de mudar o seu candidato a pouco mais de 100 dias das eleições.

Segundo a cadeia norte-americana CNN, Joe Biden, que está em convalescença de covid-19 na sua casa no estado do Delaware, tomou a decisão de desistir nas últimas 48 horas e comunicou-a a alguns dos seus mais diretos colaboradores apenas “momentos” antes de a anunciar publicamente.

A própria Kamala Harris terá sido informada apenas durante o dia, segundo a mesma fonte. Os elogios à decisão e à figura de Biden foram quase unânimes, mas muitos fizeram como Barack Obama e foram contidos, para já, no apoio a Kamala.

Foi o caso dos líderes democratas no Senado, Chuck Schumer, e na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries. Também a ex-presidente do Congresso, a influente Nancy Pelosi, não anunciou apoio a Kamala.

Alguns democratas têm vindo a defender um processo “aberto”, em alternativa à substituição automática de Joe Biden pela sua número dois, caso dos congressistas Scott Wong, Julie Tsirkin, Peter Welch, Jon Tester ou Joe Manchin, este atualmente independente.

Do lado de Kamala colocaram-se imediatamente alguns grupos de congressistas (‘caucus’), caso do afro-americano, que ofereceu apoio “total” à candidatura, e do que reúne os progressistas (mais à esquerda).

“Milhões de americanos votaram em Joe Biden e Kamala Harris nas primárias. A vice-presidente Harris provou repetidamente que pode afirmar-se como alternativa a Donald Trump e fazer uma campanha vigorosa pelos democratas nas urnas”, disse em comunicado a deputada Pramila Jayapal, presidente do ´caucus’ progressista.

O Comité Nacional Democrata (CND) afirmou que, embora a renúncia de um candidato a pouco mais de três meses das eleições “não tenha precedentes”, terá início nos próximos dias um processo “transparente e ordenado” para substituir Joe Biden como candidato.

“O trabalho que devemos realizar agora, embora não tenha precedentes, é claro. Nos próximos dias, o Partido empreenderá um processo transparente e ordenado para avançar como um Partido Democrata unido com um candidato que possa derrotar Trump em novembro”, apontou o presidente do CND, Jaime Harrison.

Este processo, acrescentou, será regido pelas regras e procedimentos estabelecidos pelo Partido Democrata, num momento em que os delegados “estão dispostos a levar a sério a sua responsabilidade de apresentar rapidamente um candidato ao povo americano”.

“Os democratas estão unidos e preparados na sua determinação de ganhar em novembro. Enquanto avançamos para selecionar formalmente o candidato do nosso Partido, os nossos valores como democratas permanecem os mesmos: reduzir custos, restaurar as liberdades, proteger os direitos de todas as pessoas e salvar a nossa democracia da ameaça de uma ditadura”, disse Harrison.

Dentro de “pouco tempo”, acrescentou, o povo norte-americano ouvirá o Partido Democrata “sobre os próximos passos e o caminho a seguir para o processo de nomeação”.

Robert F. Kennedy elogia desistência

O candidato independente à presidência dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy, elogiou hoje Joe Biden por ter desistido da corrida à reeleição e criticou o Partido Democrata por ter ocultado a “degeneração” do Presidente, de 81 anos.

Felicito o Presidente Biden por se ter demitido. As suas fraquezas eram óbvias desde o início para qualquer observador de bom senso”, escreveu nas redes sociais.

Foi essa “deterioração progressiva e o seu abandono dos princípios do Partido Democrata” que, segundo F. Kennedy Jr., o levou a entrar na corrida e a garantir que os eleitores norte-americanos “tivessem uma alternativa viável e vigorosa” ao candidato republicano, Donald Trump.

Na rede X, o candidato apelidou a reação dos democratas como uma tentativa de esconder do povo “a degeneração” de Biden “e de retirar fundos à democracia para o forçar a tornar-se o candidato do seu partido”.

Kennedy Jr. advertiu que “muitos americanos temem que as mesmas elites do Comité Nacional Democrata estejam prestes a manipular novamente o processo de nomeação para conseguir uma vice-presidente monumentalmente impopular” para ocupar o lugar de Biden.

“Se tivesse sido assim desde o início, eu não teria tido de abandonar o partido”, concluiu.

ZAP // Lusa

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4 Comments

  1. Em nenhum momento mencionaram como é que ela entrou e subiu no mundo político. Essa é que é a Kamala Harris. Mais um fantoche da agenda woke. “primeira mulher afrodescendente e de origem indiana”, an?

  2. Kamala Harris, em pouco mais de 24 horas conseguiu apoio suficiente para ser candidata do partido Democrata. Um apoio em catadupa, ao contrário do que o artigo refere.

  3. O Luís Pedro devia procurar tratamento…embora para o seu caso, acho que ainda não existe solução, que obviamente teria de passar por um transplante de cérebro.

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