O Presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou este domingo o abandono da corrida às eleições presidenciais de novembro.
O candidato Democrata às eleições presidenciais de novembro e atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o que há algum tempo se julgava provável que viesse a acontecer — e que muitas figuras influentes do se partido insistentemente pediam nos últimos dias: desistiu da corrida.
“Acredito que é do interesse do meu partido e do país que me afaste e me concentre apenas em servir como Presidente durante o resto do meu mandato”, disse o político democrata em comunicado de imprensa.
O líder da Casa Branca de 81 anos, cuja condição de saúde tem vindo a ser questionada, indicou que vai explicar a sua decisão num discurso à nação.
A desistência de Biden surge numa altura em que as dúvidas sobre as suas condições para exercer o cargo em novo mandato se avolumaram, particularmente após o desastroso debate com Donald Trump.
Biden deverá ser substituído como candidato democrata pela atual vice-presidente e candidata à reeleição nesse cargo, Kamala Harris.
Não é no entanto certo que a escolha recaia na vice-presidente, tendo sido apontados outros nomes para tomar o lugar de do atual presidente — entre os quais o do senador e ex-astronauta Mark Kelly.
Republicanos contestam legalidade
O presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, o republicano Mike Johnson, admite a hipótese de recurso contra a substituição de Joe Biden como candidato dos democratas para as presidenciais de novembro, por violação da lei eleitoral.
Numa altura em que o candidato republicano Donald Trump recolhe o favoritismo para voltar à Casa Branca, graças ao bem-sucedido debate televisivo contra Biden e à tentativa de assassínio de que foi alvo, analistas políticos norte-americanos creem que um possível novo candidato democrata poderá levar a uma reviravolta nas sondagens.
Neste cenário, Johnson defendeu na CNN, ainda antes do anúncio oficial do abandono de Biden da corrida eleitoral, que a substituição do recandidato Biden à presidência poderia representar uma violação da lei eleitoral em alguns estados do país, uma vez que o atual presidente venceu as eleições primárias do seu partido.
“Cada Estado tem o seu próprio sistema eleitoral. Está no nosso sistema constitucional. É assim que as coisas são feitas. E, em alguns desses estados, isso pode ser um sério obstáculo”, argumentou Johnson.
O republicano recordou que 14 milhões de pessoas escolheram Biden nas primárias, acrescentando que será “interessante ver se o chamado ‘partido da democracia’ acaba por colocar um substituto depois de se reunir secretamente na sala dos fundos”.
Nas últimas horas, antigo senador democrata e agora independente da Virgínia Ocidental, Joe Manchin, juntou-se às vozes que pediram a Biden para abandonar a corrida.
A saída de Manchin do Partido não surpreendeu, por ser um dos elementos mais conservadores e, até à sua demissão, tinha várias vezes obstruído iniciativas políticas de Biden.
“Quero que ele seja presidente nos últimos cinco meses do seu mandato, para que possa unir o nosso país, acalmar a retórica e poder concentrar-se na paz no mundo”, indicou o senador, acrescentando que “fazer campanha é um desafio incrível para qualquer pessoa, para qualquer pessoa, fisicamente, mentalmente, de todas as maneiras, formas e feitios”.
Por isso, apelou, “com todo o pesar” que o presidente passe o “testemunho a uma nova geração”.
ZAP // Lusa