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Costa afasta remodelação, atira decisão da 3.ª dose para a DGS e nega pressões na vacinação dos jovens

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Miguel A. Lopes / Lusa

No horizonte não se vislumbra uma remodelação no executivo de António Costa, que quer todos os ministros focados a 200% na execução dos programas e medidas de apoio à retoma económica do país. Costa nega também qualquer tipo de pressão política sobre os técnicos da DGS na decisão de alargar a vacinação contra a Covid-19 a todos os jovens entre os 12 e os 15 anos.

António Costa afastou o cenário de remodelação governamental, revelando, em entrevista ao semanário Expresso, que está apenas prevista a saída de Ana Paula Zacarias, secretária de Estado dos Assuntos Europeus, a qual regressará à carreira diplomática.”Não tenho neste momento no horizonte nenhuma remodelação“, disse taxativamente.

Para o primeiro-ministro “continua a ser totalmente justificável a atual estrutura do Governo, porque o esforço que vai implicar a execução do Plano de Recuperação e Resiliência, mais o Portugal 2030, mais a execução do programa do Governo, não aconselham a qualquer mudança na estrutura, pelo contrário”. O governante afirmou mesmo que quer os “ministros concentrados a 200%” na concretização destas tarefas.

Sobre a saída de Ana Paula Zacarias, Costa afirmou que esta acontece com “muita pena” sua. “Foi uma excecional secretária de Estado dos Assuntos Europeus, peça fundamental da nossa presidência, mas é uma diplomata de mão cheia, é legítimo que queria concluir a sua carreira diplomática”, afirmou.

António Costa, que enquanto chefe do Governo sempre tentou resistir a pressões externas para substituir os seus ministros, lembrou que “as remodelações se fazem quando são necessárias, não propriamente quando os comentadores ou as sondagens assim o dizem”.

Relativamente a Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna que tem estado sucessivamente envolvido em diversas polémicas, afirmou que “ninguém é insubstituível” e que o que tem “visto a ser discutido é a remodelação da oposição”. No caso dos festejos do título do Sporting, o primeiro-ministro entende que “houve um trabalho que foi feito entre o clube, o município e as forças de segurança” sobre a forma como deveriam decorrer.

De forma a reforçar os planos de manter a atual composição do Concelho de Ministros, António Costa afirmou que tem sentido entre estes “uma enorme energia” relativamente à execução do Plano de Recuperação (PRR) e do Portugal 2030.

“O que o país pede é que prossigamos o trabalho que temos vindo a fazer de combate à pandemia, que o Governo se concentre em apoiar este esforço extraordinário que as empresas e os trabalhadores têm feito para enfrentarmos a crise económica. Temos de nos concentrar nisso e não em casos e casinhos“, apontou.

Vacinação obrigatória, terceiras doses e pressões à DGS

Numa altura em que Portugal parece estar a entrar numa nova fase da pandemia, resultado do avanço acelerado da taxa de população vacinada, António Costa revelou que, no seu entender, “nenhum indicador” justifica considerar a vacinação obrigatória para profissionais de saúde ou cuidadores de pessoas debilitadas, à semelhança do que aconteceu em França, uma vez que os “níveis de recusa são mínimos” entre a população.

“Acho que não devemos quebrar aquilo que é a nossa regra, que tem funcionado bem ao longo das de décadas e durante esta pandemia. Os níveis de recusa de vacinação são mínimos. E mesmo aqueles que se recusaram a vacinar-se, presumo que estejam arrependidos“, disse, num comentário que pode ser interpretado como uma indireta ao líder do partido Chega, André Ventura.

A hipótese já comentada pelo Ministério da Saúde de acabar com o regime de gratuitidade dos testes antigénio em algumas farmácias e laboratórios — tal como aconteceu na Alemanha — também foi abordada pelo primeiro-ministro que considerou o momento “prematuro” para especulações. “Vamos ter de ir adequando as medidas de acordo com o que é a evolução da pandemia”, atirou.

Na entrevista ao Expresso, António Costa não se escusou a comentar a polémica das últimas semanas em torno de alegadas pressões políticas de forma a influenciar a DGS a incluir os jovens com idades entre os 12 e os 15 anos nos grupos elegíveis para vacinação contra a Covid-19 sem que para isso seja necessária a apresentação de indicação médica — tal como foi inicialmente anunciado.

O chefe do Executivo afirma que a “DGS utilizou o tempo que entendeu necessário para poder ter uma decisão suficientemente confortável do ponto de vista científico, a task force preparou toda a logística para qualquer que fosse a decisão e o Governo tinha procedido à aquisição das vacinas para poder dar sequência à decisão, se ela chegasse”. António Costa afirmou ainda que durante o processo de decisões “é normal que o tempo não seja igual para todos” os envolvidos na gestão da pandemia.

Abordada foi também a questão da administração de terceiras doses de vacinas, as chamadas doses de reforço, com o primeiro-ministro a relembrar que, apesar de a DGS estar hierarquicamente subordinada ao Governo, a sua “autonomia técnica tem que ser respeitada” — uma resposta dada após ter sido confrontado com a afirmação de Marcelo Rebelo de Sousa em que este defendia que a decisão cabia ao Governo.

É uma decisão técnica que a DGS tem de tomar. O que compete ao Governo fazer — e já fez — é adquirir o número de doses suficientes para que, se essa decisão vier a ser tomada, existam doses disponíveis“, explicou Costa.

Outubro é sinónimo de normalidade?

Com a imunidade de grupo prevista para outubro, de acordo com as previsões do próprio Governo, António Costa recusa avançar com cenários de como será a vida dos portugueses nos próximos meses, sobretudo ao nível dos comportamentos individuais, pelo que são muitas as questões que deixa no ar.

“Admitamos que a pandemia um dia desaparece; vamos todos deixar de usar máscara, sempre? Ou vamos passar a usar algumas vezes? Antes estranhávamos muito quando víamos nos países asiáticos o uso de máscaras pela poluição e risco de doenças.  Constatámos este ano que as infeções da gripe caíram a pique“, atirou.

Se isso vai significar que vai ser obrigatória a máscara? Costa acho que “não”. “Que voluntariamente muitas pessoas vão passar a usar muito mais vezes máscara? Não tenho dúvida que sim. Vamos voltar a cumprimentar-nos como nos cumprimentávamos? Não sabemos”, deixou no ar.

O PM afirmou ainda, de forma convicta, que “vírus vai continuar a andar por aí, vai continuar a mudar, e nós vamos continuar na dúvida se mudará tanto que chegará a um momento em que já não está coberto pelas vacinas disponíveis”. Como tal, “convém ter a noção de que devemos manter hábitos de autoproteção, porque a incerteza vai permanecer longamente entre nós”.

Para continuar está também o certificado digital, o qual António Costa considera “uma medida essencialmente de segurança do próprio e dos outros”. Se no início uma das principais críticas feitas à medida era o acesso restrito ao documento, o chefe do governo considera que a questão já não se coloca porque “conforme houver maior número de pessoas vacinadas, mais universal é o acesso“.

“Com a universalização da vacinação, universaliza-se também o acesso ao certificado. A barreira de desigualdade vai desaparecendo“, vaticinou.

ARM, ZAP //

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3 Comments

  1. Possivelmente lá dirá para com os seus botões, então eu vou pôr estes incompetentes na rua e eu fico? Desta forma ficam todos para não haver discriminação!

  2. É absolutamente necessária uma revolução no Governo, e, ainda, pessoas capazes de dizer que HÁ PROBLEMAS COM AS VACINAS, e que O CORONA AINDA ANDA POR CÁ.

    Abraço da Alberta Meningite.

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