O primeiro-ministro, António Costa, afirmou hoje manter “toda a confiança política” nos ministros das Finanças e do Ambiente, depois de o líder do Chega o ter desafiado a demitir Fernando Medina e Duarte Cordeiro “ainda hoje”.
“Obviamente, mantenho toda a confiança política e tenho a maior consideração pela idoneidade do doutor Fernando Medina e do doutor Duarte Cordeiro”, afirmou o primeiro-ministro durante o debate sobre política geral que decorreu na Assembleia da República.
António Costa respondia ao presidente do Chega, André Ventura, que lhe perguntou se “mantém a confiança e se acha que têm idoneidade para as funções o seu ministro das Finanças, Fernando Medina, e o seu ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro”.
André Ventura deixou ainda um desafio: “é demitir estes dois ministros ainda hoje”.
Em causa está uma reportagem emitida na terça-feira à noite pela TVI/CNN Portugal, no âmbito da Operação Tutti Frutti, na qual são citados os ministros Fernando Medina e Duarte Cordeiro.
A reportagem da TVI/CNN denuncia uma alegada troca de favores entre PS e PSD na preparação das listas para as eleições autárquicas de 2017, de forma a garantir a manutenção de certas freguesias lisboetas.
De acordo com aquelas televisões, que citam uma investigação do Ministério Público e da Polícia Judiciária, Medina é suspeito em processos que remontam ao tempo em que era presidente da Câmara de Lisboa, incluindo o caso ‘Tutti Frutti’. Em causa estão alegados crimes de corrupção, abuso de poder e uso ilícito de cargo político, entre outros.
A notícia adianta ainda que há dezenas de escutas e centenas de e-mails que envolvem não só o atual ministro das Finanças, mas também o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, na altura número dois de Medina na câmara de Lisboa.
Sobre esta questão, o primeiro-ministro acrescentou ainda que “se a justiça tem algum caso” deve “exercer as suas funções” e acusou o PSD de populismo.
“A primeira forma de combatermos o populismo é não imitarmos o populismo. Uma forma de não imitarmos é não nos querermos substituir às instituições no cumprimento do seu dever, tenho mantido uma regra bastante inflexível nas boas e nas más horas: à justiça o que é da justiça, à política o que é da política”, disse.
E acrescentou: “Se a justiça tem algum caso que desconheço que tenha – não tenho acesso à mesma informação que a TVI tem – a justiça que exerça as suas funções, eu exerço a minha”.
Costa não informou Marcelo sobre SIS
O primeiro-ministro afirmou também que falou com o ministro das Infraestruturas apenas depois da atuação do SIS, tal como falou naquela noite com outros ministros e com o Presidente da República.
Esta resposta foi dada ao líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, mas depois complementada em discussão com o André Ventura, tendo António Costa clarificado que não falou com Marcelo Rebelo de Sousa sobre a atuação dos serviços de segurança.
“Se eu disse de alguma forma que tinha informado o senhor Presidente da República sobre a intervenção do SIS, aproveito a sua pergunta para corrigir imediatamente. Eu nunca informei o senhor Presidente da República sobre a intervenção do SIS, que fique claro“. disse o primeiro-ministro a Ventura.
Antes, em resposta a Miranda Sarmento, o primeiro-ministro tinha afirmado: “No dia em que regressei de férias, um jornalista da RTP perguntou-me se tinha tido prévio conhecimento e eu disse que não tive, o que era rigorosamente verdade”.
“Outra coisa a que não respondi porque também ninguém me perguntou era saber se eu tinha ou não falado com o ministro João Galamba, como falei com outros ministros, com o Presidente da República e com ‘n’ pessoas”, acrescentou.
Nenhum tipo de ilegalidade
O primeiro-ministro não viu qualquer tipo de ilegalidade na atuação do SIS na recuperação do computador do ex-adjunto do ministro João Galamba, assegurando que nenhum membro do Governo deu qualquer instrução ou orientação para a ação daquele serviço.
No debate com o Governo sobre política geral, o último enquanto líder do BE, Catarina Martins questionou António Costa, mais do que uma vez, sobre qual foi “a base legal” para a atuação do SIS na noite de 26 de abril no caso que envolve um ex-adjunto do Ministério das Infraestruturas.
Na resposta, o primeiro-ministro considerou que as “questões estão bastante claras” e reiterou que se tratou do desaparecimento de documentos classificados, afirmando não ver “qualquer tipo de ilegalidade” na atuação do SIS.
“Nenhum membro do Governo, direta ou indiretamente, deu qualquer instrução, ordem ou orientação ao SIS para proceder a essa ação”, reiterou, mais à frente, perante a insistência de Catarina Martins.
ZAP // Lusa
Está tudo corrupto… E o trabalhador passa fome.
Costa parece completamente perdido ao dizer que Galamba não faltou à verdade, quando faltou. Não disse, antes, que falou com o ministro da A. Interna e agora já diz que falou com ele. É uma situação deplorável, Costa dizer que não o demite, depois desta coboiada (faroeste) no ministério, que ficará para a história. Um ministro que, comprovadamente, mentiu à assembleia, não pode ser ministro. Costa tinha razões de peso para o despachar. Isto é uma degradação governativa muito grande e uma gestão política desastrosa que mostra a sua incapacidade de liderança do governo. É o socratismo desgraçado ainda presente.
E ficou provado que o Primeiro-ministro mentiu. É mentiroso! Disse que não tinha falado com o Galamba e agora veio dizer que afinal falou.