“Eles andam aí”: Mamíferos iridescentes são muito mais comuns do que pensávamos

Jessica Leigh Dobson

O rato vlei tropical tem pelo que brilha com tons iridescentes

Há muito que se afirma que apenas um mamífero – a toupeira dourada – tem um pelo que brilha como o arco-íris. Mas um novo estudo descobriu que mais de uma dúzia de mamíferos também tem pelo iridescente.

Um estudo publicado esta quarta-feira na Journal of the Royal Society Interface revelou que a toupeira dourada não está sozinha.

Há, afinal, mais de uma dúzia de espécies de mamíferos brilham como o arco-íris.

Ou seja, o seu pelo é iridescente, o que significa que a sua cor parece mudar consoante a orientação do animal em relação ao observador.

O efeito é semelhante ao brilho colorido de uma mancha de óleo, ou ao deslumbramento metálico das penas de um beija-flor; e, vem agora a descobrir-se, é mais comum entre os mamíferos do que os biólogos pensavam.

“Eles andam aí”, nós é que não sabemos.

Como contou à New Scientist, Jessica Leigh Dobson, da Universidade de Ghent, na Bélgica, estava a estudar a cor nos mamíferos utilizando espécimes do Museu Real da África Central, também na Bélgica, quando reparou num brilho azul elétrico no pelo de um rato vlei tropical (Otomys tropicalis).

“Voltei imediatamente para o escritório para ver se estava documentado em algum lado, porque tudo o que tinha lido até então me dizia que a iridescência [dos mamíferos] só se encontrava nas toupeiras douradas”, relatou.

Dobson pesquisou na literatura científica e encontrou menções casuais ao pelo brilhante de outras espécies de mamíferos que remontam à década de 1890.

Foi usado um microscópio de luz, primeiro, para iluminar o pelo em diferentes ângulos. Depois, foram analisados os comprimentos de onda e as cores da luz refletidas nos pelos.

A análise revelou que as toupeiras douradas não são exclusivamente cintilantes. Mais 14 espécies de mamíferos têm pelagem iridescente. Seis nunca tinham sido consideradas como potencialmente iridescentes, na literatura científica.

Como refere a New Scientist, quando os investigadores constataram que os pelos destes mamíferos iridescentes num microscópio de alta potência, verificaram que eram todos invulgarmente lisos, sendo cada um deles constituído por uma série de camadas sub-paralelas mais comprimidas do que as camadas no interior dos pelos típicos dos mamíferos.

A equipa teoriza que o brilho é – provavelmente – um subproduto de outras adaptações baseadas no pelo. A maioria destes mamíferos são espécies que escavam ou nadam, e as superfícies lisas dos pelos podem ajudar a manter o pelo limpo em ambientes sujos ou húmidos.

Além disso, refere Dobson, é também possível que o mecanismo de iridescência tenha a função de comunicação visual, como acontece em muitas aves.

ZAP //

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