Costa despede-se. “Juntos construímos um país melhor”

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Clara Azevedo / GPM

O primeiro-ministro, António Costa, durante a tradicional mensagem de Natal, no Palácio de São Bento, em Lisboa, dezembro de 2023

O primeiro-ministro afirma que deixa um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, considerando que Portugal está preparado para enfrentar os desafios com uma população mais qualificada e com menos dívida.

António Costa defendeu esta posição na sua nona e última mensagem de Natal enquanto primeiro-ministro, cerca de um mês e meio depois de se ter demitido da chefia do Governo por causa de uma investigação judicial e quando estão marcadas eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

“Nestes oito anos em que tive a oportunidade de conhecer ainda melhor os portugueses e Portugal, só reforcei a minha confiança na nossa pátria”, declarou o líder do executivo no final da sua mensagem.

“É com esta confiança reforçada em cada um de vós, na nossa capacidade coletiva, em Portugal, que me despeço desejando um feliz Natal, um excelente ano de 2024 e a certeza de que os portugueses continuarão a fazer de cada ano novo um ano ainda melhor”, acrescentou António Costa.

Na sua mensagem, António Costa disse ter concluído que os últimos oito anos provaram que tinha “boas razões” para confiar no país.

Juntos vencemos as angústias da pandemia; juntos temos garantido que a tragédia dos incêndios de 2017 não se repete; juntos temos conseguido mais e melhor emprego; diminuímos a pobreza e reduzimos as desigualdades; recuperámos a tranquilidade no dia-a-dia das famílias”, recordou o primeiro-ministro.

“Juntos temos atraído mais investimento das empresas e conquistado mais exportações; repusemos direitos e equilibrámos as contas públicas; juntos ultrapassámos dificuldades e juntos construímos um país melhor”, considerou António Costa.

Na sua perspetiva, há razões para ter confiança que Portugal “está preparado para vencer os grandes desafios” que enfrenta.

“O nosso nível de qualificações aproxima-se dos melhores padrões europeus. Recuperámos um défice que tinha séculos. E esta recuperação deve-se ao extraordinário esforço das famílias, dos jovens e, de forma persistente, das políticas públicas nas últimas duas décadas”, realçou.

No plano ambiental, “o maior desafio”, António Costa assinalou que “Portugal é o país da União Europeia em melhores condições para alcançar a neutralidade carbónica até 2045”.

“Até outubro, 63% da eletricidade que consumimos teve origem em renováveis. Este valor será de 80% até 2026. Para Portugal, o investimento na transição energética, para além do dever de contribuir para salvar a humanidade, é também uma extraordinária oportunidade económica de criação de emprego, valorização de recursos naturais e de substituir importações por exportações”, justificou.

no plano financeiro, o primeiro-ministro realçou que Portugal “conseguiu libertar-se de décadas de crónicos défices orçamentais”.

“Mas fizémo-lo com base no crescimento económico, na valorização dos rendimentos daqueles que trabalham e daqueles que vivem das suas pensões. Termos menos dívida significa maior credibilidade externa, mas significa, acima de tudo, maior liberdade para os portugueses”, considerou.

Por estas razões, de acordo com António Costa, os portugueses, podem “continuar a ter confiança no futuro”.

“A confiança de que vamos continuar a convergir com os países mais desenvolvidos da União Europeia, como voltou a acontecer nos últimos”, referiu.

Nesta sua mensagem, o primeiro-ministro assumiu também que “há problemas” que Portugal tem de ultrapassar e advertiu que “terá de haver sempre força e determinação para os enfrentar”.

“Mas temos muito trabalho em curso que não podemos parar. Perante as adversidades, temos o dever de ser persistentes e de nunca desistir. E é por isso que a mensagem que hoje vos quero deixar é, mais uma vez, uma mensagem de confiança. De confiança, em nós, portugueses; de confiança em Portugal, o nosso país”, acrescentou.

A que é a última mensagem de Natal de António Costa acontece depois de, no dia 7 de novembro, pela primeira vez na história da democracia portuguesa, ter havido buscas na residência oficial do primeiro-ministro – na sala de trabalho do seu então chefe de gabinete Vítor Escária.

As buscas surgiram no âmbito de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio.

Horas depois, um comunicado da Procuradoria-Geral da República informou, no último parágrafo, que o primeiro-ministro era alvo de um inquérito no Supremo Tribunal de Justiça a partir dessa investigação.

Logo a seguir, António Costa pediu a demissão, o Presidente da República aceitou e dois dias depois Marcelo Rebelo de Sousa marcou eleições antecipadas para 10 de março.

ZAP // Lusa

4 Comments

  1. Não tinha de demitir-se. Podia ter esperado. Portugal nunca esteve tão acelerado como hoje em dia. Parece que o mundo todo descobriu Portugal. A economia não tem parado nestes últimos anos. É realmente inédito.

  2. Se ele ficasse até ao fundo do mandato, Portugal chegaria ao top 3 dos países mais desenvolvidos do mundo…. Em corrupção…
    E demitiu-se porque tem a consciência totalmente descansada e descomprometida… Só porque sim…

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