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Corte da Internet no maior campo de refugiados do mundo potencia propagação da Covid-19

As restrições ao uso de Internet nos campos de refugiados dos rohingya no Bangladesh aumentam o risco de propagação da Covid-19 e de uma catástrofe humanitária, por impedirem a difusão de informação essencial sobre o vírus.

Como lembrou o Expresso, centenas de milhares de rohingya fugiram de Myanmar em 2017, na sequência de uma campanha de violência maciça das autoridades. Mais de um milhão de rohingya estão em 34 campos no Bangladesh, como o de Kutupalong, que aloja 600 mil pessoas numa área de escassos 13 quilómetros quadrados.

Um representante da Médicos sem Fronteiras (MSF) no país explcou que muitas famílias vivem em alojamentos precários com cerca de dez metros quadrados, o que torna impossível qualquer forma de distanciamento social.

Essa organização, juntamente com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) chamam a atenção para as condições nos campos e para a falta de hospitais para lidar com um surto.

Desde setembro com acesso limitado à Internet, por imposição do Govenro, os refugiados não conseguem obter a informação essencial sobre o coronavírus, impedindo-os de tomar medidas preventivas.

De acordo com o Expresso, 50 organizações de direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional (AI), enviaram uma carta ao primeiro-ministro do país a solicitar o levantamento das limitações à Internet nos campos.

“Acesso sem restrições a informação via telemóveis e Internet é crucial para retardar a transmissão da doença e salvar as vidas de refugiados, trabalhadores humanitários e a população do Bangladesh em geral. Levantar as restrições permitiria aos profissionais de saúde na comunidade partilhar e receber rapidamente as orientações mais fiáveis e atualizadas, e também ajudaria todo o nosso trabalho de coordenação com os líderes comunitários”, pode ler-se.

“O governo do Bangladesh está numa guerra contra o relógio para conter a difusão do coronavírus, e não se pode dar ao luxo de perder tempo valioso com políticas danosas”, referiu recentemente o diretor da Human Rights Watch.

ZAP //

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